Capítulo 7 - Convite inusitado

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Era sábado e mesmo assim trabalhamos até depois das duas da tarde. Eles continuaram conversando, mas meu trabalho estava terminado, então me troquei e fui andar um pouco pela cidade.

Comi um bagel e tomei chocolate quente na rua e acabei, como sempre, em frente à minha casa dos sonhos. Terminava o último gole do chocolate quente, quando levo um susto ao sentir alguém tocar meu ombro.

- Wow! Adam! Meu Deus você quase me fez ter um treco. Ainda bem que o chocolate quente já tinha acabado, senão teria jogado tudo para o alto!


Ele sorri erguendo as mãos em um gesto rendido.

- Eu estava a sua procura e tive um palpite de que você estaria aqui. Você sempre vem aqui.

- Ah eu amo essa casa! Ei, mas você só me viu uma vez aqui!


Adam faz uma cara de espanto e gagueja um pouco.

- É, é. Isso mesmo. Mas achei que poderia ter sorte de encontrá-la aqui. Nós... ahn... Todo mundo vai para Charleston comemorar o contrato e acho que seria legal você vir também.


O convite me pega de surpresa. Veja bem, eu tenho uma relação excelente com meus chefes e adoro o ambiente de trabalho, mas nunca saí para beber com eles. Demoro um pouco a responder.

- Vamos, Nyv. Vai ser legal. - Ele pede com os olhos cristalinos me encarando. Como se fosse possível dizer não para esses olhos. Ridículo!

- Ahn, ok.


Algumas horas mais tarde Adam e eu chegávamos em um pub da moda. Ele insistiu que eu fosse de carro com ele "para ele não ir sozinho" e acabei aceitando.

O lugar era bem mais chique do que eu esperava, mas acho que não farei feio com o look que eu escolhi. Fui pelo que não tem erro: Calça de couro, cropped soltinho e ankle boots altíssimas para não parecer um gnomo.

Adam me ajudou a descer do carro e caminhou ao meu lado, com uma mão nas minhas costas e a cada passo que eu dava seus dedos esbarravam na parte de pele que o cropped não cobriu, o que gerava uma descarga elétrica pelo meu corpo.. Notei que ele era bem mais alto que eu, acho que quase uns 30 cm se eu tivesse sem salto. Com salto, uns 15cm. Ele não era do tipo atlético, era mais do tipo magro, mas eu sabia que ele malhava, porque afinal era eu quem cuidava da agenda dele.

Resumindo, ele era o oposto de mim. Alto e magro e eu gordinha e baixinha. É, Nyv, sem chance para você... Oi? Chance? Eu disse isso? Manas, preciso de uma bebida. Urgente.


* * *


Antes eu tivesse ficado só mesmo em uma bebida. Agora, depois de umas quatro doses de tequila, meu sangue latino já tinha aflorado e eu estava na pista de dança rebolando ao som de funk americano.

Perto de mim Gael rebolava junto com Charlote. Noah abraçava a esposa por trás e fingia rebolar, mas o príncipe do rock realmente não tinha gingado algum. Matt balançava o corpo ao som da música, mas nem ousava mexer os quadris. Amber não foi convencida a vir até a pista de dança. O namorado até insistiu, mas o olhar assassino dela o calou. Liam também se recusou a dançar e Adam sumiu.

Depois de umas duas músicas senti alguém me abraçar por trás e colar o corpo me encoxando de uma forma bem inaceitável. Tentei me livrar, mas o cara não me soltava de jeito algum.

Foi então que Adam surgiu, sabe-se lá de onde, e empurrou o sujeito para trás. O cara até tentou vir para cima, mas Matt apareceu do lado de Adam e cruzou os braços. Foi o suficiente para ele dar no pé. Não sei se vocês sabem, mas o baterista é tipo um armário só que no melhor estilo lenhador.

Adam me puxou para o canto e passou as mãos nos meus braços, com ar preocupado.

- Ele machucou você? - Perguntou com a voz esganiçada, tentando se sobressair ao som altíssimo.

- Não, eu estou bem. Obrigada, Adam.


Ele balançou a cabeça, mas não me soltou e nem tirou os olhos dos meus.

- Adam, podemos ir embora? - Pergunto em um sussurro.

- É você quem manda Nyv. Vem, vamos para o carro.


De mãos dadas seguimos para fora da balada. Achei que ele soltaria minha mão lá fora, mas apenas solta meus dedos para colocar o casaco em mim e depois volta a segurá-los gentilmente. 

Continua assim enquanto caminhamos até o carro. Abre a porta para mim e com muito receio, solta minha mão ao fechá-la para dar a volta e entrar também.

Adam esfrega os olhos e percebo o quanto está cansado.

- Acho que seria bom parar em uma conveniência para tomar um café ou... - Ele começa a dizer, mas para quando eu estico o braço e seguro sua mão, que estava em seu colo.

- Obrigada, Adam. Eu realmente odeio quando me tocam daquele jeito.

- Ninguém tem o direito de tocar seu corpo sem sua permissão, Nyv. Não importa o quão tentador ele seja.

- O quê? - Pergunto sobressaltada.

- Droga, eu preciso de um café, já estou falando coisas que não deveria. Podemos parar no meu apartamento para eu fazer um café bem forte?


Concordo com a cabeça e ele dá partida no carro. Só quando ele entra na garagem de seu prédio é que eu me dou conta de que ficamos de mão dada por todo o trajeto.

Ciúme de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora