Um céu de esperança

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Um céu de esperança

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Um céu de esperança
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Estouros, grandes e altos provocados por projéteis de bombas caindo sob os prédios já decrépitos. Como se não bastasse a ação do tempo, as bombas finalizavam o serviço. Não havia paz, não havia descanso, não havia amor ou compaixão. Só dor, estouros e poeira.

Quando o pequeno vilarejo iraniano não estava sendo bombardeado, havia o medo. Quando voltariam a haver chuvas de balaços em suas cabeças? Medo. Quanto tempo mais ficariam vivos?

Mais cedo, viu a mãe em pedaços, desmembrada enquanto gritava para levar sua irmã para longe do local, o mais longe possível, sem que soubesse direito para onde correr. Não aguentou virar para trás para olhar o desfecho da mãe. Só correu arrastando a mais nova e o violão pequeno pelo barro seco.

Em um desses momentos de medo, o jovem Arash escalou até o topo de um poste de luz, tentou ver algo, alguma coisa, uma direção, um norte.

Avistou aves em migração, e um avião pequeno mais ao sul, se perguntou por breves segundos se a promessa de seu pai, de retorno, ainda estava válida.
Puxou o violão, sentando a bunda magra no topo do poste de luz, dedilhando conforme a lembrança deixava, uma canção de ninar:

"Feche os olhos, meu bem

Não há nada que possa te assustar

Não há medo que te impeça de sonhar"

Em baixo, apoiada com a testa na madeira, onde sua irmã pequena aguardava, sonolenta, corria uma lágrima pela bochecha morena. Até que dormiu, levada ao mundo do sonho, onde a vida era melhor.

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Um céu de esperança.
Mini-conto participante do Projeto Writing.

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