15 - Aquele do primeiro beijo

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Avisos: Solangelo|Universo alternativo (sem semideuses)

A música do vídeo foi que eu ouvi enquanto escrevia.

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Aos nove anos, Nico di Angelo não pensava em beijos. Tudo que ele sabia é que eram nojentos, e quando eles passavam na TV, você deveria fechar seus olhos - às vezes, colocar a língua pra fora como se fosse vomitar, só pra deixar claro o quanto você achava nojento -.

Aos nove, a maioria das crianças pensava a mesma coisa. Exceto algumas meninas, mas elas eram meio bobas e Nico também não pensava muito nelas.

Aos onze anos, Nico tinha a mesma opinião sobre beijos e meninas. Aos onze, as outras crianças já pensavam diferente. Seus amigos queriam ir pra festinhas com meninas, não jogar mitomagia, porque era ''coisa de criança''. Bom, não era isso que eles eram?. Naquele mesmo ano, Nico descobriu que o menino novo, Will, ainda gostava de mitomagia e não tinha interesse em beijos ou meninas. Will era o amigo perfeito.

Numa tarde quente de verão, os dois tinham doze anos e estavam sentados num banco vermelho de uma sorveteria barata. Haviam algumas garotas tomando milk shakes e assistindo ao filme que passava na pequena televisão do balcão. De vez em quando, elas suspiravam ou davam risinhos envergonhados.

'' Como elas conseguem ser tão bobas? ''. Nico imitou uma risadinha e voltou a se concentrar em acabar o sorvete de morango. Will riu e fitou a televisão.

'' Elas não são tão ruins ''. Will disse, terminada sua análise do que quer que estivesse passando na tv. Nico tirou a colher da boca e levantou uma sobrancelha como se dissesse ''sério?''. '' As risadinhas são meio exageradas, mas o filme é legal ''.

Nico duvidava, mas não era um hipócrita, então se ajeitou de lado no banco para assistir um pouco. Tudo que ele conseguiu entender entre os risinhos irritantes era uma garota que gosta do professor e não quer que o relacionamento do pai dê certo. Em algum ponto, Nico percebe que ela vai beijar o melhor amigo, então ele olha pra Will esperando que eles façam uma careta.

Will também está sentado de lado, com uma colher esquecida na boca e prestando atenção. Ele não parece estar achando ruim, e quando os personagens se beijam, ele não desvia o olhar. Ele ri, não como as meninas, mas algo como aprovação.

Nico não entende.

'' Eca, você tá gostando disso? ''. Will se vira confuso. '' Ah, foi meio fofo. Qual é o problema? ''. Então Nico está indignado, quando foi que seu amigo virou uma dessas pessoas que gosta de beijos?. '' Deixa de ser chato, Nico ''. Então Will estava rindo - rindo dele - e Nico estava meio bravo. Eles mudam de assunto, mas Nico se sentia profundamente traído.

Aos treze anos, todo mundo queria beijar. Os adolescentes perceberam que, se queriam trocar saliva, precisavam levantar a bunda do sofá e fazer algo sobre isso. Foi aí que as festinhas passaram de cachorros-quentes e brincadeiras infantis para refrigerante e paquera. Não era preciso dizer que Nico odiava. Ele já tinha superado a fase de odiar meninas, mas não tinha nenhum assunto com elas - com exceção de Bianca e sua amiga Reyna - mas elas eram mais velhas e não iam a essas festas -. O único garoto que ainda gostava de mitomagia era Will, mas ele era meio ruim e Nico não queria aprender qualquer outra habilidade social pra se enturmar com os outros meninos.

Nos fins de semana, os dois eram convidados pras festinhas (Will porque se dava bem com todo mundo, Nico porque andava com ele), e era sempre um pesadelo. As músicas eram sempre meio idiotas, não tinha cachorro quente e as brincadeiras não faziam sentido. Enquanto todos jogavam verdade ou desafio, jogo da garrafa ou salada mista, Nico ficava sentado num canto com Will, já que esse se recusava a deixá-lo sozinho. No final, os dois sempre acabavam voltando pra casa mais cedo, já que Nico tinha ganhado um videogame que era muito mais interessante.

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