Kasty era uma adolescente de interior quando conheceu Órion, um inusitado garoto. A vida corria bem até que ele se foi, deixando um vazio imenso.
Aos 19 anos, Kasty ainda carrega a dor causada pelo acidente e tenta seguir em frente, mas tudo desand...
"Nós não vamos te curar, vamos ajudar você a se curar".
Foi o que disseram minhas amigas, Ana e Júlia no dia em que mudei para a casa litorânea. Minha tia me presenteou com duas amigas de quarto, que ,para minha surpresa, eram elas. Inicialmente me senti péssima por tê-las afastado após o acidente, me senti culpada e terrível. Mas todos esses sentimentos se foram quando começamos a conviver juntas, dividir as tarefas, estudar e nos divertir.
Nunca me senti mais viva do que nesses 8 messes. Começamos a dar pequenos passos, como fazer algumas amizades e sair para o mercado. Hoje já consigo sair sozinha e fazer alguns trabalhos da faculdade sem me sentir mal. Eu nunca faria isso a alguns messes atrás, mas aqui estou eu pronta para recomeçar.
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O brilho labial acaricia meus lábios, o perfume de pêssego me inebria e sinto meus cílios alongados pelo rímel. Encaro a garota morena no espelho. Seus cabelos, volumosos, são tão escuros quanto suas íris, seu vestido florido destaca a cor de sua pele e seu amuleto, suspenso por um delicado cordão, é o único adorno. Não acredito no que vejo. A muito tempo não me sinto... bonita. A voz de Ana invadindo o cômodo me tira do transe:
_Você sabe que a festa começa de sete horas né? Sei que moramos perto mas você vai se.._Ela para de tagarelar quando me viro e a encaro, procurando aprovação (por algum motivo).
Seus olhos brilharam e sua boca se abre como se pronunciasse um "wow" sem som.
_Talvez seja muito para uma festa na praia, acho melhor eu..
_Para de ser boba, Kas! Você sabe que está perfeita. Agora sai daqui antes que chegue atrasada!_Ela diz me empurrando em direção a porta, me permitindo apenas rir em resposta. ..... A brisa litorânea faz meu vestido farfalhar em minha cocha. Caminho em direção a uma fachada improvisada, com troncos secos de palmeiras fincadas na areia e com uma faixa escrita "Luau da Facul" no topo. Vejo, de longe, uma fogueira e alguns jovens com bebidas na mão, respirando fundo sego nessa direção (na espectativa de que haja alguém conhecido).
Quando atravesso a entrada alguns olhares se dirigem para mim, sinto vontade de fugir, mas, por sorte, Lúcia me puxa pelo cotovelo. Quase me sinto aliviada quando ela começa a tagarelar sobre algum calouro "lindíssimo", mas sou atingida por uma pitada de insegurança quando ela me apresenta a um grupo próximo à figueira.
Ela me apresenta à duas garotas e três garotos. Não consigo lembrar o nome de todos, mas um rapaz (bastante bonito) me pergunta:
_E qual é o seu nome?
Percebo que estou um pouco tensa, a pergunta me pega desprevenida e me sinto uma idiota por não estar prestando atenção.
_Sou Kasty e_Me esforço a dar uma sorriso_é um prazer conhecer vocês.
Acompanhar a conversa é difícil, Lúcia conta sobre alguma fofoca da universidade e os outros acompanham suas futilidades. Nunca gostei muito de falar sobre essas coisas, os meses anteriores me mostraram mais que nunca a importância de aproveitar o tempo ao máximo e eu acho que fofocar é uma perda de tempo.
O rapaz mais bonito, aquele que perguntara meu nome, é o único que, como eu, apenas assente. Nossos olhos se encontram por alguns segundos e me sinto desconfortável, para falar a verdade não olho assim para um cara a muito tempo.
Depende me sinto um pouco desassociada e sufocada, talvez eu tenha dado um passo grande demais. Preciso sair daqui.
_Desculpa pessoal, mas eu estou me sentindo meio mal. Vou dar uma volta e tomar um pouco de ar fresco._Digo usando minha cara sofrida mais convincente.
Eles me dispensam rapidamente e voltam às conversa animada. Eu me apresso em direção à saída, mas resolvo andar um pouco pela beira do mar. Desamarro minhas sandálias e sinto meus pés na água. A sensação é ótima e estou perto a esquecer da sensação ruim da conversa anterior, mas escuto passos atrás de mim. Meu corpo volta à tensão.
_Kasty?_Reconheço a voz do Rapaz Bonitão.
_Ah..Oi.
Ele passa a caminhar ao meu lado.
_Sei que você não estava prestando atenção na conversa, também não sou muito de fofoca._Diz fingindo uma careta de nojo.
Acabo rindo daquilo e me surpreendo por minha reação.
_Aliás, meu nome é Ethan._Olho surpresa para ele, não esperava que ele notasse minha cabeça nas nuvens. _Desculpa, eu nem devia ter vindo aqui.
Suas sobrancelhas se juntam em interrogação e eu rio por ter que me explicar.
_Digamos que eu não sou muito social e eu me mudei recentemente para cá.
Claro que não vou contar sobre a parte mais profunda com um desconhecido!
Sua expressão se alivia.
_Eu também sou novo aqui, então está bem complicado de fazer amizades aqui. Eu vim nessa festa procurar uma garota, talvez você a conheça. Ela tem..._Ele para de falar e de repente tudo fica estranho.
Ele encara fixamente meu amuleto, com total surpresa e choque. Acho que ele só notou por eu estar mexendo nele com os dedos, involuntariamente.
Percebo que estamos longe de mais da festa e antes que eu possa perguntar o motivo de todo seu espanto pequenos feixes de luz começam a sair de suas costas. Uma luz parece nos envolver tão rápido que a única coisa que escuto é a voz de Ethan dizendo:
_A garota é você, Kasty.
E tudo fica branco.
Eta, que é agora que a história começa mesmo minha gente! Não esqueçam da salvar na biblioteca para receber notificações de cada novo capítulo :)