01. You are fired!

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Boa leitura! <3


"Você já se sentiu como se estivesse desmoronando?

Você já quis fugir?

Você se tranca em seu quarto

Com o rádio ligado e o volume tão alto,

Para ninguém te ouvir gritando" — Simple Plan (Welcome to my life)


Point Of View Heather Ward Jones.

Estados Unidos, Califórnia - 14 de Setembro de 2015.

Encaro a minha imagem no espelho.

Passo a mão sobre o meu uniforme, alinhando-o em meu corpo. O mesmo é composto por uma saia lápis cinza acima de meus joelhos, por uma blusa branca social de mangas e colarinho branco junto de um laço preto. Encontro-me vestida como pede o meu emprego. Trabalho em uma empresa onde fabrica inúmeras joias que são enviadas para o mundo todo. Eu simplesmente odeio o meu local de trabalho, todos os dias, acordar para ir ao mesmo, torna-se uma tortura para mim... Mas não tem nada que eu possa fazer já que tenho que trabalhar para manter a mim, minha família e pagar a minha faculdade de jornalismo que tanto sonhei.

― Você precisa desse emprego! ― sussurro, para mim mesmo, ainda mirando a minha imagem.

Por mais que detesto o meu local de trabalho, eu preciso fazer de tudo para me manter no mesmo. Mantenho-me forte por conta de Lucille que está sob os meus cuidados desde que era um bebê de apenas seis meses. Às vezes, por mais exausta que eu esteja, permito-me continuar, pois, sei que ela precisa de mim, já que a mamãe, ou melhor, já que a mulher que nos colocou no mundo, abandonou-nos para seguir a sua vida. Ela nos deixou quando eu tinha apenas treze anos, estava entrando na adolescência e não sabia nada sobre a vida, mas tive que aprender desde cedo. E foi daí que comecei a me virar para sobreviver visto que o meu pai enfiou a cara na bebida, após partida inesperada de minha mãe.

A ida dela deixou todos desestabilizados, afinal, um lar sem uma mãe... Nunca é o mesmo.

Viro as costas, permitindo que os saltos que se encontram em meus pés, façam um barulho ecoando aqui por todo o local. Pego a minha bolsa sobre a cama e ponho ao meu lado, porque agora tenho que ir acordar a minha irmã e isso, às vezes, acaba não se tornando uma tarefa fácil.

Coloco a mão na maçaneta da porta de seu quarto e giro.

Ao entrar em seu quarto, meus olhos logo percorrem o local pequeno, mas é bem aconchegante e lembro-me que o pintei de rosa em uma tarde chuvosa de domingo. Ela com cinco anos, cismou querer um quarto rosa, então comprei uma tinta e eu mesmo pus as mãos a pintar, já que não tínhamos como pagar alguém para isso. Esse episódio aconteceu há dois anos. Hoje ela é uma garotinha de sete anos... Para mim, ela é a mais esperta do mundo e cheia de vida. Mesmo muito pequena estar ensinando-me novas lições todos os dias com o seu jeito meigo que encanta a todos ao seu redor. Muitas das vezes quando eu a olho dormindo, sinto um aperto em meu peito por ver como uma pessoa tem coragem de abandonar um ser tão pequeno desse, tão puro e sem maldade. Até hoje, eu nunca consegui entender como uma mulher ou um homem conseguem deixar o seu próprio sangue para trás.

O abandono é algo cruel.

Crescer sem uma das figuras mais importante das nossas vidas é algo que dói.

― Lucy. ― sento-me sobre a sua cama e passo as mãos por seus fios de cabelos, ouvindo ela respirar fundo e trêmula no final, parece que ela estava chorando. Rapidamente puxa o seu cobertor, cobrindo a sua cabeça.

Renda-se ao Desejo | PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora