𝕮𝖆𝖕.2-𝕿𝖍𝖊 𝖌𝖎𝖋𝖙

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Hadrian•
Meus pés doíam e eu sentia como se as bolhas nas minhas mãos fossem explodir a qualquer momento, já passava das nove da noite e eu não havia saído de dentro do orfanato durante o dia inteiro e uma parte de mim parecia que estava esse contorcendo e rugindo como um animal enjaulado . Eu havia passado o dia todo limpando, os órfãos e as cuidadoras sabiam que era meu aniversário de 5 anos era amanhã e deixaram acumular uma semana de afazeres domésticos apenas para passar os dias que se seguiriam atarefado e não poder aproveitar nada.

Com o passar do tempo certas coisas começaram a acontecer o que só fazia piorar ainda mais a minha situação aqui no orfanato, as fezes eu fazia coisas que eu queria aparecerem do nada ou fazer coisas pequenas flutuarem. Uma vez cortaram meu cabelo extremamente curto porque eu fiz uma tiara de flores para uma garota e ela não gostou, no dia seguinte acordei surpreso ao ver que meu cabelo tinha voltado completamente ao normal. Todas as vezes que isso acontecia eu apanhava das cuidadoras, mas as crianças passaram a ter um medo de mim. O que resultou em menos espancamento, eu acho, na verdade me batiam tanto que eu parei de contar quando ocorria.

Haviam se passado 3 meses desde o "acidente" com a minha perna na sala das caldeiras, felizmente assim como a maioria dos meus outros ferimentos a ferida na minha perna foi rapidamente curada deixando uma cicatriz (um pouco feia na minha singela opinião) por onde a faca havia passado, normalmente ela nunca doía, mas isso não a impedia de me incomodar quando eu passava muito tempo em pé e parado, então nesse exato momento ela estava latejando de dor.

Me joguei na cadeira mais próxima que tinha e comecei a massagear em um ponto especifico da minha canela onde sempre ficava mais dolorido, olhei melancólico para o lado de fora, eu queria estar lá me divertindo ou aproveitando que as crianças estavam em aula de leitura para explorara a propriedade e descobrir algum novo esconderijo, até mesmo roubar alguma coisa para comer.
Soltei um suspiro frustado, me sentia um animal enjaulado e tudo o que eu queria era me divertir um pouco, fazendo um muxoxo de insatisfação me levantei e me dirigi ao meu quarto, demorou um pouco para sobir as escadas, mas finalmente cheguei lá. Passando pela porta instantaneamente levei minhas mãos aos ouvidos tentando desesperadamente abafar o som de camas rangendo e dos gemidos nem um pouco baixos dos poucos casais que estavam fazendo sexo no quarto.

Me deitei na cama tapando os ouvidos com o travesseiro e torcendo para que o dia de amanha fosse melhor.
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O dia seguinte foi pior.

Além de acordar desesperado por conta de um pesadelo, havia uma caixa de sapatos velhos no encosto da cama com um bilhete escrito "feliz aniversário" em letras horríveis. Não pude evitar a ânsia de vomito quando senti o cheiro. Meu ao choque de ver o conjunto de pássaros e ratos mortos lá dentro foi indescritível, eu amo os animais e aqueles haviam sido brutalmente estrangulados e esfaqueados. Percebi que alguns estavam com a cabeça separada do corpo e isso não ajudou e eu acabei vomitando ao lado da cama. Isso acarretou uma série de risos de quem viu a cena,ou seja, todos estavam rindo da minha cara.

O barulho de palmas e risos foi insurrecedor.

E eu entrei em desespero.

Não consegui evitar e saí do quarto as pressas, as lágrimas escorrendo pelo meu rostos. Precisava de ar, precisava do meu jardim. Quando estava prestes a passar pela porta fui barrado por alguém que estava me segurando fortemente. Entre as lágrimas e o zunido que se passava pelos meus ouvidos não pude ver quem era. Meu braço começou a latejar e quando comecei a ser arrastado me desesperei ainda mais. Em um ato não programado balancei minha mão livre com força e fui imediatamente solto. Meu cérebro capitou o som de vidro e algo mais rachando antes de eu correr em disparada para o lado de fora.
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•𝕽𝖔𝖞𝖆𝖑𝖙𝖞•Onde histórias criam vida. Descubra agora