Arrombando o Armário

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Com meus pensamentos a mil, tudo o que consegui foi correr pro meu quarto.

Ouvi Harry se levantando para ir em minha direção, mas Ron dizendo algo que o impediu.

Deitei em minha cama e mesmo com o alto risco sobre minha família, eu só consegui pensar na sunflower e nela sumindo de vez por não estar preparada para lidar com isso.

Comecei a digitar uma mensagem enquanto a raiva fervia em meus poros e lágrimas deixavam os meus olhos trilhando caminhos confusos.

"Sei que você  vai sair do mapa e não vai ver isso até  voltar, mas aconteceu uma coisa... você vai descobrir quem eu sou. Alguém postou nossos witch-mails, por favor não surta.  Por favor sunflower, eu quero que me prometa que não vai desaparecer."

Enviei a mensagem poucos segundos antes de Ron aparecer no quarto, exitante. Olhando pro meu rosto como alguém que não sabia exatamente o que falar.

- E-eu vi!!- disse ele e um sentimento avassalador entrou em meu peito. Meu coração batia forte e eu não sabia o que dizer, ele pareceu perceber pois continuou.- e já denunciei... vão tirar de lá!

- É- é tarde demais.- falei sentindo as lágrimas continuarem rolando pelo meu rosto e um medo profundo passar pelo meu corpo, como um calafrio.- Tem gente que já viu, então... Não importa muito.

Ele olhou pra mim com um olhar de dúvidas e eu sabia exatamente o que ele queria que eu dissese então, respondi.

- É verdade. Quero dizer, não do jeito que ela disse... eu sou bi.

- Ah...- disse ele sem jeito passando a mão na nuca.- e o que vai fazer?

- E-eu não sei!!- falei com a voz trêmula, resultante do choro intenso e da raiva que estava sentindo pela urubu asquerosa.

- Poderia negar...- sugeriu e a raiva de Chang ferveu em minha mente. Ele não poderia estar sugerindo isso por que tem vergonha de mim... poderia??

- E por que Merlin eu faria isso?- Questionei com agressividade, eu não queria fazê-lo mas minha raiva estava me consumindo veemente.- Ronald, eu não me envergonho disso.

- É que você... nunca falou nada.- completou Ronald exitante, eu parecia estar o assustando.- Nem quando Harry me contou.

- OQUE ISSO TEM HAVER? RONALD, DO QUE VOCÊ ESTA FALANDO?- perguntei aos berros furiosamente.

- Desculpa!- falou saindo do quarto como se tivesse visto uma aranha ali dentro.

Eu não parava de receber mensagens, eu não sabia seus assuntos, mas poderia ter alguma ideia e isso só aumentava ainda mais a minha raiva.

Arremessei o aparelho na parede, limpando minhas lágrimas e socando o meu travesseiro enfurecidamente. Eu só queria que aquela merda de travesseiro fosse a merda daquele urubu asqueroso.

Um bom tempo se passou, e eu finalmente decidi descer. Agindo como se nada tivesse acontecido, mesmo com olhos e face vermelhos de tanto chorar.

Cheguei na sala onde todos estavam abrindo seus presentes enquanto Molly e Arthur, meus pais, sorriam felizes para a cena.

- Filha, aqui.- falou minha mãe entregando um presente em minhas mãos.

Estava dentro em uma caixa dourada com detalhes perolados. Abri querendo ver o que tinha ali. E mesmo sem humor, sorri para meus pais em agradecimento, que retribuiram o ato.

- Oque é?- perguntou Harry curioso.

- Fones de ouvido sem fio para usar com o smartwitch.

-Gosta dele assim?preto?- Perguntou meu pai dessa vez, tentando entender o motivo da minha infelicidade em um dia tão especial.

-Ahm eu adoro.- disse dando mais um sorriso de agradecimento.

Pensei se eu devia sair do armário ali, aproveitando o momento antes que eles soubessem por outra pessoa. Pensei se era a coisa certa a se fazer enquanto lágrimas voltavam a se formar em meus olhos. Aceitei que hora ou outra eu teria que falar sobre isso, então busquei coragem em cada estrutura celular que eu tinha e comecei:

- Na verdade, queria falar com vocês sobre uma coisa.- falei olhando em direção aos meus pais.

- Oque é?- perguntou minha mãe com um daqueles sorrisos aconchegantes que valia quase como um abraço. E eu estava precisando disso, de um abraço.

- Er- eu...- comecei sem saber como falar.

- Ahmm vou adivinhar.- falou Jorge com um sorriso brincalhão.- Você tá grávida?- meu pai arregalou os olhos pra pergunta, Mas Jorge continuou.- Melhor, Você engravidou alguém... Eu sabia. Eu sabia, ela tá com aquele brilho no olhar.

- Não...- falei com minha mente circulando em paradoxos complexos, e lágrimas voltando a cair.- E-eu... eu sou Bi. Bissexual.

- Querida...- brandou Molly surpresa.

- Eu não quero que vocês pensem nada diferente p-por que eu... e-eu ainda sou eu.- falei sentindo ainda mais aperto em meu peito.

- É claro que é você, Ginevra.- Completou meu pai dessa vez.

- então você é Bi... qual dos seus namorados te transformou?- perguntou Percy insensivelmente.- foi o de monocelha ou aquele com espinhas que pareciam vulcões na cara?

- Ah tenha dó, Percy.- Xingou Rony.- Não consegue calar a boca?

- humhum- pigarrou Harry, com sua face mais palida do que a minha, se isso era possível.- E-eu também!!

- Você  também...- Resmungou Fred sem entende-lo.

- Também sou bi...- Terminou indo pro meu lado com sua face presa em espanto e medo. Os Weasleys, também eram como a família de Harry. Então não era de se protestar, ele ficar tão apreensivo quanto eu.

- Alguém mais?- perguntou Percy com uma expressão estranha. Todos olharam pra ele com olhares ameaçadores, o xingando mentalmente.

Terminamos a cerimônia de presente em um clima um tanto estranho.

Dormi me sentindo triste porém aliviada.

O resto  do feriado, passou normalmente. Ninguém ousara tocar no assunto novamente, eu estava feliz por isso. Potter também parecia gostar desse fato.

Logo o ano novo chegou e eu não tinha recebido nem se quer uma mensagem de sunflower, o que apertou meu coração. "Ela iria sumir?" Pensei batendo em Cho Chang mentalmente por vazar os witch-mails.
Entrei na seção te notas, começando a escrever uma mensagem para a garota.

"Cara sunflower,
Feliz ano novo!!, não tive notícias suas então vou imaginar que é por que não tem sinal.
Me assumi pra toda minha família no Natal. Não foi muito ruim. Evitei meus amigos por todo feriado... por vários motivos. A mudança é cansativa, parece que não tem lugar pra me esconder de toda essa novidade. Menos aqui, com você. Então por favor me escreve assim que conseguir uma barrinha de sinal.
Com amor,
Ginny."

Vesti minha roupa e sem o menor ânimo, desci pra passar a virada com minha família. Dei um abraço em todo mundo.

Tudo estava ruim pra caramba, o que me confortava era o fato de que não podia piorar... né?

Com Amor, Ginny. Onde histórias criam vida. Descubra agora