Um Aventureiro Iniciante - 3

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Parte 3

  Uma extensa caminhada, cerca de 1 hora de trajeto, desde a Igreja até a cidade de Eleanor. Pessoas de sociedades não tão desenvolvidas eram bem impressionantes, afinal Amélia era capaz de realizar este percurso todos os dias tranquilamente assim como outras pessoas iam ainda mais além, ou talvez fosse apenas Neru que não tivesse quaisquer aptidões físicas.

  Depois de declarar seu desejo por ser um aventureiro, a clériga o encorajou a seguir em frente e disse que pessoalmente o ajudaria e lhe daria um conjunto inicial. E após várias negações por achar exagerado ela fazer tanto por ele, acabou tendo de ceder e aceitar. Um conjunto inicial era algo muito importante, pois a maioria das pessoas apenas compra uma arma e tenta obter o resto depois, aos poucos. Entretanto, o lucro de aventureiros iniciais era bem baixo, então para compensar precisavam executar várias missões de uma vez, tornando o trabalho exaustivo e pouco produtivo.

  Após percorrerem toda a descida da colina e uma rudimentar estrada de pedras, a dupla chegou aos portões da muralha. Sendo esta uma capital tão mal posicionada territorialmente, viajantes não eram bem recebidos e mesmo com aprovação ainda sofriam uma certa desconfiança dos residentes. Por sorte do jovem, a simples presença de Amélia ao seu lado foi o suficiente para convencer os guardas de que ele não deveria ser alguém potencialmente perigoso. Ninguém jamais duvidaria do julgamento de uma Santa de Aurora em Eleanor.

  Quando os portões se ergueram, um mar de pessoas e construções inundou a visão de Neru, que se conteve para não chorar de empolgação. Pessoas de todos os tipos, brancas e negras, adultos e crianças, armadas ou não. Roupas bem exóticas, armaduras de placas de aço, lindos vestidos. Atraindo a atenção da massa de pedestres, haviam numerosas barracas dos mais variados tipos. Comida, armas, roupas, antiguidades e atrações.

  Enquanto caminhava, seguindo a freira que andava a sua frente, Neru começou a tentar decorar pontos de referência. Até porque, se perder em uma cidade tão grande não deveria ser muito difícil.

"Aqui, chegamos" Avisou Amélia, enquanto apontava para uma loja ao virarem uma esquina.

  Depois de, incrivelmente, quase ser atropelado por uma carroça a todo vapor pela estrada pavimentada, Neru avistou o local indicado. As portas estavam abertas e dava para sentir o calor emanando daquele lugar aparentemente escuro, cuja humilde placa acima dizia Anehan O Ferreiro.

  Sem pestanejar, o garoto seguiu sua guia e eles adentraram a loja. O lugar era iluminado por velas, além do brilho de uma grande fornalha nos fundos, onde era possível ver um homem barbudo forjando uma espada.

  O curioso careca de barba espessa, enquanto dava suas marteladas com toda força, reparou na chegada de visitantes e parou para saudá-los.

"Sejam bem-vind--- Oh Amélia! Sabia que viria, tenho muito a agradecer a você e..."

  Os olhos do ferreiro caíram sobre o garoto. Neru estavam distraído observando a espada sendo lapidada e os outros produtos nas prateleiras, de modo que custou a perceber a conversa que se desenrolava.

"Bom dia, Anehan. Ah este é Neru."

"Neru!! Sim, este só pode ser o menino dos boatos"

Ei pera, que boatos?!

  Anehan, ainda de avental, largou seu martelo e veio cumprimentar o garoto devidamente. Ele retirou uma das luvas e apertou sua mão, para ele aquilo não era apertar forte vale dizer. Mas foi o suficiente pare o garoto sentir dor...

"Prazer Anehan Brittagar, sempre que precisar de algo forjado, à seu dispor"

"P-Prazer, Neru"

  Com as mãos na cintura, o ferreiro pareceu se lembrar de algo complicado e suas palavras saíram com um certo pesar.

Random Hero - A Lenda do HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora