Um Aventureiro Iniciante - 4

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Parte 4

  Um grande salão recheado de mesas e pessoas de todos os tipos, desde feiticeiros em seus mantos de inscritos antigos à espadachins selvagens com intimidadoras montantes nas costas. Alguns enchiam a cara como se este lugar fosse um bar, outros discutiam seriamente com seus companheiros táticas a serem seguidas. Esta era a Guilda de Aventureiros.

  Através de suas largas portas, uma dupla incomum surgiu. A primeira pessoa só poderia ser descrita como "Luz", pois seu vestido e seus cabelos brancos emanavam pureza e ternura aos olhos de todos, e qualquer um daquele lugar a conhecia. Amélia, apesar de atuar como aventureira não era uma de fato, pois só realizava o papel de suporte em missões alheias, de modo que seu ranking seria o mais baixo. Obviamente, muitas outras pessoas tentaram se aproximar dela para formar uma party, mas ela sempre rejeitou deixar esta condição acreditando que não seria útil em um combate.

  Entretanto, pela primeira vez havia alguém junto a Amélia, e ele rapidamente chamou a atenção de todos na guilda. Usava uma vestimenta completamente negra, com grevas e botas lustrosas além de um par de espadas longas bastante incomuns. Seu capuz escondia seu rosto um pouco, mas pelos cabelos negros e sua companhia alguns o reconheceram pelos boatos.

O garoto que transformou uma Escarlate em pedra.

  Neru e Amélia foram atendidos por uma das recepcionistas no longo balcão de mármore, e lá receberam um bracelete cada um, os quais tinha uma pequena pedra de bronze encrustada. Nisso, algumas pessoas começaram a soltar pequenos gritos de exclamação, pois significava apenas uma coisa. Eles eram agora um time, e mais do que isso...

"Iniciantes hein..." suspirou Neru.

"Bem, eu nunca realizei uma missão então nunca fui uma verdadeira aventureira. Mas veja o lado bom, poderemos aprender a fazer isso juntos!"

  Com um olhar meio decepcionado, o jovem teve de concordar com a típica expressão otimista em Amélia. E ela tinha razão, assim como ele, Amélia não tinha nenhuma experiência em uma missão, ela apenas curava as pessoas quando requisitada e por isso jamais poderia receber ranking. Da mesma maneira que Neru derrotou um poderoso monstro sem ter sido reconhecido pela guilda, tornando assim seu ato heroico em nada para ser levado em conta.

"Você tem razão. Até porque, mesmo se tivesse um teste de capacitação para subir de ranking imediatamente eu não conseguiria passar mesmo..."

  Os rankings da guilda eram apenas para separar os experientes dos novatos, por isso era normal alguém poderoso ter de realizar tarefas irrelevantes para provar sua capacidade, e não sua força. Ser forte para derrotar um Ogro, não era a mesma coisa que ser experto para lidar com uma horda de Goblins em campo fechado. Suas divisões eram Bronze, Prata, Ouro, Platina, Diamante e Zeranite, sendo Zeranite o ranking mais prestigioso entre os aventureiros, tendo sido entregue apenas a três aventureiros na história.

  Tendo recebido suas designações como ainda meros Bronze, os dois caminharam até um largo quadro de madeira, com incontáveis notas de papel penduradas com pregos. Um quadro de missões.

Apenas ver isto já me deixa empolgado! Mal posso esperar para testar essas belezinhas aqui.

  Depois de adquirir seu equipamento, Neru se deu conta de que seu físico era um lixo. Como ele demorou para perceber, não acha? Por serem katanas, talvez, não eram tão pesadas mas um pouco complicadas de manejar. As grevas e as botas diminuíam bastante sua movimentação, de maneira que ele poderia se cansar fácil e até perder o equilíbrio em uma luta.

  Por ter consciência de sua fraqueza, o garoto começou uma série de exercícios físicos e treinos com as espadas. Naturalmente, isto não traria resultados tão cedo e sim apenas depois de bastante dedicação e pontualidade, mas era o máximo que podia fazer por enquanto.

"Destrua uma horda de Undeads, intercepte o tráfico de escravos na fronteira, encontre salas secretas na Dungeon de Laramenór... Tem muitos tipos de missões hein. E pensar que eu apenas os auxiliava, cuidando dos feridos"

  Enquanto lia as missões no quadro junto de Amélia, que estava maravilhada com o tanto de pessoas que poderia ajudar não necessariamente curando-as, Neru confirmou algo importante.

  Eu consigo falar e entender a linguagem das pessoas deste mundo, ao mesmo tempo que consigo ler o que está escrito, mas... Estas letras, isso não é nem sequer um idioma do meu mundo, mas eu consigo ler apesar de não ser capaz de escrever. É como se eu fosse uma espécie de tradutor ambulante.

  O jovem havia feito alguns experimentos desde o outro dia em que veio a cidade, e um deles foi o da escrita. Quando escrevia em sua língua, Amélia não entendia, mas ele conseguia ler o que ela escrevia mesmo não conhecendo aqueles caracteres estranhos. Sua teoria era a de que, a pessoa que o invocou colocou algum tipo de magia de tradução nele ou algo assim.

  Mesmo ainda intrigado com estas questões, Neru se convenceu de algo ainda mais importante enquanto olhava para as missões. Importante a ponto para fazê-lo se apoiar no quadro, triste com este acontecimento óbvio demais para um aventureiro iniciante.

"Neru, oque foi?"

  Parecendo uma criança que não iria ganhar seu brinquedo no Natal, o menino virou seu rosto para Amélia.

"Você ainda não percebeu? Todas as missões atuais do nosso ranking... São de coleta de ervas"

Eu já devia estar esperando por isso. Ser iniciante sempre é um saco... 

Random Hero - A Lenda do HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora