Entre a Chuva e o Âmbar

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O que dizer das notas de âmbar dos livros,
Das páginas amarelas em contato à semiluz vespertina;
Dos sentimentos, dos momentos de lágrimas e sorrisos,
Que transcedem a matéria tal como o sol à cortina.

Para outro âmbito;
Escuro, sombrio e escôndito.

Guardado à sete chaves em calabouço;
Com grades, dilatadas pelo calor e moralidade;
De uma vida, cuja realidade pautada em sobriedade,
Jamais deu asas ao simples espectro dançante ou esboço.

Daquela que respirara o mesmo âmbar,
Mas era incapaz de sentir a fragrância das rosas;
A não ser, daquelas cultivadas em teu próprio jardim.
Daquela mesma, a que figuras gloriosas
Nada mais eram que peças de ficção ou mesmo regressão do estopim.

O adocicado do âmbar com o tempo se esvai,
E toma o seu lugar, o líquor que preenche o âmago terrestre,
Com volupiosos espirais.
A aparência campestre,
tampouco agreste,
É de fascínio,
Mas tua recordação, ainda sim, um delírio.

O doce das lágrimas do céu não é por si só eterno,
Nem tampouco por qualquer outro.
A eternidade (o açúcar) é o próprio inverno,
Que vai de encontro ao meu coração deserto.

Com essas páginas rabiscadas e rasuradas,
Só espero tocar a quem não sejas tocado.
Dos que tiveram por semelhante razão imaginação privada,
Um chamejar, de um novo sentimento que ainda há de ser sublimado!

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