Capítulo 10

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Já haviam 2 dias que não via Adua, e que mal a respondia no WhatsApp desde a chegada de Giuliano. Mandar qualquer coisa pra ela sabendo que ele estava ao seu lado, me dava raiva. Ainda mais sabendo que ela podia estar com um anel de noivado em seu dedo nesse exato momento. Pelo menos ainda não tinha recebido nenhuma mensagem falando de pedido de casamento, ou visto alguma foto, então talvez ainda não tivesse acontecido. Era tudo que pensava o dia inteiro. E também no fato dela ainda não ter tentando marcar o encontro que ela planejava. Já havia pensado em várias desculpas que eu daria para negar o convite, mas no fundo estava aliviada de não ter tido que usar nenhuma por enquanto.

Estava também a evitar olhar em seu instagram a todo momento, e como se ela tivesse escutado meus pensamentos, no momento em que pensei em abrir o aplicativo, ela me ligou. 

-Dayane? - Sua voz doce do outro lado da linha me fez sorrir imediatamente. 

-Oi. - Normalmente eu usava palavras carinhosas para responde-la, mas sem saber se seu namorado estava por perto ou não, preferi ser curta na resposta. 

-Como está?

-Bem, e você?

-Bem também. Feliz.

-Que bom. - Evitei perguntar o motivo.

-Você sumiu completamente... - Ela disse com uma voz triste, após ficarmos alguns segundos em silêncio sem assunto para conversar, algo que nunca acontecia.

-Não sumi, só estou te dando espaço.

-Espaço pra que? - Ela respondeu subitamente. 

-Para aproveitar seu namorado ué.

-Mas eu posso aproveitar e ainda ter você por perto. Eu sinto sua falta, gosto de conversar com você.

-E eu com você, mas você tem uma companhia mais importante, não posso ficar em cima.

-Não fale assim, você também é importante.

-Mas não mais que ele. Sou apenas sua amiga, Adua, ele é seu namorado, noivo, sei lá. - Mudei o tom da minha voz, a frustração claramente tomando conta das minhas palavras no momento.

-Dayane, o que foi hein? Está brava comigo por alguma coisa? - Ela também foi mudando o tom de voz.

-Brava não, mas esquece, isso não importa agora, não quero estragar seu momento.

-Como assim? Já estragou né, fica me escondendo as coisas assim, como sempre.

-Ai, esquece, sério, não é nada demais. Vá curtir seu noivo. - Respondi claramente irritada. 

-Namorado, Dayane, ele não me pediu em casamento, isso foi uma hipótese sua, eu nunca achei realmente que ia acontecer.

-Tanto faz, ele continua sendo ele, e eu continuo sendo apenas eu...

-Não estou te entendendo, Dayane.

-Esse é o problema, você não consegue entender o que está bem na sua frente.

-Dayane! Me fala o que foi?! Ou vai ficar jogando indiretas imaturas? - Ela disse brava, e antes que pudesse responder, ela continuou. - Aliás, você sempre faz isso, guarda as coisas pra você e eu tenho que ficar igual uma idiota tentando te decifrar. Eu reconheço pelo tom da sua voz que tem algo errado, mas você não pode querer que eu simplesmente adivinhe o que é! 

-Eu não guardo nada pra mim, o que eu tinha pra falar eu já disse, Adua. Não quero estragar seu momento. Não sei nem porque me ligou. Vá curtir sua companhia. Por favor, esquece de mim enquanto ele estiver aqui. - Não estava no clima de discutir com ela, então tentei logo encerrar a conversa.

-Eu não acredito no que estou ouvindo. Você as vezes parece uma criança de tão irritante.

-Eu sempre fui assim, não é agora que vou mudar.

-Ai, tá bom, Dayane, tá bom. Não devia ter te ligado mesmo. - Ela desligou o celular imediatamente. 

Me joguei no sofá e soltei um suspiro de frustração. E sem pensar, num ato de raiva, bloqueei seu instagram para que não corresse o risco de ver fotos dos dois juntos.

As palavras de Adua me deixaram pensativa pelo resto do dia. Eu sabia que guardava muita coisa comigo, mas eram coisas que não podia simplesmente contar, principalmente nesse momento. Não só o fato de eu ter sentimentos por ela, mas também sobre o que eu achava de seu relacionamento. 

*

Resolvi convidar Selva e alguns amigos para sair, precisava me distrair o mais rápido possível. Combinamos de nos encontrar em sua casa primeiro para irmos todos juntos. Havia um tempo que não saía para curtir a noite de Milão, então a ideia de beber e dançar me deixou animada. Coloquei um vestido curto preto, o salto alto mais bonito do meu guarda-roupa, uma maquiagem não muito pesada, meu perfume preferido e fui para a casa de Selvaggia encontrar com o resto das pessoas.

Chegando lá, já haviam bebidas me esperando, e tratei logo de fazer um drink para mim. Conversei um pouco com Selvaggia, que logo de cara percebeu que eu estava brava com algo, e me disse que esta noite não me deixaria pensar em nada além de me divertir. Esperamos todos chegarem, e antes de sair, brindamos pela noite com um shot de tequila e logo em seguida pedimos 2 Ubers para nos levar ao centro da cidade.

A fila para entrar na balada era um pouco grande, mas como eu, Selvaggia, e alguns amigos que estavam com a gente éramos figuras públicas, os seguranças logo nos deixaram passar. E assim que entramos, fomos direto para a pista de dança, enquanto outros se direcionaram ao bar. Eu simplesmente amava dançar, qualquer estilo de música, era um dos momentos em que mais me sentia livre. Dancei com Selva, e com algumas pessoas que estavam ao nosso redor, e resolvi ir ao bar também para pegar outro drink. E foi quando me aproximei do bar que tive vontade de sair correndo para fora. Adua estava lá com seu namorado. Eles estavam de costas, mas eu a reconhecia de qualquer posição, qualquer ângulo. Voltei correndo para a pista para chamar Selva, e a puxei em direção ao banheiro para conversar com ela sem a música ensurdecedora nos atrapalhando. 

-Que foi mulher? - Ela disse assim que tranquei a porta.

-Ela tá aqui Selva, que inferno! - Coloquei as mãos no rosto.

-Ela quem? 

-Beyoncé! - Disse sendo completamente sarcástica, a fazendo rir. - A Adua né! Quem mais me deixaria desesperada assim!

-E porque você não foi falar com ela? - O efeito do álcool deixava Selva um pouco lerda no raciocínio. 

-Porque a gente brigou Selva, só não brigamos mais feio porque foi por telefone e ela desligou na minha cara. E o namorado está aqui também.

-Eita... - Ela olhou para mim preocupada, tomando um gole da sua bebida antes de me responder. - Quer que eu arranje uma briga de bar com ela pra ela ser expulsa daqui? - Ela disse séria. Eu ri e balancei a cabeça.

-Eu quero me enfiar num buraco isso sim.

-Ai Dayane, quer saber. - Ela disse pegando na minha mão e me entregando sua bebida. - Foda-se os dois! A noite é sua hoje! - Ela jogou as duas mãos para cima enquanto eu terminava sua bebida e devolvia o copo vazio. - Vaca! - Nós rimos.

-Tem razão, foda-se os dois. Venha, vou te pagar outro drink. - Demos as mãos e fomos novamente em direção ao bar, mas dessa vez na outra ponta, para ter certeza de não esbarrar com eles por enquanto.

Eu sabia que a qualquer momento ela iria me ver, então tratei logo de tomar outro shot, pois quando o momento chegasse, queria estar bem bêbada para não lembrar no dia seguinte. E assim que coloquei o copo de volta na bancada e me virei, Giuliano estava passando. Ele parou na minha frente, me encarou com uma cara séria e estendeu a mão para me cumprimentar. 

-Dayane? - Ele perguntou, enquanto eu apertava sua mão de volta.

-Sim.

-Giuliano, namorado de Rosalinda.


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