Capítulo 7

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-Selvaaa!! - Gritei e corri para abraçá-la. Não nos víamos desde aquele evento, e isso já era motivo suficiente para eu sentir um pouco de saudades. 

-Oi sua doida. - Ela me respondeu do seu jeitinho de sempre, retribuindo o abraço. - Oi, prazer, Selvaggia. - Ela disse enquanto se desvencilhava de meu abraço, esticando a mão para cumprimentar Adua.

-Prazer, Rosalinda. - No mesmo momento Selva me olhou confusa.

-Adua é só para os íntimos. - Eu brinquei.

-É mentira dela. - Adua disse rindo, e explicou para Selvaggia sobre seu nome artístico. 

-Bom agora que sabemos de todos os nomes envolvidos, vamos comer logo que estou faminta. - Eu disse enquanto abria a porta do restaurante para as duas.

***

-Ela é doida assim mesmo? - Adua olhava em direção à Selva com um sorriso.

-Amor, você não viu nada ainda, se eu soubesse quem realmente era Dayane Mello no dia que nos conhecemos, teria corrido na hora.

-Então eu ainda tenho tempo. - Elas riram e olharam para mim.

-Continuem. - Eu gesticulei com as mãos. - Tá lindo, vai. - Disse com um tom de ironia, bebendo mais um gole do meu vinho.

-Até continuaria, mas preciso ir ao banheiro. Com licença. - Adua disse, e se levantou da mesa.

Na mesma hora, Selvaggia segurou meu braço e veio mais perto de mim.

-Amiga, você não tinha me avisado que ela era tão bonita assim.

-Eu achei que você soubesse quem ela era. - Selvaggia assistia mais televisão do que eu.

-Eu devo ter a visto uma vez ou outra, mas nunca reparei no seu rosto assim. - Selvaggia era hetero, mas nunca teve problemas em elogiar mulheres, inclusive fora assim que nos conhecemos, em uma sessão de fotos alguns anos atrás, onde ela não parava de me elogiar. - Mas ela parece ser toda certinha, deve estar nos achando duas surtadas. 

-Talvez ela tenha pulado da janela do banheiro pra escapar de verdade. - Lembrei das duas dizendo que queriam correr de mim.

-Bem provável. - Rimos uma da outra, enquanto Adua voltava para a mesa.

-Estávamos rindo de você. - Selvaggia era a típica pessoa que não segurava a língua, e éramos muito parecidas nesse quesito, então entrei na brincadeira.

-Achávamos que você estava pulando a janela pra fugir da gente.

-Nunca faria isso, eu sairia pela porta da frente mesmo. - Ela entrou na brincadeira e nós 3 rimos juntas.

-Uau Dayane, ela é mais afrontosa que você. - Selva olhou em minha direção.

-Tá vendo, sempre tem alguém pior. - Pisquei para Adua. - Mas quando estávamos sozinhas não estava sendo tão debochada. - E fomos interrompidas com o celular de Adua tocando.

-É Giuliano! - Ela disse animada. - Vocês se importam se eu for lá fora atender? - Dissemos que não, e Adua, com um sorriso enorme no rosto, atendeu a ligação. - Oi meu amor! - Disse enquanto levantava da cadeira.

Selvaggia e eu ficamos em silêncio por alguns segundos, as duas olhando para Adua, até que ela disse.

-Pra onde ele foi mesmo?

-Viajar o mundo acompanhado dos amigos. - Respondi.

-Hm. - Ela apenas murmurou, sem demonstrar muito interesse no assunto. - Vai ver a Sofia hoje?

-Só por ligação, hoje é dia do Stefano ficar com ela.

-Ele está bem? - Selvaggia conhecia Stefano apenas por eventos e nos aniversários de Sofia.

-Sim sim, ele está ansioso para a chegada do irmãozinho de Sofia. - A mulher de Stefano estava grávida e a qualquer momento poderia dar à luz.

-E Sofia, como está com o momento quase chegando?

-Nossa, ela tá impaciente já, me perguntou se ela demorou tanto assim pra chegar, e quando eu falei que sim, ela me pediu desculpas. - Nós duas rimos, e antes que pudéssemos continuar a conversa, vimos Adua retornando.

Quando ela voltou para a mesa, sua expressão já não era mais a mesma de quando havia atendido a ligação. Tive vontade de perguntar se estava tudo bem, mas talvez ela não ficaria confortável de dizer com Selvaggia presente. 

-Vamos pedir a conta? - Disse para quebrar o silêncio. As duas concordaram. 

-Você que vai pagar né Day? - Selva brincou, talvez percebendo a mudança de clima na mesa.

-Até pagaria, mas infelizmente esqueci seu cartão em casa. - Eu provoquei de volta e olhei em direção à Adua para ver se havia conseguido arrancar um sorriso de seu rosto. Ela estava sim sorrindo, mas ainda com o olhar meio distante. 

Eu e Selvaggia resolvemos dividir um Uber, pois morávamos perto, e antes de me despedir de Adua, resolvi acompanha-la até seu carro, enquanto Selva esperava pelo motorista em frente ao restaurante. Elas se despediram, e fomos em direção ao estacionamento. 

-Obrigada pelo convite, adorei a companhia. - Ela disse enquanto abria a porta.

-Você está bem? - Resolvi perguntar.

-Estou sim, apenas me deu saudades dele. - Percebi que não era uma resposta 100% honesta, mas não queria insistir muito no assunto.

-Então tá, obrigada por vir, espero que não tenha se assustado comigo e Selva, somos doidas assim mesmo. - Sorri em sua direção, e ela sorriu de volta.

-Eu amei, de verdade.

-Ah, antes que eu me esqueça, me passa seu número, assim não precisamos mais conversar pelo Instagram. - Trocamos os contatos e ouvi Selvaggia gritando de longe que o motorista havia chegado. Dei um abraço rápido em Adua, e sai correndo para a frente do restaurante, ouvindo sua risada de fundo.

Selvaggia foi deixada primeiro, e no caminho para meu apartamento, fiquei pensando na mudança de expressão de Adua após a ligação de seu namorado. Se aquela mudança repentina fosse mesmo saudades, não acho que ela teria demonstrado tanto assim, tão rapidamente. Ou eles tinham brigado de novo, ou ela escutara algo que não queria. De qualquer maneira, era assustador como seu humor mudara tão repentinamente com uma ligação de 5 minutos. Mas ela realmente parecia ter se divertido comigo e com Selvaggia. Talvez eu devesse passar mais tempo com ela, para que pudesse a distrair da saudade que sentia do namorado. Talvez eu fosse usar essa desculpa para mim mesma para poder ve-la novamente em breve. 


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