Two

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Quando comprei o ingresso para o show não fazia ideia de que conseguir chegar lá seria algo tão complicado. Tão estressante.

Eu me estressei com absolutamente tudo. Com a compra das passagens, com a arrumação das malas, com o embarque e com o desembarque também. Até mesmo com o vôo, eu me estressei. Sentei ao lado de uma senhorinha que, inicialmente, parecia ser um amor de pessoa mas ela logo se revelou ser alguém muito incoveniente. Que maravilha!

O tempo todo me perguntei porque eu tinha que morar tão longe de São Paulo e porque Harry não poderia marcar um show no estado em que moro. Eu queria só um pouco de facilidade.

Sei que todo o estresse valeu a pena quando me vejo agarrada a grade apenas esperando a entrada do meu grande ídolo. Eu estava cansada, me sentindo suja e quase sem voz pelo tanto que já tinha gritado.

Mas tudo foi esquecido no momento em que ele entrou. Nos primeiros segundos dele no palco, eu já não lembrava mais que estava cansada. 

-Boa noite, São Paulo! – ele fala em português e seu sotaque faz meu coração se derreter de tanto amor. - Que saudade. - As pessoas gritam em puro êxtase. Eu chorava de felicidade e gritava o nome dele como se a minha vida dependesse daquilo e como se ele fosse me notar. Talvez no fundo eu quisesse que ele me notasse, mas eu sabia que aquilo era impossível.

-Tudo bem? Beleza? - sua animação aumentava a cada palavra que ele pronunciava corretamente.

-Meu Deus, ele é tão lindo. - uma garota que estava a meu lado suspira. É, amiga, ele é sim.

-Alguém aqui não é do Brasil? - Harry pergunta com seu sotaque britânico e eu ainda não consigo acreditar que estou aqui. - De onde você é? - ele pergunta quando alguém do outro lado da plateia levanta o braço.

-Brasil. - A pessoa responde fazendo todo mundo rir.

-Oh, Brasil. - Harry o olha com uma expressão divertida em seu rosto.

-Você é gostoso pra caralho. - alguém grita pra ele que faz uma expressão de indignação fazendo a plateia rir.

-Isso é um show de família. - a multidão vai a loucura ao ouvir essas palavras. -Ou não? - ele faz uma expressão maliciosa arrancando mais gritos dos fãs, o que o faz rir.

Ele começa a cantar e o meu coração parece que vai explodir de tanto amor. Me questiono se ele é realmente humano. Ele é perfeito.

Talvez eu esteja ficando louca, mas tenho certeza que ele me notou. Nossos olhares se cruzaram durante Kiwi e ele sorriu. Sim, ele sorriu. Isso não pode ser coisa da minha cabeça, não é possível. Eu sei que parece coisa de fã adolescente que acha que vai viver um romance com o ídolo, mas não é possível que eu esteja vendo coisas.

Quando a música acaba, Harry volta a interagir com os fãs.

-Você é de São Paulo mesmo? - ele tira o microfone do pedestal e vem até mim, levo alguns segundos para assimilar que ele realmente está falando comigo. Qual a probabilidade de eu desmaiar aqui mesmo? As pessoas que estão ao meu redor gritam loucamente tentando chamar a atenção dele.

-Não. - foi difícil responder, quase esqueci como se fala em inglês.

-Quando chegou?

-Há dois dias. - grito pra ele.

-E quando volta? - ele sorri pra mim e me olha atentamente esperando minha resposta.

-Em dois dias. - respondo e uma expressão surpresa toma conta de seu rosto.

-Viagem longa, hein? - ele ironiza e ri -Qual o seu nome?

-Anna

-Oh, Anna. - ele cantarola o refrão de sua música me fazendo rir. Sério como eu ainda estou viva?

-Anna, muito obrigado por ter vindo ao show hoje e espero que você curta bastante. - ele fala voltando para o centro do palco e colocando o microfone no pedestal.

-Eu te amo. - grito em português pra ele que me mostra um lindo sorriso com covinhas em retribuição.

Duas músicas depois, Harry faz uma pausa rápida para falar com o pessoal da banda. Ele lança um sorriso divertido em minha direção e pega um violão.

-Essa música não faz parte do repertório mas resolvi cantá-la em homenagem a nossa amiga Anna. - ele aponta pra mim.

Que legal, ele vai cant...

Espera.

O QUÊ? Ele tá dedicando uma música pra mim?

Sim, ele está. Os Primeiros acordes de "Anna" começam e nesse momento sou extremamente grata pelo nome que tenho. Harry leva a plateia a loucura com essa música. Seus olhares sugestivos e sorrisos maliciosamente discretos enquanto canta me fazem questionar quais são os seus pensamentos neste momento. Ele não parece estar fazendo isso apenas por simpatia, parece que tem algo mais. Meu coração acelera a cada olhada, cada sorriso e, talvez seja exagero de dizer, cada movimento dele por menor que seja.

"Eu não quero sua simpatia mas você não sabe o que você faz comigo. Oh, Anna!"

Essa parte foi cantada com bastante intensidade e ele fez questão de olhar pra mim com um belo sorriso em seu rosto quando cantou "Oh, Anna!". Não acredito que isso está acontecendo mesmo comigo. Isso é muito mais do que eu jamais pude imaginar.

"Bem, acho que seria legal se eu pudesse tocar o seu corpo."

Seria possível que Harry Styles, Harry fucking Styles, realmente estivesse flertando comigo? Ele cantou essa parte da música como se só existisse nós dois nesse estádio.

Meus olhos passeiam por todo o corpo dele tentando guardar na memória cada pequeno detalhe. Eu não achei que fosse possível mas ele é ainda mais lindo pessoalmente, parece um anjo.

-É, amiga, você zerou a vida. – Uma garota que está atrás de mim comenta. Eu estava tão encantada, tão hipnotizada com o homem a minha frente que nem percebi que ele já estava no meio de outra música. Ever since New York.

-Acho que zerei mesmo. – digo olhando para ela. - Acho que nunca agradeci tanto por me chamar Anna. – comento e ela ri.

Mas nem todo show dura para sempre, não é mesmo? Uma hora tem que acabar. Ele foi embora da mesma forma que chegou: rápida e abruptamente. Esbanjando sensualidade e beleza. Com as mãos entrelaçadas uma a outra ele agradeceu aos fãs e se despediu.

Então tudo ficou escuro...

Até que se iluminou novamente apenas para indicar às pessoas onde ficavam as saídas. Eu não ia sair de imediato, a aglomeração era muito grande e eu tinha medo de ser levada para o lado contrário ao que queria ir. Espero um pouco ainda agarrada a grade e, na primeira oportunidade, me sento no chão mesmo. O cansaço esta começando a aparecer. Sinto dor em cada centímetro do meu corpo e, durante alguns segundos, cogitei a hipótese de tirar meus sapatos aqui mesmo.  Eu só queria um banho...

-Srta. Anna? – sinto uma mão tocar em meu ombro e congelo...

Beyond DreamsOnde histórias criam vida. Descubra agora