Capítulo 2: Destino, Jennie Kim, sakura, e outras besteiras mais.

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Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/playlist/2Y7r8dTv5BHwpCDMnDja07?si=abplrTokRnOfHwJ9W3MxBg

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   O destino existe?

Esse era o título do artigo de uma revista qualquer, que de forma aleatória ou não, escolhi para ler enquanto esperava ser atendida no consultório do Dr. Joo-hon. Após o título "chamativo", ele era seguido por um texto, onde a pessoa que o escreveu relata um acontecimento amoroso pessoal, para então relacionar ao destino.

Acertar a sequência de números da loteria, achar dinheiro no chão, olhar para cima no exato momento em que um estrela cadente passa no céu, sofrer um acidente, sobreviver a ele... Episódios tão inusitados que nos perguntamos: será apenas consequência do acaso? Será culpa do acaso eu ter acordado mais cedo no dia 23 de abril, decidir ir para o campus de bicicleta ao invés de esperar pela carona da Jisoo, como quase sempre acontecia? O acaso me fez ser atropelada justamente nesse dia "atípico" e acordar justamente na cama de Jennie?

Jennie sempre falava sobre o destino, para ela, tudo ou quase tudo, acontece ou vai acontecer porque algo misterioso está regendo a nossa existência, nada era por acaso, tudo tinha um motivo, um porquê. Sua justificativa sempre era de que não fazia sentido tanto sofrimento sem proposito, tanta dor para que no final morrêssemos sem acalento.

Jennie não vivia a mercê de um futuro premeditado, ela sabia bem balancear os nuances do destino e a graça da casualidade, pois, para ela mesmo que cada segundo de nossas vidas fosse algo controlado por algo maior, seja lá o que for esse algo maior, ela sabia viver intensamente, sem muitos planos, sem esperar que seus dias fossem determinados por algo que teria que acontecer. Para falar a verdade, quem vivia a mercê desse tal destino, esse que eu sempre tive imenso preconceito, era eu. Pois inconscientemente eu era esse tal de algo maior da minha própria vida, horário para acordar, horário para dormir, horário para estudar, quando vou me formar e como vou me formar...

Em uma dessas conversas que sempre tínhamos em nossos encontros, Jennie me fez a seguinte pergunta: "Lili, o que te move?". Eu não entendi a princípio o que ela quis dizer, então eu respondi ridiculamente assim: "Nini, sério? Tudo bem, nos movimentamos porque os músculos da nossa perna se empenham para impelir nosso corpo para frente e- ". Sua gargalhada cortou completamente minha linha de raciocínio. "Por deus Lisa, não é essa movimentação. Mas se tudo para você é movido pelo o acaso, então por que acorda cedo todas as manhãs? Já que não temos nenhum propósito afinal, ou então por que está estudando tanto todos os dias?".

A verdade? Eu não sabia. Eu nunca soube responder suas perguntas, mas ela conseguiu o que queria, plantar a semente, que foi crescendo e crescendo... Até formar a pessoa que hoje está escrevendo nesse velho caderno, que olha para um horizonte qualquer e agradece por ter sido atropelada, agradece por ter escutado cada palavra que saia da sua boca, até mesmo as mais idiota, essas que ainda levo comigo. Mesmo que tanto tempo tenha se passado.

Se hoje alguém me fizesse a mesma pergunta que você me fez há mais ou menos quatro anos atrás, eu saberia o que responder, afinal não era difícil presumir que a ciência me instigava a sempre a buscar mais, acordar todas as manhãs com a Roseanne tentando colocar fogo na casa, ou com o barulho do celular da Jisoo enquanto ela joga Freefire, o abraço quentinho da mamãe e o sorriso meigo do papai. O que me movia ao longo desses cinco anos? Sonhar. Sonhar que o destino, nas melhores das melhores das hipóteses, nos meus desejos mais otimistas... Que um dia eu volte a te encontrar, é apegada a isso que me levanto todos os dias, que ando pela rua sempre observando e buscando alguma semelhança sua.

Nossas verdades não tão verdadeiras assim.Onde histórias criam vida. Descubra agora