CRUZEIRO DO SUL• jjk+pjm.

I- Infância perturbadora.

A neve tomava conta das ruas e de grande parte das casas, por conta de ser inverno em Nova Iorque. Todos se aconchegavam em suas residências e aproveitavam o frio debaixo de suas lareiras, como num clássico filme americano. Tudo parecia calmo e muito equilibrado, inclusive para a família de Jeon Jungkook, que agora estava do lado de fora, em sua varanda, apenas observando o filho fazer um boneco de neve enquanto pulava alegremente. Não era uma nevasca ou algo assim, então era aceitável sair para se divertir um pouco, e era isto que o pequeno garoto fazia no momento. Suas mãos envolviam o tecido branco do chão e transformava-o em bolas de neve. Esses movimentos repetitivos faziam-no rir de suas próprias ações, já que a feição que estava montando para sua criação em sua mente era a melhor e mais engraçada de todas, pelo menos para ele. Quando conseguiu fazer uma das bases, que era a maior, descansou um pouco e então continuou a pegar mais material para terminar. Sozinho, conseguiu montá-lo do melhor jeito que pôde. Seus pais aplaudiram de longe, prestigiando seu feito, fazendo o mesmo dar pulos de felicidade. Com os dedos, fez um rosto no boneco e colocou uma cenoura para representar seu nariz e galhos para os braços. Quase colocou seu próprio cachecol ao redor do pescoço do boneco, mas desistiu ao ver o olhar penetrante de sua mãe que dizia claramente um "não faça isso".

— Mãe, você viu isso? — Ele gritou, apontando e mostrando que havia terminado o que começou há pouco.

— Ficou lindo, querido, parabéns. — Ela aumentou a sua felicidade, elogiando-o novamente.

— Qual vai ser o nome dele, pai? Vou deixar você escolher, desta vez. Mamãe escolheu no último inverno, então agora é você quem escolhe. — Ele deu as honras para o mais velho, não controlando sua felicidade. O inverno era a época que ele mais amava.

— Que tal "Gigante de Neve"? — Escolheu um nome e após isso, imitou um gigante, fazendo uma careta bizarra.

— Ah, papai. — Respondeu, decepcionado. — Queria um nome "de gente".

— Que tal Fred? É um nome que combina com ele, olhe para o rosto dele, ele tem cara de Fred. Aposto que ele vai gostar. — A mãe se intrometeu e deu o nome desta vez.

— Tudo bem, a mamãe ganhou, de novo. — Dá a vitória para a mais velha, que mostra a língua para o pai na brincadeira. — Mas desta vez eu vou fazer outro, então escolha um nome bem legal para ele, papai.

Ele concordou e então lá se foi de novo aquela imagem da inocência a montar mais um de seus adoráveis bonecos. As luvas de suas mãos tornavam a tarefa um pouco mais difícil, mas não era algo impossível. Alguns pedaços dos flocos de gelo esfarelaram em suas mãos, mas isso não o impediu de terminar. O vento estava mais forte, mas ainda assim queria mais do que tudo terminar o que começou. Estava determinado e desta vez tudo iria dar certo, era o que ele esperava. Não podia desistir, estava no fim. Como só havia pegado uma cenoura, teve que improvisar com um pedaço de madeira mais grosso para simbolizar o nariz. Bateu suas mãos uma na outra para que a neve pudesse cair pelos lados e não grudar nos panos que vestia. Sorriu orgulhoso para o que acabara de fazer e então mostrou novamente para os dois que ainda o olhavam atentamente.

— Que tal? Acho que eu caprichei mais ainda neste. — Colocou uma das mãos em sua cintura, fazendo gestos com a outra para que prestassem no que estava ali.

— Concordo, então vou ter que colocar um nome mais bonito ainda neste do que a sua mãe colocou naquele que você fez para ela. Me deixe pensar, hm... — Coçou sua cabeça, tentando procurar uma resposta.

— Três, dois... — A criança fez uma contagem para apressá-lo.

— Já sei! — Sua voz se sobrepôs sobre a do menor. — Que tal Jimin? Fred e Jimin podem ser amigos, o que me diz? Por favor, diz que gostou agora.