XIV- Lua cheia e um jantar.

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   Jeon Jungkook

Mal cheguei em casa e estava sentindo o peso do meu corpo atrasar os meus próprios pés. Eu somente queria abraçar a minha cama, mas então me lembrei que havia um compromisso para ser atendido assim que o vi descer as escadas graciosamente, com uma de minhas roupas formais mais pequenas. Devo admitir que tinha ficado uma graça em seu corpo. Nem parecia que estava usando minhas roupas, e sim que tinha seu próprio estilo. O tecido de algodão caía tão bem em sua pele lisa, era como se fosse feito somente para si. Tudo brilhava, inclusive aqueles tênis que ficavam geralmente ofuscados no fundo da minha sapateira. Um fenômeno tão inexplicável, como uma aurora boreal. No fundo, há uma explicação lógica, mas se você imaginar algo místico e misterioso, sempre haverá espaço para a criatividade e nunca ficará cansativo ou sem graça. Com suas mãos encostadas na parede enquanto me olhava com uma cara consideravelmente engraçada, soltou uma frase:

— O que achou? Achei muito formal para somente um jantar, mas a sua mãe precisa gostar de mim, então eu estou tentando trazer somente o melhor de mim com o que há aqui. — Deu uma giradinha, como se fosse um daqueles modelos famosos e espalhou todo o seu brilho pelo local.

— Não ligue para isso, ela não vai sequer reparar nas suas roupas, eu imagino. Sua personalidade será o que ela vai mais prestar atenção. Se ela gostar do seu jeito, você ganha o coração por inteiro. No momento, ela ainda acredita que você está assustado para sair com a gente, ainda mais depois de supostamente um barco ter afundado em nosso primeiro encontro. Só de estar lá, já vai ser considerado um milagre para o vocabulário dela. — Sorri. — Preciso ir arrumar logo, também! Logo já estará na hora. Não quero chegar lá bagunçado como estou agora. Pelo menos um perfume tenho que passar.

Obviamente, ele estava se divertindo enquanto olhava o meu desespero.

— Jeon, o quarto é para esta direção. — Droga! Quase errei o caminho para o meu próprio quarto. Eu não estava preparado para este momento.

Apresentá-lo como um tipo de namorado na frente da minha propria mãe, a qual me criou durante a sua vida toda, era a coisa mais estranha e cheia de pressão que eu já fizera em toda a minha existência. Chacoalhei uma de minhas mãos e olhei para o relógio que eu usava, ficando ainda mais nervoso. O tempo se passava muito rápido e só restava a mim tentar lutar contra ele. Peguei a melhor roupa que pude ver na frente e que pelo menos combinasse uma com a outra e as joguei dentro do banheiro, entrando também e fechando a porta logo atrás de mim. Comecei a me despir enquanto olhava minha própria face na frente do espelho. O tecido da blusa se esfregava pelo meu abdômen, subindo até a ponta dos meus cabelos, e então pude tirar a blusa, arremessando-a no cesto mais próximo. Era sempre tão ótimo tirar todo aquele peso de meu corpo, daquelas roupas usadas e cheias do meu suor e de energias totalmente desgastadas. Sentir um pouco daquela água tão quente me fazia ficar melhor, como se renovasse cada pedaço do meu lado espiritual. Não por completo, mas o suficiente para poder ficar acordado e com energia durante o jantar. Mal podia esperar para poder comer também, já que sentia o roncar da minha barriga enquanto me banhava.

Peguei o sabonete e fiz a espuma aparecer pela minha pele. Um cheiro bom se fez presente e eu sentia todo o cansaço se esvair. Molhei a minha nuca o máximo que pude e passei as mãos sobre o meu pescoço. Estava extremamente tenso, mas não me deixei abalar e continuei a me esfregar, tentando esquecer todos os problemas, pois hoje era uma noite especial e eu não podia os carregar em minhas costas, não justamente no dia em que mais precisarei que eles ficassem longe dela. Após ficar ali por um pouco tempo refletindo e me limpando por inteiro, desliguei o chuveiro e saí com a toalha em mãos, me enxugando, ainda mantendo meus olhos no espelho enquanto realizava esta ação, assim como fiz assim que entrei. Meu corpo não era exatamente dos melhores, mas eu tentava sempre me manter na melhor forma possível. Minhas costas eram largas e eu podia ver minha marca de nascença dali. Era mediana, mas também poderia passar despercebida as vezes. Poucas pessoas realmente já viram-na. Geralmente pensam que é um machucado e chegam até mim para poder perguntar, quando estou sem a minha camisa (em alguma festa com algum tipo de piscina ou algo assim).

CRUZEIRO DO SUL• jjk+pjm.Onde histórias criam vida. Descubra agora