CRUZEIRO DO SUL• jjk+pjm.

X- No mesmo barco.

                         
Jeon Jungkook

O filme estava no seu fim e eu estava me sentindo emocionado. Minhas mãos cobriam uma parte do meu rosto e eu não queria mostrar fragilidade por conta de uma animação na tela da televisão. O louro ainda estava do meu lado, e acabou por deixar uma das suas lágrimas caírem pelo sofá. Pelo menos ele era mais corajoso do que eu para poder chorar na frente de alguém. Ele estava sensível, achava melhor não tocar no assunto, então apenas deixei ele aproveitar a cena em que Rapunzel estava vendo as luzes de dentro daquele barco, juntamente com o seu amor. Era realmente uma coisa que poderia significar muito para qualquer um, principalmente para ele.

— Tenho medo de ficar igual a ela por um tempo, sabe? Presa a uma coisa que não sei como sair, e não poder ver as luzes que me esperam lá fora. Estar separado dos meus laços iniciais, de onde eu realmente vim. Isso tudo é muito ruim. Tenho medo de nunca sair e me arriscar para ver essas luzes. Ou medo de elas estarem muito longe para serem vistas, quase inalcançáveis. Isso me assombra desde o dia do acidente, você consegue compreender? Eu estou preocupado, porém não apressado, porque eu gosto muito de ficar aqui com você. — Seus lábios estavam tremendo e ele usava as costas das suas mãos para poder secar as molhadas gotas que soltava de seus olhos.

Não dava mais para segurar. Toda a culpa acabou por vir em minhas costas e eu desabei em frente a ele, porém lhe dei um abraço antes. Foi um momento silencioso, tirando os momentos em que as respirações se tornavam muito altas por conta do ar que puxávamos ao chorar. Ele recebeu bem aquele gesto, me deixando ficar ali acolhido por alguns minutos. Não sabia como me expressar direito, como fazer o mesmo por ele, porque tudo era muito novo para mim. Não era para ter acontecido, eu não estava preparado para uma coisa dessas, fui pego de surpresa, como se eu estivesse completamente normal em um dia e... Bum! No outro dia eu estava completamente comprometido com uma responsabilidade de minhas próprias ações tão impulsivas e falta de atenção constantes. Isso era uma lição que a vida estava tentando me dar, mas eu só não entendia o porquê. Não fizera muita coisa de ruim, logo, não tinha motivos para me dar algo para aprender. Minha rotina era basicamente a mesma, vivia como qualquer cidadão: de forma honesta e simples.

Então, por que logo eu?

— Escuta, por favor. Nem que eu tenha que arriscar tudo o que eu puder, eu irei te levar até o lugar onde você pertence, isso é mais do que uma promessa. Não importa mais o que está em jogo, quero apenas a sua segurança, e você sabe muito bem que não é nada bom você continuar aqui por muito tempo, já que podem descobrir sobre ti e pensarem coisas erradas sobre mim, até porque você não está totalmente sobre controle. — Estralei minha língua contra o céu da boca, indicando incômodo. — Sua consciência ainda está voltando. Se, Deus me livre, pegarem você por aqui, o primeiro culpado a quem apontarão os dedos dizendo que o manteve em cativeiro será à mim. Quero fazer isso não somente por mim, mas também por você. Não deixarei você ser como a Rapunzel, eu irei te tirar de onde você se sente preso. Você merece ser livre, mais do que ninguém.

O de cabelos brilhosos apenas concordou e continuou com o seu mesmo olhar, cabisbaixo. Eu queria poder mudar essa situação apenas ao estalar meus dedos, sendo bem sincero. Não é nada bom para mim - e muito menos para ele - passarmos por uma coisa tão difícil. Se esconder, manter segredo sobre tudo, problemas para confiar nas pessoas. Provavelmente tudo isso se resolva, mas os perigos e certos momentos (bons ou maus) sempre morarão em nossas mentes, querendo ou não. Eles se farão presentes, como uma parte de nossa vida que já se foi, mas está ali para poder ser relembrada. Espero que eu possa olhar para tudo isso e sentir saudade ou rir algum dia... Porém, provavelmente a saudade me fará triste e eu estarei longe das risadas.