A aprendiz

Capitulo 1

Um ano atrás. Brooklyn - N.Y. / U.S.A.

Desci a escada do sobrado apressadamente, estava atrasada, aliás, estávamos atrasadas para ir á faculdade.

-Bom dia coisa rosa ! - me sentei e peguei uma torrada, bebericando um pouco de café na minha caneca do Green Day, ela estava tipicamente sentada no seu habitual lugar atrás do seu jornal. Abaixou­o e me olhou séria.

-Bom dia peituda ! - eu odiava este apelido, mas já tinha quatro anos que eu pedia para ela parar e ela nunca fez isso, não seria agora, depois de todo esse tempo, que ela pararia. Já tinha desistido de pedir para ela parar, pois ela sempre respondia: " Aceita amor, que dói menos". Luana voltou a ler o seu jornal.

- Adivinha !! - falava empolgada.

-Quem foi traída na vizinhança ? - ela sempre se animava com fofocas deste tipo .

-Não amore ! Melhor ! - então era assassinato, ela adorava ler coisas deste gênero.

-­ Quem morreu ?.

-Mais uma menina no Brooklyn, só que desta vez no nosso quarteirão !! Parece que é há um serial killer a solta amiga ! E ele só age no Brooklyn. Só mata mulheres jovens - como ela podia se animar com aquilo ??

Havia um serial killer a solta no nosso bairro e ela estava animada com isso ?? Poderíamos ser as próximas vítimas e ela nem ligava ! Só podia ser uma doida de cabelo loiro mesmo.

-Como se anima com isso ? - lavava minha louça o mais rápido possível, Augustine não aceita atrasos.

-pobre só tem isso pra se animar mesmo, eu acho bárbaro - ria divertida, como se ela fosse pobre né.

Levantou­-se e subiu as escadas para se arrumar, fiz o mesmo. Era impressionante como nenhuma roupa queria se adaptar a mim ! E o meu cabelo então ! Estava uma bagunça, tive que prendê­lo em rabo de cavalo alto, deixando a minha franja solta na testa mesmo. Olhei o meu reflexo no espelho, parecia um cadáver com esses enormes olhos castanho mel claro e essa pele morena . Como as minhas roupas estavam de mau­-humor, vesti um jeans e uma camiseta polo preta básica, com um cardigaan roxo por cima, ele era bem folgado, como dizia Luana ; "Te faz parecer um pinguim !", mas não me importo, gosto dele assim mesmo, não quero chamar a atenção de ninguém, nunca gostei disso. Corri para o banheiro e fiz a minha higiene matinal, ouvi a buzina soar de novo, com certeza Luana estava começando a se irritar pela demora. ­ Bibidd !!! - era a quinta vez que ela buzinava, abri a porta freneticamente.

-Já vou, já vou ! - murmurei, saindo e fechando a porta atrás de mim. Caminhei apressada até o Peugeot 308 vermelho.

-Até que em fim em ! - as orbes verdes me encaravam furiosas voltando, em seguida, a olhar para rua, metendo o pé no acelerador

- sempre é a última !

-Não enche ta ! A gente está indo, ta tudo numa boa ! ­

-Ta, ta, vamos lá - ela suspirou pegando a rua principal que como sempre estava engarrafada. Liguei o rádio, estava passando Diva da Beyoncé, nós somos fanáticas por ela, então começamos a cantarolar a música enquanto enfrentávamos o tradicional, e caótico, trânsito novaiorquino. Infelizmente a nossa faculdade se localiza em Manhattan, ou seja, todo dia, perdemos no mínimo cem neurônios pelo stress para chegar até lá.

A New York University é particular, uma das mais caras do país, mas uma das melhores, um bom investimento com certeza. Para entrar fiz bolsa, passei em primeiro lugar no meu curso e Luana também a fez, primeiro lugar. Mesmo sendo rica, não gostava de depender do dinheiro dos pais. Quem vê de fora, acha que nós nos odiamos, mas somos assim, doidas. Conhecemo­nos a mais ou menos seis anos no colégio.