8- Vocês são vitimas

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Acordar em casa depois de três dias no hospital com a minha mãe foi ótimo. Nesses três dias a única coisa que manteve minha cabeça no lugar foram as conversas com Louis e seus amigos. E quem diria, um mês atrás eu não fazia a mínima ideia que um dia eu estaria falando com Louis Partridge e inúmeros famosos.

Esfreguei as mãos nos olhos olhando para o sol enorme que brilhava do lado de fora da minha janela, fiquei pensando se as coisas fossem diferentes e eu estivesse perto de Louis, não vou mentir, o sentimento que eu tinha por ele antes de mandar mensagem se multiplicou depois de ver o quão incrível ele é.

Fechei meus olhos imaginando por um segundo se eu pudesse o abraçar agora, contar tudo que aconteceu, poder sentir que eu estava segura com alguém. Por mais que eu possa fazer isso com minha mãe, eu não quero trazer mais preocupação para a cabeça dela. E minha irmã está fora de cogitação, ela já passou por muita coisa, não precisa ficar cheia de meus problemas.

A lembrança das aplicações pra faculdade invadiram minha mente, meu coração acelerou, eu corri até minha mesa de estudos e abri meu computador, as respostas haviam chegado ontem, mas eu estava no hospital e não consegui ver.

A primeira que eu abri foi NYU, era a mais perto de casa, e a que meu pai insistiu pra que eu aplicasse, praticamente obrigou. Fui aprovada. Fechei meus olhos e deixei a lágrima cair, é claro que eu não queria ir, fazer administração ou qualquer outra matéria que envolva economia, nada disso estava em meus planos.

Afastei o choro e abri a próxima, UCLA, na Califórnia. Meu peito apertou, eu gostaria sim de ir pra lá, já havia visitado uma vez, mas do mesmo jeito, meu coração batia forte pela resposta da Saint Martins.

Aprovada.

Dessa vez eu sorri, é bom saber que fui aprovada naquelas duas, mas meu peito dizia que eu tinha poucas chances de ir para a escola de moda. Fechei meus olhos ao ver o e-mail com o nome da minha tão sonhada faculdade.

Corri meus olhos por cada pequena letra na tela do meu computador, meu coração se acelerou ao chegar no final da página;
"Você será muito bem-vinda em nossa faculdade. Está aprovada na Universidade Saint Martins de Londres."

Coloquei as mãos no rosto e comecei a chorar, nunca pensei que eu conseguiria, e agora tudo que eu quero é gritar pro mundo que meu sonho vai se tornar real, que eu vou pra Londres!

Senti um aperto enorme no peito, eu não posso deixar minha mãe e minha irmã, não com aquele monstro a solta. Comecei a entender do que se tratava, eu me mudaria pra Londres, e as duas pessoas que eu mais amava no mundo estariam aqui, sozinhas.

Fechei meus olhos apoiando o rosto na cadeira, o que eu devo fazer?

Meu coração só mandou eu ligar pra uma pessoa, e eu fiz isso, peguei meu telefone correndo, abri seu contato e liguei por chamada de vídeo imediatamente.

Louis atendeu espantado, porque nós nunca havíamos feito uma ligação por vídeo, mas ele logo afastou essa cara por uma preocupada ao me ver chorar.

— Eu preciso da sua ajuda. — Eu falei secando o rosto. — Eu fui aprovada nas três faculdades, NYU, UCLA e...

— Parabéns! Meu Deus S/n! Isso é muito bom! — Louis sorriu animado e eu senti meu peito apertar, que sorriso lindo... — Qual foi a outra? — Ele estava bebendo água.

— Saint Martins. — Eu falei e ele arregalou os olhos parando de beber água na hora.

— Escola de moda de Londres? — Louis abriu um sorriso enquanto afastava o copo da boca. — Você vai vir pra cá?

— Esse é o problema Louis...

— Problema? Achei que esse fosse o bônus... — Ele sorriu e eu revirei os olhos.

— Como eu vou deixar minha mãe e minha irmã sozinhas aqui? Com aquele monstro solto? — Fechei meus olhos. — É o meu maior sonho Louis, mas elas são tudo que eu tenho.

— Espera. — Ele abriu uma porta que eu suspeito que seja de seu quarto e se sentou na cama apoiando o telefone na sua mesa de cabeceira. — Vou falar agora, mas não por eu morar em Londres e estar em festa por ter uma mínima possibilidade de você vir pra cá. — Sorri. — Vou falar como seu amigo. Seu pai já tirou muita coisa de você, e por mais que seja difícil você deixar a sua família aí, temos que concordar que a responsabilidade de cuidar da família é dos seus pais, não sua. Eu sei que é difícil pra você ouvir isso, mas a sua mãe já é maior de idade, ela sabe o que fazer, ela sabe dos perigos que seu pai oferece pra sua família, e ele vai pagar pelos erros dele, mas o que você não pode fazer é pegar um problema grande como esses pra você e deixar uma vida inteira de oportunidades pra trás.

— Mas e se ele voltar? E se ele fizer pior? E se ele bater na minha irmã? — Perguntei horrorizada com essa possibilidade.

— Você acha sinceramente que você vai conseguir impedir? Vocês são vítimas S/n, vocês tem seus direitos, vá na delegacia, presta queixa por sua mãe, seu pai está errado, e ele tem que pagar por isso. — Louis falou e eu assenti. — Eu só sei que você tem a oportunidade da sua vida, tem a chance de realizar seu sonho, e eu tenho certeza de que se você falar com sua mãe sobre isso, ela não vai pensar duas vezes antes de dizer para você ir atrás desse sonho.

— Obrigada Louis. — Eu sorri secando as lágrimas. — Nunca tive um amigo para desabafar desse jeito.

— Eu estou aqui para o que você precisar, sempre, tudo bem? — Sequei as lágrimas e assenti.

— Eu também. — Sorri.

𝗠𝗼𝗿𝗲 𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀 ఌ 𝙇𝙤𝙪𝙞𝙨 𝙋𝙖𝙧𝙩𝙧𝙞𝙙𝙜𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora