Posfácio

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Foi uma longa caminhada, não é mesmo? Sempre é uma longa caminhada, que só os pés que a trilharam sabem reconhecer todo o esforço empregado.

Corações feridos, almas estilhaçadas, peles encharcadas de chuvas... Tudo teve lugar neste livro. Mas, como a própria natureza faz questão de nos ensinar a lição, depois de uma tempestade, o Sol sempre volta a surgir, seca toda a água derramada e aquece a alma dos que recebem a sua luz.

Você, leitor, se encontrou em algum verso? Em que poesia da sua estrada você está? Com certeza já contou muitos segredos às palavras também. Despediu-se de cada pensamento, enquanto chorava todas as gotas de orvalho que a sua peça lhe provocou. Procurou desvendar os enigmas de uma alma cheia de mistérios, apesar das in-certezas; e, mesmo tentando fazer-se de indiferente, você foi forte e tentou manipular o seu coração, fazê-lo ficar firme, mesmo na última canção. Eu sei, comigo também foi assim.

Abrimos os olhos todos os dias, e nos deparamos com um novo caos. Nos perdemos e nos despedaçamos em meio aos pensamentos e ao silêncio dos gritos sem voz. Numa tentativa de reagirmos, procuramos nos definir: Quem somos? Para onde vamos? Por que estamos aqui? Não, esta não é nenhuma reflexão filosófica buscando entender a existência do ser humano no universo; nada disto. Mas, quando se está marcado pelas lágrimas, desesperado em um ponto de inércia, como se espera que possamos despertar? A verdade é que, no fim, acabamos desistindo de tudo, desistindo do mundo. Entendemos que só assim podemos, talvez, encarar a realidade novamente; repletos de dúvidas que nos colocam em um completo impasse, mais uma vez.

Mas a vida é isto, viver é isto: pegar todas as peças do maior quebra-cabeça que existe e tentar montá-las, combinar os pedaços, buscar emendá-los. Viver é colecionar momentos de pessoas e lugares, guardá-los na lembrança e voltar a eles sempre que preciso, sempre que der vontade de viajar sem sair do lugar. É ser livre nos seus pensamentos, se perder e se encontrar uma centena de vezes. É conhecer a tempestade, em um dia ou momento qualquer. Por fim, é entender que o segredo da felicidade está em como saber sofrer e, ainda assim, fazer o coração sorrir com total sinceridade.

Patrícia P. Nogueira



Photo by Tegan Mierle on Unsplash

Se eu contar às palavras... (... será que elas guardam o segredo?)Onde histórias criam vida. Descubra agora