Electric Love (em processo de reescrita)

1. Instável

◽ Capítulo revisado e betado ✔ (mais informações nas notas finais)

Betagem por: @julythereza12

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"From the shelter of the rain

(...)

As you think of her you wonder if

She thinks about you too"

(The Way You Want It - Keane)

Itadori Yuji sempre gostou de meninas. Apesar de frequentemente afirmar que gostava de um tipo físico muito específico — alta com um "bundão" —, mas ele prestava bastante atenção nas garotas à sua volta e poderia muito bem se interessar por alguma que não tivesse exatamente essas características. Ele tinha um coração muito doce, afinal.

Mesmo assim, imagine tamanha surpresa quando ele percebeu que havia a possibilidade de estar apaixonado por um garoto. Sim, um cara, assim como ele. E, mais especificamente, por seu vizinho de quarto ranzinza e reservado — seu total oposto.

Fushiguro Megumi era do tipo calado e que parecia estar sempre mal-humorado. Por esse motivo, foi um pouco difícil de lidar no começo, por mais que Yuji fosse o tipo de pessoa que parecesse um pequeno sol, com seu humor cálido, derretendo até mesmo o gelo mais firme que encontrasse — se é que isso realmente pode existir. Todavia, por fim, eles se deram bem incrivelmente rápido.

Aquele trio do primeiro ano da escola de Tóquio — Yuji, Megumi e Nobara — tinha tanta química juntos que pareciam amigos há anos, mesmo tendo convivido por apenas duas semanas. Por isso foi tão dolorida sua separação repentina por conta da morte do hospedeiro de Sukuna.

E, principalmente, foi um tanto estranho para Itadori se dar conta do quão próximos ele e o moreno se tornaram nesse curto período de convivência. Foi igualmente estranho perceber como havia reparado tanto nos detalhes físicos dele, ou como achava fofa a expressão de bravo que ele fazia. Ou os movimentos com as mãos para invocar seus shikigamis, que inesperadamente chamavam a atenção de seus olhos curiosos. Até mesmo o fato desse garoto possuir cílios escuros muito bem definidos, que combinavam muito com seus olhos intensos e delicados. Eram tantos detalhes que havia guardado na memória que o jovem se assustou.

Estava assustado também com o tamanho da saudade por aquele ranzinza. É claro, ele sentiu muita falta dos dois amigos enquanto esteve escondido. Porém, só percebeu que a forma desse sentimento era diferente — e muito maior — pelo moreno quando estavam os três amigos juntos novamente em um momento de calmaria, depois dos eventos conturbados do Intercâmbio com o colégio de Quioto.

Naquele dia, Yuji sentiu ímpetos de dar um abraço fofo e demorado, e de apertar aquelas bochechas sérias e cheias de comida.

Entretanto o que fez mesmo cair sua ficha de vez foi quando, nos momentos em que estavam por perto, além de prestar atenção em todos aqueles detalhes de antes, também começou a notar os movimentos que faziam os lábios enquanto Megumi falava. Reparava no formato que eles tinham. Nos pequenos indícios de um raro sorriso que se formava ali. E, o pior de tudo, flagrava sua mente divagando sobre como seria a sensação de senti-los junto aos seus. Era mais que óbvio: Itadori estava mesmo apaixonado.

E a percepção dessa realidade perturbava nosso pequeno raio de sol.

Ele nunca havia sentido algo assim por alguém do mesmo sexo e isso o intrigava. Entretanto o que atormentava mesmo este jovem xamã atualmente era o fato de não ter experiência amorosa alguma — isso, é claro, sem contar os poucos encontros com algumas garotas, nos quais o ápice da intimidade foi tocar suas mãos delicadas e perfumadas, após esporádicas trocas de sorrisos tímidos*—, e por isso, não saber como lidar com esse turbilhão de emoções que invadiam seu coração e o deixavam um tanto desconcertado vez ou outra.