Seu Mordomo... Não É Mais Mordomo?

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O beijo foi digno de um sonho, ela era a mulher perfeita.

— Dominic... Sei que gosta de gatos — A loira Sussurra acariciando o rosto do moreno que fica intrigado com a fala repentina — vou lhe enviar um presente depois

Ela o abraçou e ele tocou em duas costas, as mãos desluvadas sentiram o momento em que os arames do corselet que ela quase nunca usava se soltaram e afundaram em sua carne.

— Mas já?

O homem dos olhos carmesin perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

— Va acompanhar seu sobrinho... Foi um prazer te conhecer neste corpo

Ela sorri de maneira tão doce que Dominic crê que ela vá partir pacificamente.

O moreno deixa o quarto e caminha até o quarto de seu sobrinho / amo, o garoto estava parado de maneira estática em frente a janela.

— Bocchan?

As sobrancelhas do mordomo se arqueiam, mas o garoto tem um leve sobressalto ao ouvir sua voz.

— Sebastian! — O garoto respirou fundo, agora não sabia mais como chamava seu próprio mordomo — correu tudo bem com a Lady Howard?

O garoto perguntou girando o anel azul em seu dedo polegar.

— Tudo perfeito, ela é uma senhorita agradável.

Um leve sorriso que dançava delicadamente entre o gentil e o sinistro aparece nos lábios de Sebastian.

— Isso é claro —  o garoto resmunga com a felicidade de um velho de oitenta e cinco anos cheio de artrite — enfim, posso fazer algumas perguntas pra você?

Sebastian estranhou que fosse uma pergunta e não uma ordem, encaminhou o azulado até a cama e foi abrindo suas roupas.

— Pode perguntar o que quiser, My Lord

O homem retira a gravata de Ciel que respira profundamente.

— Como te chamarei agora?

Ciel pergunta de maneira objetiva, era o primeiro assunto confuso para a mente do garoto.

— Bocchan — o mordomo ri olhando para baixo enquanto acariciava os dedinhos do sobrinho — Eu já lhe disse, me chamo como o meu mestre quiser... Ainda é meu mestre

Os olhos de Sebastian brilham daquela maneira demoníaca e Ciel sorri.

— Certo, Dominic — Sebastian sorri enquanto Ciel fala, ele tinha a mesma voz de seu irmão — você me disse que nunca enfrentamos anjos de verdade, como isso é possível?

— Oh — O mordomo ri fraco, fazendo um leve carinho no rosto de Ciel... Nunca teve a liberdade de tal ato até agora, era especial neste momento — a aparência de um anjo em sua plena forma é algo divino em níveis além do sobrenatural, bocchan, sendo capaz de enlouquecer humanos sem um alto grau em questão de alma

Ciel pisca algumas vezes, parecia interessado, enquanto Sebastian o olhava como um felino...o moreno sabia que seu sobrinho poderia ver quantos anjos fossem que não enlouqueceria... A alma desse garoto era algo formidável.

— Quando um demônio vê isso... Nos desperta inveja, a vontade de termos aquele poder — O moreno suspira, por sorte ele não havia visto nada de Nina ou seria um problema — isso nos leva a vontade de fazermos atrocidades em nome de Deus, nossa mente acha lógico que vá nos ouvir fazendo isso... Eliminando os impuros

O garotinho olha para seus pés, triste, a palavra "impuro" lhe doía bastante por diversas razões.

— E isso não dá certo, não é?

O garoto suspira, Sebastian deduziu que estava cansado para fazer uma pergunta tão simples assim.

— Depende — os olhos de Ciel demonstram surpresa — não precisamos eliminar os impuros... Talvez, mudá-los... Por dentro

O dedo longo e fino de Sebastian toca no lado esquerdo do peito de Ciel.

— Obviamente vocês nunca escolhem essa opção, não é?

Uma risadinha de Ciel e Sebastian fica surpreso vendo o garoto por seu pijama sozinho.

— Definitivamente não, bocchan — Sebastian ri levemente — a parte do "por dentro" entendemos que seja necessário abrir o ser humano

O moreno levanta os ombros e em seguida Ciel retira o tapa-olho branco que estava usando.

— Ela vai embora?

Ciel pergunta olhando para o teto de seu belo quarto, ele tentaria ter a Lady Howard como sua tia se Sebastian desejasse.

— Acho que neste momento, ela já pode ter partido, bocchan

O moreno se levanta, não queria imaginar a dor de alguém como ela ao morrer sufocando e sangrando lentamente... Sozinha, já que diferente dos demônios, anjos não são poupados de sofrimento... Sua pureza e nobreza é testada sempre.

— Eu ficaria feliz em tê-la aqui na mansão por mais tempo... Mas acho que terei que me explicar para o Lord Howard pela manha — O garoto boceja e olha pra Sebastian — Fica aqui até eu dormir

O garoto sussurra e o homem sorri levemente, atendendo ao pedido.

Após o conde ter caído no sono, Sebastian usou suas passadas leves e silenciosas para adentrar ao quarto da Lady Howard, ele iria virar olhar para sua cama mas quando ele ouve um gotejo de sangue tocando no chão ele simplesmente perde sua coragem... Não queria ver seu corpo recém abandonado pela vida, sabia que enfrentaria isso amanhã e desejava evitar o sofrimento agora, então deixou o quarto no exato instante em que entrou, sem nem sequer dar uma espiada.

Na manhã seguinte May-rin encontra o corpo da Lady Nina Howard sem vida em seus aposentos, seu tórax foi perfurado pelo corselet que usava naquela noite, um acidente trágico que Ciel teve que reportar ao duque de Norfolk.

Sebastian se viu responsável pela limpeza do quarto e do cadáver da jovem... Era uma tortura que Ciel tentou livrá-lo... Mas não foi possível, Sebastian teve que levar o corpo morto de sua amada nos braços, foi o responsável por retirar o corselet de dentro de sua caixa torácica e arrumar seus cabelos e sua face para que ela fosse levada... Mesmo após todos os ritos fúnebres... Ela não tinha o mesmo brilho, não era como os outros humanos que apenas parecia dormir pacificamente... Sua beleza se foi junto com a alma, os cabelos loiros como ouro se formaram em palha, a pele de porcelana parecia feita de barro e os lábios rosados como a primavera simplesmente desprenderam da cor.

No último momento do mordomo a sós com a filha do duque, foi a primeira vez em que Dominic Phantomhive rezou... A primeira vez algo assim tomou seus lábios... A sensação era única e impagável.

Quando o corpo da mulher foi levado para o ducado de Norfolk, nem Sebastian nem Ciel acompanharam, mas suas ideológias estavam formadas e suas decisões tomadas... Ciel estava decidido a reencontrar suas família e Sebastian determinado para ver sua amada mais uma vez.






Um anjo - Sebastian Michaelis Onde histórias criam vida. Descubra agora