teeth (made of razors) • abo • l.s

"his demeanor."

Mais algumas horas se passam, Louis já perdeu um pouco da noção do tempo enquanto se afundava em mapas da cidade e escutava o rádio estalando no canto da sala de Liam, mas ele sabe que mais algumas horas se passaram a julgar pela forma como a agências começa a ficar um pouco mais silenciosa.

Está amanhecendo, o nefilim tem certeza disso, não porque ele consegue visualizar o sol começando a raiar no horizonte por alguma janela, não com a GBICAMC se localizando no subterrâneo de Londres, o enterrando e enjaulando como se fosse um animal em exposição no zoológico, o soterrando debaixo de milhares de toneladas de concreto, mas porque ele pode sentir o ardor em seus olhos e a forma como ele está piscando com mais lentidão, indicando que seu relógio biológico está pedindo para que ele descanse.

Mas ele não vai descansar, não quando ele sente como se houvesse um pássaro em seu peito preso em uma gaiola, que canta não porque está feliz, mas canta em um pedido de socorro, suas garras apertando as grades da jaula que a sua cavidade torácica se formou, seu bico arrancando suas entranhas da forma mais agonizante possível, implorando para ser solto no ar.

E Louis quer fazer isso, ele quer o soltar e o libertar dessa agonia, mas ele não pode fazer isso enquanto Harry não aparecer, enquanto ele não souber que o vampiro está bem ou pelo menos, em um ambiente controlado. Ele não sabe como o alfa vai estar quando eles se encontrarem, mas a julgar pelos seus cálculos, Harry já está há quase duas semanas sem beber sangue e céus, o que isso faz ao seu organismo?

Louis odeia não ter respostas, odeia não saber onde Harry está e nem o que acontece dentro de seu corpo porque ele nunca se importou o suficiente com vampiros para procurar sobre, mas algo bom não deve ser, certo?

"Louis, eu estou indo buscar algo para comer, quer alguma coisa?" Niall pergunta abandonando o local que virou a sua estação, mesmo sabendo que o nefilim não vai querer nada, o beta insiste em sempre perguntar.

O ômega balança a sua cabeça, negando enquanto segura uma caneta vermelha entre os seus dentes, outra caneta azul atrás de sua orelha e uma preta em sua mão enquanto ele usa o compasso para fazer um diagrama do perímetro do hospital, mapeando as coordenadas para ver se consegue achar alguma coisa.

Ele não irá conseguir, Liam já mandou uma força tarefa revistar o perímetro e até agora, nada de Harry.

Niall suspira, soltando um 'ok' levemente sabendo que Louis não iria ouvir, concentrado demais em sua tarefa. O problema de nefilins é esse, quando eles colocam a sua mente em algo, geralmente quando é coisas relacionadas a hábitos militares, eles não largam até que consigam aquilo pelo que anseiam, afinal, segundo histórias, eles descendem da anjos guerreiros, o que faz sentido pela forma como Louis age em algumas missões, sem pensar na maioria das vezes e com um instinto e mente tática.

No momento, a mente tática de Louis continua tentando de forma teimosa, mesmo sabendo que todos já tentaram todas as possibilidades existentes e agora ele precisa esperar pela revolta da maré que se tornou esse oceano profundo e obscuro, cheio de mistérios a serem desvendados.

A mordida em seu pulso lateja de forma intensa, fazendo todos os pelos de Louis se arrepiarem enquanto ele morde com força a caneta entre os dedos e usa o seu antebraço que segura o compasso para limpar a sua testa, um suor frio escorrendo pela mesma enquanto o maldito do pássaro em seu peito praticamente grita em agonia, voando dentro da pequena gaiola e se batendo contra as grades.

Esse tipo de dor e agonia seria o suficiente para fazer um alfa chorar, mas Louis não é um alfa, certo? Ele não chora.

[...]

Niall voltou alguns minutos depois e deixou um prato com um sanduíche de queijo e presunto com um suco de laranja, o que fez Louis franzir o nariz. Ele não queria isso, ele não pediu por isso.