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Amor Caridade.
É o amor doação e da plenitude. Esse amor não precisa de retorno, pois está alegre simplesmente em doar. Compreende o outro e o enxerga o outro com dignidade e sabedoria. Nós vivemos momentos ágapes quando praticamos a renúncia, esperamos o momento de cada um, aguardamos e compreendemos as questões do outro. É o amor transcendente.
𝄥𝄞────────── 𝄇
"Czennie!!!!!"
"Saranghae!"
Os gritos da multidão foram como chama direto em seu peito, e Haechan não pôde não sorrir, se sentindo feliz, satisfeito, completo.
Brincou com a plateia, fez cada performance com perfeição. Viu o mar verde fluorescente que vibrava como a mais linda maré, ondas e mais ondas de incentivos sendo feitas enquanto estavam no palco.
Conversou com os colegas, riu com eles. Apreciou o suor que deixava-lhes com a pele brilhando, pois o mesmo mostrava o seu esforço, sua dedicação, seu empenho. Sorriu para cada um, grato por estarem juntos.
Deu presentes, posou para fotos e fez questão de tentar olhar ao máximo para cada uma das pessoas que gritava seu nome, mesmo que nunca fosse conseguir dar atenção especial a todas elas. Queria lhes dar. Queria lhes mostrar. Mostrar que se importava.
Viu o céu daquele estádio aberto, as luzes artificiais tão fortes que ofuscavam as estrelas. Sabia que elas estavam ali, mas se permitiu se sentir uma estrela, naquela noite. Um pontinho de luz brilhando naquele imenso mar de algodão.
Todos os caminhos que percorreu o levaram até ali. Era onde devia estar. Fazendo o seu melhor.
Se doando por inteiro.
Desde as audições, às aulas, às práticas, até cada mínima performance. Dava tudo de si.
E poderiam lhe perguntar de onde vinha aquele olhar firme e seguro, mesmo quando tudo é desafio, quando tudo é tão escuro. As respostas que teria se encontravam nesse mundo, a certeza que sentia era o seu porto seguro.
Certeza que vinha quando via lágrimas de felicidade. Sorrisos incontroláveis. Mãos tremendo de emoção. Vozes ecoando em uníssono. Corpos se movendo livremente, sem amarras, sem restrições, sem ter que segurar todo o sentimento bom no peito, extravasando-o direto pela boca, em um milhão de hinos de alegria.
Eram aquelas forças do ser. Forças que pulsam em todos nós.
Era a ideia de que, sendo o melhor de si, despertaria o melhor nos outros. A esperança de que, pra mudar o mundo, ele teria que mudar. Ele escolheu mudar.
Era a visão de o quanto valia a pena, focando sempre nas vitórias, nas pequenas vitórias de cada dia. Como a força dos pensamentos bonitos e desejos de saúde, de paz, de felicidade pareciam lhe embalar todas as noites antes de dormir. Quando recebidos de uma pessoa apenas já era imensamente consolador. De milhares... simplesmente poderoso demais. Uma corrente incrível.
E aquela força despertava tudo em si.
Era mais que o amor em chamas, mais que o amor que seduz. Era o amor que ama, o Amor que é Luz.
Escolhia espalhar aquele amor, acessado dentro de si - que sempre esteve dentro de si - e abrir a porta do seu ser para todos aqueles que estavam dispostos a trocar desse amor puro.
Sabia que tinha que tomar cuidado com seu coração, instintivamente sabia, e por isso se certificava sempre de não cobrar, não exigir, não levar a mal, não esperar mais do que cada um estava capaz de dar. E se certificava, com o mesmo zelo, que ele próprio estaria dando o melhor que tinha.
Porque pra tocar alguém, tem que ter cuidado. Pois o mar do tempo, em seu vai e vem, traz de volta, ao presente, o passado...
E seu presente tinha, com certeza, muitas dificuldades, mas tinha também muitas oportunidades. Haechan aprendeu a vê-las assim.
Oportunidades de crescer, de doar, de entender toda aquela força que o movia e se abraçar a ela.
Oportunidades de se conectar com todas elas. Forças que inspiram, que pintam e dançam. Forças que escrevem, encenam e cantam.
Eram as mesmas forças que faziam cada um, único do jeito que é, compor a sinfonia perfeita da humanidade. Cada um tinha uma contribuição e cada um carregava virtudes. Bastava cuidar do seu jardim, podar os vícios, até arrancá-los pela raiz. Era difícil livrar-se dessas chagas, ele sabia, e estava tentando ainda. O vício do orgulho, o vício do egoísmo, que geram tantos outros, materiais demais e humanos de menos.
E para vencer, sabia, que era só com o amor. O amor é uma flor, a mais rara do seu jardim. E para voar no infinito, tornar-se um cometa, sentir a via-láctea na ponta dos dedos, como merecedor do universo, como parte da luz... tinha que deixar-se conectar às forças.
As forças que brilham nos centros do ser.
Aquelas que lhe permitiam ser forte para amar, norte pra guiar, mãos para servir. Ponte para unir. Fonte pra doar amor, quando a dor vier... e pode vir. Ser bem em meio ao mal, porto em vendaval, nobre frente ao vil, ovelha em covil. Ser quem vai dizer de amor, quando a dor vier... e há de vir.
Pois não há nada que possa parar a força que vem transformar o mundo em um mundo melhor. Não há nada que possa calar o canto que vem elevar o mundo em um mundo maior. Para todos. Porque podia ser luz.
Podia ser luz na Terra, podia ser consolação. Se os tempos são chegados, seria renovação - na filosofia, ciência, na religião. Podia ser luz na Terra, podia ser bem no mal. Se os tempos são chegados, seria o sinal - que a força do bem sempre vence a força do mal.
E, no fundo, só as verdadeiras forças prevalecem. De todas elas.
São as forças que guiam os seres e os mundos, forças que criam laços profundos.
Aquelas intrínsecas à bondade, mesmo quando o medo toma rumo para outras distâncias. Harmonias que regem miríades de mundos, vidas que transcendem os sóis. Aquelas que o chamavam a libertar todos os céus em si, visitar todas as províncias siderais para haurir o bem, renovar também.
