Quando as luzes caem sobre o palco do Shades in Red, no coração de Nova York, qualquer desejo pode ser realizado. Entre os movimentos insinuantes da dança, ou nos corpos nus que aparecem quando as peças de roupa são descartadas, qualquer cliente da...
Acordei me sentindo confusa. O meu cérebro custou a entender onde eu estava e o que havia acontecido. Foi quando me senti gostosamente dolorida e preguiçosamente satisfeita. Ainda estava de meias e luvas. Imediatamente as lembranças me levaram à biblioteca e aos braços de Adam. Meu Deus! Aquilo aconteceu mesmo? Eu fiz tudo aquilo mesmo? O que deu em mim? Acabei cedendo às investidas daquele homem incrível.
A minha cabeça começou a doer. Todas as lembranças terríveis do passado, que lutei tanto para deixar adormecidas, voltaram a me assombrar. Sexo era um gatilho para todo aquele terror que vivi.
Eu errei muito. As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Toda aquela dor e humilhação estavam de volta, me ferindo novamente. Por que simplesmente eu não podia seguir em frente como as pessoas normais faziam? O Adam me devolveu o corpo enquanto mulher, e agora eu estava imersa em sofrimento novamente. Que droga! Eu me sentia culpada por estar feliz.
Olhei para o lado e vi no relógio que já eram quase cinco da tarde. Meu Deus. Quanto tempo eu dormi? Por horas? Dei um pulo da cama e acendi as luzes. O impacto foi imenso. O quarto era enorme, aconchegante e lindo. A cama era tão grande que fiquei pequena diante dela. As roupas de cama eram brancas e macias. Cheiravam a fragrância de jasmim. De frente para a cama havia uma mesinha, e na parede acima dela, uma televisão. De cada lado da mesa, portas opacas de vidro. Supus que fossem o closet e o banheiro. O engraçado era lembrar que tive um quarto maior que esse em um tempo não tão distante, e que fui muito feliz e muito triste nele.
Sentei-me na cama e, um pouco mais calma, observei que em cima da mesa havia uma bandeja. Me aproximei e dei um sorriso bobo. Uma gentileza tão delicada que voltei a chorar. Como era bom ser mimada.
Na bandeja tinha bolo, doces, sanduíche e uma xícara de chá ainda quente, sinal de que aquilo estava ali há pouco tempo. Chá é tão britânico, pensei e sorri. Havia também uma tigela com frutas, um jarrinho com pequenas margaridas e uma pequena vela com a chama bruxuleando suavemente.
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Tudo era muito fofo! Mas, por quê?
Por que ele se deu ao trabalho da gentileza se já conseguira o que queria? Na verdade, pode ter sido uma empregada, concluí. Ainda assim, adorei o mimo e tive um pequeno momento de felicidade genuína.
Debaixo do jarrinho de flores havia um bilhete que dizia:
É a hora do chá para um inglês como eu. Não sabia do que você gostava, escolhi os meus sabores favoritos: frutas vermelhas, croissants amanteigados e chá preto com leite. Espero que goste, caso contrário, sinta-se à vontade para ir até à cozinha e preparar o que preferir. Peço desculpas por estar sem governanta hoje, dei folga a ela para que você não se sentisse constrangida com pessoas estranhas pela casa. O chá deve enganar a fome até a hora do jantar. Espero que tenha descansado, não quis acordá-la. Você fica ainda mais linda quando dorme. Têm toalhas e produtos femininos no banheiro. Espero que sirvam. Aproveite e relaxe. Estarei na biblioteca, ou no escritório, você já sabe onde ficam. A.