Capítulo VI - Sophie

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Acordei me sentindo confusa. O meu cérebro custou a entender onde eu estava e o que havia acontecido. Foi quando me senti gostosamente dolorida e preguiçosamente satisfeita. Ainda estava de meias e luvas. Imediatamente as lembranças me levaram à biblioteca e aos braços de Adam. Meu Deus! Aquilo aconteceu mesmo? Eu fiz tudo aquilo mesmo? O que deu em mim? Acabei cedendo às investidas daquele homem incrível.

A minha cabeça começou a doer. Todas as lembranças terríveis do passado, que lutei tanto para deixar adormecidas, voltaram a me assombrar. Sexo era um gatilho para todo aquele terror que vivi.

Eu errei muito. As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Toda aquela dor e humilhação estavam de volta, me ferindo novamente. Por que simplesmente eu não podia seguir em frente como as pessoas normais faziam? O Adam me devolveu o corpo enquanto mulher, e agora eu estava imersa em sofrimento novamente. Que droga! Eu me sentia culpada por estar feliz.

Olhei para o lado e vi no relógio que já eram quase cinco da tarde. Meu Deus. Quanto tempo eu dormi? Por horas? Dei um pulo da cama e acendi as luzes. O impacto foi imenso. O quarto era enorme, aconchegante e lindo. A cama era tão grande que fiquei pequena diante dela. As roupas de cama eram brancas e macias. Cheiravam a fragrância de jasmim. De frente para a cama havia uma mesinha, e na parede acima dela, uma televisão. De cada lado da mesa, portas opacas de vidro. Supus que fossem o closet e o banheiro. O engraçado era lembrar que tive um quarto maior que esse em um tempo não tão distante, e que fui muito feliz e muito triste nele.

Sentei-me na cama e, um pouco mais calma, observei que em cima da mesa havia uma bandeja. Me aproximei e dei um sorriso bobo. Uma gentileza tão delicada que voltei a chorar. Como era bom ser mimada.

Na bandeja tinha bolo, doces, sanduíche e uma xícara de chá ainda quente, sinal de que aquilo estava ali há pouco tempo. Chá é tão britânico, pensei e sorri. Havia também uma tigela com frutas, um jarrinho com pequenas margaridas e uma pequena vela com a chama bruxuleando suavemente.

 Havia também uma tigela com frutas, um jarrinho com pequenas margaridas e uma pequena vela com a chama bruxuleando suavemente

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Tudo era muito fofo! Mas, por quê?

Por que ele se deu ao trabalho da gentileza se já conseguira o que queria? Na verdade, pode ter sido uma empregada, concluí. Ainda assim, adorei o mimo e tive um pequeno momento de felicidade genuína.

Debaixo do jarrinho de flores havia um bilhete que dizia:

É a hora do chá para um inglês como eu. Não sabia do que você gostava, escolhi os meus sabores favoritos: frutas vermelhas, croissants amanteigados e chá preto com leite. Espero que goste, caso contrário, sinta-se à vontade para ir até à cozinha e preparar o que preferir. Peço desculpas por estar sem governanta hoje, dei folga a ela para que você não se sentisse constrangida com pessoas estranhas pela casa. O chá deve enganar a fome até a hora do jantar. Espero que tenha descansado, não quis acordá-la. Você fica ainda mais linda quando dorme. Têm toalhas e produtos femininos no banheiro. Espero que sirvam. Aproveite e relaxe. Estarei na biblioteca, ou no escritório, você já sabe onde ficam. A.

De repente o destino - Livro 1 - Trilogia De Repente - (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora