Bem vinda...

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Rodrigo não fala nada, esta extremamente concentrado no trânsito, acho melhor não falar também, ele não pode ter mais de um foco, se não se descontrola.

A que ponto cheguei, já conheço as manias e como contorna-las, mas um sinal se fecha e paramos.

- Não quer saber onde vamos ter a nossa aula?-Diz ele voltando o olhar para mim.

- Não quis interromper seu foco, mas onde vamos?- fico menos tensa, não suporto ficar calada por muito tempo.- Na Peripecia? achei um lugar legal, amplo.

- Não, vamos para um lugar mais amplo que a minha sala, alias, aquele azul refletido... fez a gente cair.

-  não Rodrigo na verdade o que fez a gente cair foi o embalo da musica e sua perna rebelde.- me lembro da situação, ficamos tão próximos, rostos colados, a respiração pesou, e o beijo, na porta da minha casa, sorte que ninguém viu.

- por sorte não nos machucamos, mas se tivesse acontecido algo, eu teria um kit primeiros socorros na sala, com tudo que é necessário, ataduras, pomadas, água oxigenada, para desinfecção...- eu começo a rir, e ele se cala.

- aí Rodrigo, para, se tivéssemos caído o máximo que aconteceria seria um roxo, ou um raladinho...- agora ele me interrompe.

- ah ra, se tivesse alguma escoriação, eu tenho a bolsa de gelo.- eu vejo o sinal abrir e mostro a ele, que muda de postura novamente e volta a ser 100% focado no trânsito.

O caminho vai passando, fico rindo das manias, de tudo que ele faz, sei que ele tem alguns problemas mas... Algo nele sempre me alegra, parece que sempre vou proteger ele de todos os males do mundo.

Ma dona mia, eu protegendo um homem desse tamanho, só destino mesmo, reparo onde estamos, um bairro chiquérrimo, os prédios lindíssimos, quando ele vai diminuindo a velocidade e entra em uma garagem de um dos prédios mais bonitos da rua.

- Onde estamos, Rodrigo?- digo deslumbrada.

- Calma, você está cheia de ansiedades, se quiser um calmante, tenho 4 versões, alívio rápido, um mais sutil, e dois saborizados, morango e laranja.- ele diz rindo.

- Não obrigada, eu aguento esperar.- balanço a cabeça sorrindo em negação, acho que se eu falar que eu estou morrendo ele tira um desfibrilador do bolso.

Ele estaciona, demora cinco minutos, mas consegue, sem surtar nenhuma vez, sai e da a volta no carro abrindo a porta para mim, que aceito sua mão de bom grado e de braços dados vamos até o elevador, ainda confusa com o local, Rodrigo aperta o 12° andar e lá vamos nós.

Seus olhos não saem de mim, involuntariamente sorrio, ele percebe que estava me encarando e disfarça, meu sorriso se alarga.

A sineta toca e a porta se abre, entramos na em uma porta belíssima, estende o braço para que eu entre primeiro, assim que o faço, entra atrás e fecha a porta, estamos no escuro, a luz é acesa revelando assim, um apartamento belíssimo, todo cheio dos luxo, de novela mesmo hein.

- Bem vinda ao meu apartamento.- diz guardando suas coisas no armário próximo a porta.

- nossa Rodrigo, que aparatamento, senti até vergonha de ter te levado para a minha casa.- ele ri.

- é mas de que adianta ter essa casona se não tenho ninguém, você tem a sua casa que é muito mais rica que a minha, lá você tem sua família que te ama.- ele sorri fraco.

- não diz isso Rodrigo, sem baixo astral, vamos dançar por toda essa sala, vamos.- tento anima-lo e por sinal da certo.

- vamos, mas antes vou trocar de roupa, e tomar um banho, será rápido.- diz ele saindo, mas eu o chamo.

- ah Rodrigo, pode até trocar a roupa, mas não tome o banho, se não eu vou me sentir uma desleixada, porque afinal fiquei o dia todo trabalhando na feira e vim para cá direto.- ele volta vindo na minha direção.

- mas não tem nada a ver com você, eu que te busquei, sem dar tempo de ir para sua casa e trocar de roupa, não tem problema.- ele pega minha mão e me gira sorrio, mas para o giro no meio fazendo com que eu fique de costas, assim me abraça e põe o rosto na curva do meu pescoço, e sussurra.

- trabalhou o dia todo e não deixa de estar cheirosa.- arrepio com sua voz contra minha pele, tanto que fecho os olhos, mas volto a realidade e me desvencilio de seus braços.

- tudo bem.- respiro fundo.- vá lá tome seu banho, eu aguardo.- ele se vira para ir e eu digo baixo, mas não baixo o suficiente.- que seja um banho frio.- só escuto ele rir lá dentro, e volta parando no corredor.

- banho frio em contato com o corpo pode causar um choque térmico, em casos graves pode se reverter em uma pneumonia.- eu não aguento e rio afundando meu rosto no sofá.

- Rodrigo vá tomar seu banho, estamos perdendo aula.- ele vai rapidamente e eu não paro de sorrir.

Logo me pego pensando no momento a minutos atrás, onde ele me fez arrepiar com palavras, seu hálito contra minha pele, os braços circundando minha cintura.

- Francesca, acho que quem precisa do banho é você.- digo baixo, que pensemos hein que pensamentos.

Dançando que se aprende a viverOnde histórias criam vida. Descubra agora