Prólogo

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POV Bianca Andrade

Praia de Copacabana, Rio de Janeiro - Quinta-feira, Janeiro de 2021 - 09h15

Endorfina.

Nada como uma boa dose de endorfina todas as manhãs.

Sempre venho na praia para começar o dia. Correr me faz bem e é um ótimo jeito de começar a manhã.

Eu estava correndo pelo calçadão fazia quase uma hora e meia, o que foi o suficiente para eu me sentir cansada. Resolvi ir falar com meu único amigo naquele lugar, assim como eu sempre fazia todos os dias.

— Bom dia, Sr. Carter! Como vai? — disse para o senhor de cabelos grisalhos atrás de um quiosque.

— Bom dia, Bianca! Muito bem e a senhorita, como está?

— Estou ótima!

— Vejo que realmente não se cansa de vir aqui todos os dias.

— Nunca! — sorrio. — Gosto de sentir a brisa fria da manhã.

— Tome cuidado para não pegar um resfriado, garota. — fez uma pausa e olhou para o céu. — Parece que vai cair uma chuva daquelas.

Acompanhei seu olhar. A escuridão havia tomado conta de praticamente toda a imensidão do azul-piscina que antes preenchia o céu quando eu havia saído de casa.

— Acho melhor eu correr para chegar em casa a tempo. — arregalei os olhos.

— Espero que consiga, senhorita. — desejou.

— Eu também. Até amanhã, Sr. Carter! — acenei.

Eu não morava longe da praia. Apenas algumas quadras e chegava ao meu apartamento.

Voltei a correr, dessa vez com um pouco mais de velocidade. Apesar de saber que não conseguiria chegar a tempo em casa sem me molhar com a chuva, queria tentar ao menos não chegar ensopada.

Bom. Tarde demais.

A chuva começou a cair e não parecia estar para brincadeira. As gotas d'água caiam com força do céu cinzento e me acertavam em cheio. Em poucos minutos e eu estaria encharcada.

(Inicie: American Money - BORNS)

Depois de algum tempo caminhei até a faixa de pedestres para poder atravessar a Avenida Atlântica em segurança, e esperei parada o boneco do semáforo ficar verde, indicando que a passagem estaria permitida.

Eu já havia presenciado diversos acidentes com ciclistas e até mesmo corredores amadores, como eu, por não terem prestado a devida atenção na hora de cruzar a rua.

Havia dois grupos de pessoas. O grupo do outro lado, para o qual eu pretendia ir, com pessoas que pareciam ser importantes. Homens vestindo seus ternos e falando em seus celulares. Mulheres trajando roupas sociais que iam de vestidos, até simples conjuntos com camisas e saias. Alguns possuíam guarda-chuva. Outros não.

E o outro grupo. O meu. Que estava do lado oposto ao primeiro grupo, também aguardando para a abertura do sinal.

Ao meu redor havia importantes empresários e empresárias, com suas pastas. Mas também havia pessoas com trajes mais simples, como eu, que vestia apenas um conjunto de moletom para treino.

Enquanto esperava pelo sinal, parei para analisar o meu estado. Sem guarda-chuva, sem capa de chuva, com os cabelos molhados pela água que insistia em cair e a roupa completamente encharcada.

A CHUVAOnde histórias criam vida. Descubra agora