Orphanage.

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14 de Julho, 1974

As paredes amarelas foscas, preenchiam a vista do menino, que se encontrava sentado na cama enferrujada. Suas pernas se balançavam vagarosamente, enquanto ele analisava a parede inocentemente. Seus cabelos castanhos escuros, estavam escondidos debaixo de um gorro cinza, enquanto suas mãos, luvas de dedinho na cor cinza o protegiam do frio da cidade de New York.

O menino havia crescido praticamente naquele lugar, então ele conhecia cada detalhe. Porém, por algum motivo inexplicável, ele adorava ver os detalhes daquela parede. O barulho que a cama enferrujada vazia, era o único barulho que ele podia escutar, enquanto estava sentado no colchão surrado da mesma. Sorrindo, ao perceber o novo detalhe, o pequeno órfão desvia os olhos da parede, e rabisca o seu caderno de desenho, que se encontrava nas suas pernas.

O lugar era simples, porém era acolhedor o suficiente para as crianças, que não tinham um lar. Camas padrões estavam espalhadas uniformemente entre o local espaçoso, junto com um travesseiro gasto e um cobertor. E para finalizar aquele típico dormitório, de um orfanato de classe média, uma espécie de baú, se encontrava ao pé de cada cama, onde as crianças colocavam seus pertences e roupas.

Piscando os olhos, o garoto de olhos castanhos escuros, logo suspirou profundamente, enquanto voltava seu olhar para a mesma parede. O garoto era diferente das maiorias das crianças do seu orfanato, desde pequeno ele era tachado como bastardo ou esquisito, apenas pelo o fato dele não conseguir se envolver com ninguém – um dos motivos dele sempre preferir a companhia da parede amarela, do que outras crianças da sua idade.

Tirando os apelidos cruéis que recebia, o pobre menino também tinha que ouvir os murmúrios maldosos, que crianças mais velha que ele fazia. "Sua mãe deu graças a deus, por ter partido para a melhor, do que ficar com você!", "Falam que a mãe dele era aquelas mulheres da vida, por isso que ninguém sabe quem era o pai dele", "Olha se não é o garotinho esquisito, que matou a própria mãe!".

Era tantas frases maléficas que os ouvidos do garoto captava, que ás vezes ele se sentia um monstro por ter nascido. Se não fosse por ele, sua mãe ainda estaria naquele mundo e com certeza em uma situação melhor. Era verdade, que ele não sabia nada do seu parentesco do lado paterno, e a única coisa que ele sabia da sua mãe, era que ela se chamava Elizabeth, o que era um grande avanço para um menino, que não sabe nada da sua origem.

Sentindo um líquido quente escorrer pela a sua bochecha, o garoto de apenas cinco anos, limpa rapidamente com as costas das mãos, as mesmas, enquanto fungava profundamente. Ele odiava sempre quando ele se pegava pensando na sua mãe, que nunca havia conhecido ou se lembrava. Apertando os olhos, o menino novamente limpa com as costas das mãos, a face, se certificando de não chorar mais.

Logo ele pode ouvir passos, e com resquícios de lágrimas, ele encontra uma menina em torno de sete anos. Seus cabelos loiros queimados, estavam presos em uma Maria Chiquinha trançada, sua vestimenta, era um vestido cinza de mangas longas. Mas o que realmente atraiu a atenção do garotinho, foi os olhos verdes, que literalmente brilhavam tanto, quanto o sorriso dela.

- Hey, Rick! – ela exclama alegremente, mas logo seu sorriso some ao ver o garoto – O que houve?

- Não foi nada... – a voz do menino estava baixa e ele logo olhou para as próprias mãos - Margaretth, você acha que eu fui o culpado pela minha mãe morrer?

- Oh, Richard, você não teve culpa de nada! Não fale tal besteira, nunca mais! – a menina, exclama formando uma careta.

Margaretth, era basicamente uma irmã mais velha para Richard, praticamente o cuidava e o animava em qualquer momento. Até hoje, o garoto não sabia como Margaretth nunca havia sido adotada, ela era o que qualquer casal procurava em uma criança. Mas o que o pequeno não sabia, era que a menina é doente, esse foi o motivo dela ser deixada com apenas quatro anos no orfanato.

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