Folkie

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— Essa carroça não vai parar de de balançar? Estou ficando enjoado aqui. - reclama Folkie e o irmão mais velho revira os olhos.

— Pare de reclamar, pelo menos mamãe não te fez ajudar com os cavalos. 

— Pelo menos eu ainda estaria no castelo com Lúcia. - Folkie deu de ombros, um silêncio se instalou até ouvirem sons atrás da carroça. - Ouviu isso?

— O que?

— Não sei... - Folkie olha para trás e o irmão o imitou, não viram nada. - Estranho, achei ter ouvido um grunhido.

— Não comece com bobagens!

Eles ouviram mais grunhidos ao redor, as árvores mexiam e o mais velho parou a carroça. Folkie engoliu em seco, achando tudo muito estranho. Em segundos dois ogres altos e negros aparecem de cada lado da carroça, quando o grito chegou na garganta de Folkie, eles já estavam cercados por cinco soldados sem identificação de reino, e um senhor de idade com barba branca ao lado de um soldado alto e musculoso que parecia um general.

— Uma criança... Interessante. - o velho diz e suspira.

— Vai servir? - o soldado pergunta fazendo um sinal para os soldados pegarem os dois narnianos e os algemarem. 

— Apenas para abrir o portal. - ele responde e o soldado fala em seguida mais baixo;

— Ótimo, é assim que ele deseja.

O mago franziu o cenho mas concordou, olhou em seguida para os dois meninos, o maior tentava a todo custo se soltar das algemas e o mais novo encarava o mago com curiosidade, a criança parecia inteligente e observadora aos olhos do mago. 

[...]

— Para onde estão me levando? Porque me separaram do meu irmão? - Folkie pergunta assim que consegue se livrar do pano que tinham colocado em sua boca.

— Chegamos. - o general responde empurrando o menino que caiu no chão rochoso, era o alto de uma colina onde podia se ver o rio correndo logo a baixo.

— Está na hora. - o mago diz após respirar fundo, tirou o capuz da cabeça e se aproximou de uma rocha enorme no centro na colina e colocou sobre ela a pedra verde, Folkie arregalou os olhos reconhecendo a pedra somo sendo uma Turquesa.

— O que está fazendo? - ele pergunta e o mago o olha de soslaio, curioso.

— Sabe o que é isso?

— A pedra Turquesa, dizem que traz sorte e que faz conexão com qualquer lugar do mundo. - Folkie engoliu em sego começando a ficar nervoso.

— Anda logo! - o general diz impaciente e o Mago suspira.

— Venha, garoto. - o velho faz um aceno e Folkie continua parado. - Pode vir, não vamos machucá-lo.

Folkie se aproximou lentamente, ainda estava com os punhos amarrados em frente a barriga, o mago o colocou em frente a rocha e o fez esticar as mãos abertas na direção da pedra Turquesa.

— Agora eu quero que pense na sua memória mais importante, mais feliz e na pessoa pessoa que mais ama, ou alguém por quem tem sentimentos fortes. - o mago diz e Folkie franziu o cenho.

— Porque quer que eu faça isso? 

— Apenas faça, garoto. - o mago expressou um olhar de pena e remorso. - Não quero que se machuque.

O mago esticou suas mãos em direção da pedra e começou a sussurrar palavras que Folkie não conseguia identificar a língua, aquilo só podia ser algum tipo de feitiço. Os céus começaram a trovejar e escurecer, um vento balançou as árvores e o menino se assustou.

— Agora. - o mago diz a Folkie.

O menino fechou os olhos e pensou em tudo o que o mago disse para ele fazer, mesmo que não quisesse, ele não via outro jeito. Folkie sentiu as pontas dos dedos formigarem e com os olhos fechados sentiu uma luz o incomodar mesmo assim, quando abriu os olhos viu a luz azul da pedra invadindo o céu. Folkie quase não percebeu pela velocidade do ocorrido, mas uma luz menos brilhosa daquela da pedra, saiu de dentro de seu peito e juntou a luz azul, uma miragem em sua frente mostrou o rosto de Lúcia, sorrindo.

— Interessante. - o mago diz, olhando a miragem na luz azul.

— O que é isso? Porque a Rainha Lúcia apareceu? - Folkie ficou desesperado não sabendo o que tinha acontecido.

— É aparente que, ela, é sua memória marcante e quem mais ama.

A resposta do mago fez o menino arfar, ele sabia que a Rainha Lúcia era sua melhor amiga e sentia algo forte por ela, mas era novo demais para saber que aquilo se chamava amor, do mais puro e verdadeiro. A luz azul que tinha invadido o céu se expandiu ao redor e desapareceu, deixando apenas uma fenda amarela logo na ponta do pico da colina. Um dos poucos ogres que estava lá, fez um barulho diferente do normal, um urro alto e estridente. Por um segundo nada aconteceu, mas então a fenda, que Folkie descrevia em pensamentos como um fina rachadura ou cicatriz flutuando no ar, começou a brilhar mais fortemente, e de lá saiu como mágica um ogre negro maior que os normais. Foi então que Folkie percebeu o que fez.

— Não...


𝙲𝚘𝚗𝚝𝚒𝚗𝚞𝚊...




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Oi pessoal, desculpa a demora para atualizar. O capítulo de hoje foi pequeno porque ele abre a jornada final dessa segunda parte, muitas coisas vão acontecer, capítulos pouco mais longos que o normal e acho que em 4 capítulos eu encerro esse arco da história.

Depois dessa capítulo, o que vocês estão deduzindo que vai acontecer? Estou curiosa pra saber!

Aurora | NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora