Diez pt. 2 | No te quiere como yo te quiero

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  Maria, esse capítulo é dedicado à você, gata.


        Eu poderia ter aberto o jogo com Jasper naquela manhã, eu poderia ter sido verdadeiro com ele ao menos uma vez e por mais que pudesse ser vergonhoso e complicado, tiraria um peso enorme das minhas costas.

Mas eu não tive coragem.

O que chega a ser cômico, porque eu já tive coragem para tantas coisas. Sempre tachado como alguém impulsivo, alguém que não pensa direito, mas no momento em que me vi prestes a contar toda a verdade, as palavras fugiram da minha boca.

E meu coração saltou dentro do peito, o medo me corroeu, e tudo o que eu fiz foi pedir desculpas. "Desculpa por ter perdido a nossa aliança, Jasper."

Ele ficou bravo, claro que ficou e passou a semana inteira assim, resmungando amargurado. Dizendo aos quatro ventos que eu não tenho apego ou consideração, que eu não vejo valor de verdade nas coisas.

Mas eu vejo, eu vejo valor em muitas coisas.

Com o tempo, ele esqueceu, eu o fiz esquecer daquele drama todo. Quando voltamos para os Estados Unidos, comprei um par de alianças novas, que não nos serviram de absolutamente nada já que o pedido de casamento veio na mesma noite.

Eu aceitei, abrimos uma garrafa de espumante, comemoramos e eu o esperei dormir. Para me sentar na varanda e me permitir pensar nas voltas e capotes que minha vida deu.

Com meu coração apertado dentro do peito, uma dor imensa me consumindo e era como se cada pedacinho do meu corpo doesse. As lágrimas vieram sem controle algum, desmoronei aos poucos, com todos os meus pensamentos nele.

A saudade sufoca.

Abracei minhas pernas, sem forças para chorar. Encarei os prédios a minha frente, quase não podendo enxerga-los pela neblina da noite, estremeço pelo frio, mas me recuso a entrar.

Passo a noite inteira ali, resistindo a tentação de ligar pra ele ou mandar mensagem. Adormeço e acordo no instante em que o sol nasce.

Só então entro em casa, fitando o anel de noivado no meu dedo. E dessa vez, não há nenhuma das joias de Hoseok em minhas mãos para tirar a atenção dele.

É assim que termina.

(...)

Encaro meu reflexo no espelho grande do quarto do hotel. Desço os olhos para a gravata borboleta em minhas mãos, passando os dedos pelo tecido fino e soltando o ar devagar.

Acho que subir no altar vai ser mais difícil do que pensei que seria.

Ouço batidas na porta, não respondo e elas ecoam novamente pelo cômodo.

Sem resposta, a pessoa abre a porta e entra.

Seus passos em salto alto fino se aproximam, até que apareça no reflexo do espelho logo atrás de mim, com um sorriso largo no rosto.

– Maninho... – apoia as mãos em meus ombros – Tá nervoso?

– Um pouco.

E ela apoia o queixo na minha cabeça ao me abraçar pelo pescoço, me encarando pelo reflexo.

– Estou tão feliz por você, Tae. – murmura – Confesso que de você eu esperava um casamento enorme...

– Não dá pra planejar um casamento gigante em cinco meses – dou de ombros – Jack também não queria uma festa grande...

– Eu achei perfeito.

– Perfeito demais – minha voz soa baixa.

Noto seu cenho franzido, a confusão em seu rosto.

Bésame | VhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora