E os seus olhos pousariam, mesmo que em meio ao caos, em direção ao céu…
A neve despencava morosamente, no entanto, todos — que questionavam a sua origem — assistiam o cobrir dos três reinos de Moron por inteiro; os flocos criando uma cama macia e alvacenta sobre casas, árvores e qualquer objeto ou ser vivo que estivesse desprotegido, fora das acomodações de madeira e pedra.
As aves despenhavam congeladas, incapazes de suportar a friagem que acometeu todo o pequeno planeta. Fora vertiginoso feito o subir das cinzas em meio ao fogo, tão desesperado, similar ao sopro da ventania dos meses de estio. As senhoras realizavam as suas preces aos antigos, ajoelhadas em milhos a fim de pagar as penitências, e os homens se preparavam para os sacrifícios que esses tempos requeriam.
Os reis Maglun Eskine de Érigeon, Fária Granã de Dalléas e Sevrion Berit de Vika; em seus respectivos palácios à léguas de distância; berravam para os seus acólitos palavras de injúria, uma vez que os legentes do futuro — responsáveis pela manutenção da harmonia territorial — deveriam ter previsto tamanha calamidade e os alertado dos perigos que sombreavam as suas ocupações.
Encontravam-se todos desprotegidos, visto acreditarem que teriam tempo suficiente para guardarem provisões para a época das saraivas. Contudo, tudo aquilo que se via plantado já não possuía mais a sua função.
O desespero bateu à porta…
No entanto, nas mais remotas regiões de Érigeon, reclusa na baixa de um outeiro, dentro de uma vivenda um tanto diminuta e ao lado de um cachorro acinzentado — com uma pelugem preta cobrindo o olho esquerdo e mesclado, em partes, por manchas amareladas — estava Chantara, se perguntando como tudo havia ficado tão alvo em poucas horas.A garota cruzou os braços e tremeu o queixo, buscando algumas peles para se proteger da friagem que aparentava perdurar por muito tempo, provavelmente ao longo dos próximos dias. Ela se aconchegou em casacos e botas acolchoadas de um tom terroso, buscando um par de luvas na gaveta de sua antiga cômoda e um cachecol para proteger o seu companheiro que, apesar de peludo, também sentia os impactos da friagem recente.
A garota acendeu a lareira e percebeu que tinha pouca lenha, uma vez que não estava preparada para o período de friagem, no qual se via prevista apenas para quatro ciclos à frente. Ainda se encontravam na época do florescer, no qual as flores desabrochavam e o colorido invadia o coração do bosque que se via no entorno de sua residência. A jovem prendeu os cabelos acobreados com um elástico e buscou a sua faixa felpuda para cobrir e aquecer as orelhas. Sorriu, uma vez que apreciava os dias frios, embora a escassez dos alimentos nessa época lhe preocupasse.Suspirou um ar que se fazia visível.
— Quem imaginaria, bolota, que a friagem chegaria tão cedo? — murmurou Chantara para o seu mascote, os seus olhos de um verde vicejante, com o tom amarelo-dourado cercando as pupilas, encarando o vazio das suas provisões.
O cão a encarou como se a estivesse entendendo e a jovem afagou o seu pelo enquanto se dirigia para a varanda de sua casa, que jazia nas cercanias das bétulas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Estrela do Inverno
FantasyCʜᴀɴᴛᴀʀᴀ ɴᴀ̃ᴏ ɪᴍᴀɢɪɴᴀᴠᴀ ǫᴜᴇ ᴜᴍᴀ ᴇsᴛʀᴇʟᴀ ᴘᴜᴅᴇssᴇ ᴄᴀɪʀ, ᴍᴜɪᴛᴏ ᴍᴇɴᴏs ǫᴜᴇ ᴄᴏɴsᴇɢᴜɪssᴇ ғᴀʟᴀʀ ᴄᴏᴍ ᴇʟᴀ. ✵✵✵ 𝔈𝔯𝔞 𝔲𝔪𝔞 𝔳𝔢𝔷, 𝔲𝔪𝔞 𝔭𝔯𝔬𝔣𝔢𝔠𝔦𝔞, 𝔲𝔪 𝔠𝔞𝔠𝔥𝔬𝔯𝔯𝔬, 𝔲𝔪𝔞 𝔤𝔞𝔯𝔬𝔱𝔞 𝔢 𝔲𝔪𝔞 𝔞𝔳𝔢𝔫𝔱𝔲𝔯𝔞, 𝔫...