O cair de uma estrela revelava-se o prenúncio de novos tempos...
O UNIVERSO era um grande berço e nós, as estrelas, crianças embaladas em seu refúgio. Criadas por uma força incompreensível, no entanto, jamais duvidávamos que tínhamos um belo propósito. Eu era a estrela mais alva e brilhante do firmamento, me chamavam de Nixie Sellar, a herdeira do céu. Via-me banhada por uma luz que chamava a atenção dos viventes nos astros abaixo de nós e eles, tão encantados, a meu ver, planejavam toda a sua vida lendo e interpretando os meus movimentos de pulsão.
Eles, os nominados humanos, rogavam desejos com muita frequência e eu, boba em assistir os seus flertes com à noite, sempre os concedia. Às vezes, demorava certo tempo para os pedidos chegarem até mim — o que para eles eram anos, para mim se via feito um piscar de luz — mas sempre que ouvia a frase costumeira: "minha boa estrela, ilumine meu caminho e me dê força para cumprir o meu desejo", favorecia aqueles que intercediam com o seu coração bondoso.
Apesar disso, não poderia dizer com certeza quanto tempo tinha de vida ou quando o meu corpo se expandiria miraculosamente para dar origem a uma nova estrela: forte, significativa e agraciadora de grandiosas recompensas.
Contudo, tendo em vista a vida longeva de todas as minhas outras irmãs, sabia que apreciaria o meu berço por muitos milênios. E me encontrava demasiadamente feliz em conhecimento disso, rodeada por uma espuma nebulosa de cores vibrantes e orbes que comportavam viventes.
Porém, certo dia, senti-me estranha e passei a expelir pequenos flocos de luz sobre a esfera miúda que adora apreciar. O meu brilho oscilava, o que causava estranheza, e a expansão não aparentava com aquela que deu origens a várias irmãs que presenciei nascer. Ninguém me dizia nada, ficaram tão silenciosas de repente...
Contemplava-me totalmente em desequilíbrio e o astro — que eu observava e ele me encarava em retorno — parecia estar assim como eu: desfalecendo sobre uma camada espessa de uma cintilância desbotada. Senti-me tremeluzir, perder força e ganhá-la rapidamente de maneira que me via engolida por mim mesma.
A minha luz, afinal, findou em um sopro indistinto e me vi a cair, a cair e a cair...
Estava quente e frio, não sabia se eu era gelo ou se era fogo; mas eu seguia, mesmo que sem compreender, em rumo a algum lugar.
Talvez, com toda a sorte, fosse meu destino me tornar uma estrela fugaz... Rompendo o céu feito uma tocha acesa na escuridão.
Portanto, prossegui a minha viagem, impulsionava pelo meu leito, assistindo o despedir baixinho de minhas irmãs, girando em minha divagação; tentando prosseguir curiosa a respeito da minha travessia iminente.
As estrelas poderiam sentir medo? Eu reconhecia algo revirar dentro de mim e, em desalento, regurgitava flocos de luz outra vez. A velocidade não me era agradável, visto a sempre ter permanecido prostrada no mesmo lugar.
Nesse momento, vislumbrei ao longe o surgir de uma esfera reluzente, ainda que diminuta, de uma tonalidade azul-esverdeada, e aparentava que eu estava a segui-la. Rápido, tão veloz que tudo se tornou um borrão colorido, as minhas irmãs tão destoantes que me vi em desespero.
Então, senti o impacto de colidir em um globo, numa explosão em que tudo se apagou em minha consciência estelar e, enfim, quando o frio violento congelou a minha visão, não captei mais nada...
✵Arte que fiz da Nixie ✵
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A Estrela do Inverno
FantasiCʜᴀɴᴛᴀʀᴀ ɴᴀ̃ᴏ ɪᴍᴀɢɪɴᴀᴠᴀ ǫᴜᴇ ᴜᴍᴀ ᴇsᴛʀᴇʟᴀ ᴘᴜᴅᴇssᴇ ᴄᴀɪʀ, ᴍᴜɪᴛᴏ ᴍᴇɴᴏs ǫᴜᴇ ᴄᴏɴsᴇɢᴜɪssᴇ ғᴀʟᴀʀ ᴄᴏᴍ ᴇʟᴀ. ✵✵✵ 𝔈𝔯𝔞 𝔲𝔪𝔞 𝔳𝔢𝔷, 𝔲𝔪𝔞 𝔭𝔯𝔬𝔣𝔢𝔠𝔦𝔞, 𝔲𝔪 𝔠𝔞𝔠𝔥𝔬𝔯𝔯𝔬, 𝔲𝔪𝔞 𝔤𝔞𝔯𝔬𝔱𝔞 𝔢 𝔲𝔪𝔞 𝔞𝔳𝔢𝔫𝔱𝔲𝔯𝔞, 𝔫...