Capítulo 5

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Jack definitivamente não estava brincando quando disse que queria chegar antes dos guerreiros do rei do Norte. Ele manteve uma corrida rápida, diminuindo poucas vezes para o cavalo descansar um pouco. Quando questionaram sobre, Jack admitiu estar nesse ritmo desde o momento em que a notícia chegara em seus ouvidos, no dia anterior.

A viagem, no entanto, não foi tão longa quanto os irmãos pensavam, e antes que o sol andasse muito e eles tivessem passado por mais que dois tremores, eles já se encontravam em uma região montanhosa, encarando as pernas de, com certeza, um gigante.

Os três soltaram um soluço de surpresa. O gigante deveria ter, no mínimo, quinze metros. A cabeça parecia bem pequena em relação ao corpo forte, mas isso ainda não ajudava com a coragem, que parecia ter se esvaído completamente de seus corpos tão pequenos e insignificantes perto daquela massa enorme alguns metros à frente.

Jack, entretanto, estava passando por momentos muito complicados financeiramente, e se recuperou logo do choque.

Cutucando a barriga de seu cavalo com os calcanhares, ele se aproximou do gigante, que sequer percebeu a sua presença até que ele estivesse gritando a plenos pulmões para chamar a sua atenção.

— Ah! — o gigante exclamou. Sua voz soava muito alta, apesar do tamanho, e era grossa como a de um urso. — Um humano! Veio aqui para reivindicar a minha prisioneira, que grita tanto que meus ouvidos já estão machucados?

— Onde ela está? Solte-a, gigante! — esbravejou Jack, parecendo ser muito mais corajoso do que realmente era. — Ou eu o matarei!

— O quê? — indagou, abaixando um pouco a cabeça na direção do garoto, como se não tivesse escutado.

Jack repetiu.

— Ah! — ele voltou a ficar ereto enquanto uma de suas mãozonas apontava para sua barriga, onde estava presa uma bolsa de couro velha. Dela, apenas a cabeça loura da filha do rei do Norte aparecia com uma expressão contente. — A princesa está aqui. E não precisa me chamar de gigante. Feijão é meu nome, e eu gostaria que você tivesse pelo menos esse respeito comigo — disse, a cara fechada numa carranca ao pronunciar a última frase. — Aliás, qual é o seu nome, humano?

— Jack.

— O quê?

— Jack!

A cabeça do gigante se moveu em negativa, sem entender. Zariah e Rowan, que já haviam se aproximado, se uniram ao coro da pronuncia do nome de Jack.

— Mais humanos! — as sobrancelhas do gigante se ergueram em surpresa. — Olhem, eu não tenho muito tempo para perder e eu definitivamente não quero matar muitos humanos, então... — ele fez uma pausa, subitamente muito pensativo. — Então por que não sobem em meu pé para podermos conversar de uma forma rápida e sem mortes?

Os três se entreolharam, confusos. Aquilo só poderia ser uma armadilha. Que tipo de gigante sequestra uma princesa e depois diz que não quer mortes?

— Decerto ele está falando isso para ficarmos mais perto da boca dele para ele nos devorar — disse Zariah, mas Jack negou com a cabeça.

— Gigantes não comem humanos. Pelo menos, não no Norte. Esse aqui é meio surdo, e não chegaremos a lugar algum aqui no chão. Tenho medo mesmo é dele perder a paciência e ir embora. Jamais alcançaríamos ele se corresse.

Zariah colocou uma mão no queixo, pensativa.

— Eu e Rowan poderíamos distrair Feijão enquanto que você tira a princesa daquela bolsa e escapa.

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