27/12/2020

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Respiração pesada, ela sente sufocar. sozinha a todo instante. Quando há de parar?
enquanto fazia sua higiene bocal após o banho ela notou seu rosto, se notou, pela primeira vez em tempos. Escovando os dentes, manejando a escova, fazendo círculos e se mergulhando em pensamentos. ela se notou. Como pode alguém tão novo ficar tão abatido? A primeira coisa que ela nota são as grandes bolsas em baixo de seus olhos. Poderiam dizer que ela apanhou, que aquilo abaixo de seus olhos eram hematomas. Resultado de uma briga, uma briga intensa e diária, contra si mesma. Todo dia se segurando para não se machucar fisicamente, mas inconsciente causando mal a si mesma. Quando um vício ou uma obsessão cessam ela acha outra. Tudo que passa pela sua cabeça é se afogar. Se afogar. Num mar de sangue, esse que ela sente tão pulsante; esse que mesmo inconsciente a machuca. Seria adorável se ver livre de tudo apenas descansando, boiando e deixando afundar-se aos poucos. Ou seria esse um agradável mar de álcool? Já que ela luta tanto contra a maré sangrenta porque não se deixa levar por essa outra tão apetitosa?

Os problemas podem ser esquecidos, ela pode se deixar levar. Irão julgar, apontar, mas ela já está acostumada. Cansa ser a senhora perfeitinha. O que seria um momento de insensatez comparado com toda uma vida de tentativas de perfeição? Bom, seria tudo, seria seu maior fracasso. Mas ela também já teve um momento desses, de se deixar levar. Decepcionante. Mas por que ela chora? Ela não é feliz? Por que ela bebe? Ela é muito nova para sofrer e precisar tanto assim da bebida. Por que ela não se relaciona com outras pessoas? Todos na idade dela fazem isso. POR QUE, POR QUE DIABOS ELA NÃO É NORNAL?

Pelo menos ela é dedicada aos estudos, ela põe tudo de si. Mal sabem os outros que ela se esforça tanto não para alcançar os seus objetivos, mas para deixar sua família orgulhosa. Para compensar quem ela é. Mas quem ela é? Se quer ela sabe responder essa pergunta. Vivendo na sombra dessa suposta perfeição, ela acaba se esquecendo de quem realmente é.

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