Eu e Reggie havíamos tirado o dia para procurar pistas sobre o meu irmão, ele parecia bastante interessado em saber o que aconteceu, acho que minha vida estava servindo de entretenimento para ele.
— Então você é tipo a esquisitona da escola? — Ele me perguntou.
— O que quer dizer exatamente com isso? — Questionei.
— Sabe, a garota esquisita dos filmes de romance? Que é toda tímida, e no fim fica com o atleta? A nerd.
— Para sua surpresa nem sempre eu fui tão sozinha assim. — Respondi. — Posso não falar com muita gente como eu falava antes, mas as coisas mudaram depois de Cole, o jeito que as pessoas me olham é diferente é como se tivessem dó de mim.
— Acho que poderia se surpreender. — Ele sorriu para mim
Continuamos a caminhar em um silêncio confortável e observava as coisas ao meu redor com interesse, Reggie cantarolava algo enquanto me observava, por um momento nossos olhos se encontraram, eu sorri com isso, mas logo virei a cabeça sentindo minhas bochechas corarem.
— Gosto de passar esse tempo com você. — Ele falou.
— É mais legal do que eu pensei. — Ri.
— Fico feliz por pensar isso. — Ele me respondeu.
— Mas afinal, o que viemos fazer aqui? — Perguntei. Apesar de saber que as casas ficavam perto da praia.
— Achei o colar nessa rua, talvez algum deles saibam sobre.
— Boa ideia. — Sorri.
Batemos em mais ou menos umas quatro portas e todas com a mesma resposta: "não sei de nada!"
Na nossa quinta tentativa batemos na porta de uma casa toda rosa, ela era linda, mesmo que um pouco brega.
Uma senhora de cabelos brancos e olhos esbugalhados que carregava um sorriso maroto em seu rosto nos atendeu:
— Olá querida! — Se apresentou para mim. — Do que gostaria?
— Poderia me informar se um garoto alto, olhos castanhos, parecido comigo, passou por aqui a algum tempo? Por volta de um mês.
Um mês e doze dias mais precisamente.
— Lembro, claro que lembro. — A mulher respondeu e isso fez meu coração se encher de esperança. — Ele parecia assustado, gritava algo como socorro, era carregado a força por um homem, cheguei até chamar a polícia mas quando eu vi eles haviam desaparecido, sem rastro nenhum.
Meu coração se apertou ao ouvir ela dizer aquilo, como? Como aquilo pode acontecer? Como simplesmente ninguém se tocou?
— Me desculpe. — A mulher respondeu e com uma força que eu nem sabia que existia em mim, sorri para ela, mesmo não tendo vontade, mesmo querendo gritar, mesmo querendo culpar a tudo e todos, mesmo me culpando.
— Obrigada. — Respondi baixo e saí dali.
Ao meu lado Reggie estava nervoso, ele não sabia o que dizer ou como agir.
— Valen, talvez não devesse perder tanta energia nis...
— Ele está vivo! — Respondi. — Eu sei que está. — Suspirei. — Eu nasci com ele, eu sinto ele em mim, e algo me diz que ele tá vivo, que vale a pena lutar, e um irmão não desiste do outro. — Me segurei para não chorar, me segurei para não demonstrar que aquilo me afetava tanto, ninguém jamais entenderia a dor de perder um irmão do dia para noite.
— Vamos achar ele então. — Ele sorriu. — Confio no seu instinto de irmã. Vou olhar as câmeras do dia do desaparecimento dele hoje. Faz quanto tempo?
— Um mês e doze dias. — Respondi.
— Tudo bem. — Ele sorriu. — Vou dar um jeito de encontrá-lo.
— Obrigada.
— Temos um trato, não temos?
— Temos. — Sorri. — Inclusive lendo o livro descobri mais sobre essa coisa de fanstama, vocês podem ficar visíveis por um dia todo! Mas só é possível uma vez por mês.
— Sério? — Reggie sorriu. — Isso é perfeito para os shows.
— É mesmo, inclusive vocês tocam muito bem, vi uma apresentação de vocês na escola, um pouquinho mas vi.
— Obrigado, significa bastante. — Ele sorriu.
Eu havia passado um tempo com Jules para podermos descobrir mais sobre o livro e as coisas estavam indo bem o bastante e usar como desculpa para ficar fora de casa, e longe dos gritos.
Já estava de saída quando passei para me despedir dos garotos na garagem mas acabei por escutá-los conversando e decidi não interromper:
— Você e a Valentina passaram bastante tempo fora. — Luke falou.
— Faz parte do acordo. — Reggie respondeu.
— O qual eu não faço ideia de qual seja. — Luke bufou. — O acordo incluí sair com ela ou algo do tipo é? Tipo, encontros?
— Não, claro que não. — Reggie respondeu.
— Bom, é o que parece. — Luke respondeu novamente.
— É outra coisa, não dá pra te contar. — Reggie respondeu novamente.
— Eu acho vocês fofos juntos. — O guitarrista riu.
— Não tão fofos quanto você e a Julie. — Reggie falou novamente.
— Não há nada entre nós. — Luke riu.
— Todos já perceberam. — Reggie sorriu. — Quem sabe quando admitir alguns sentimentos, eu não admita outros. — O moço deu os ombros.
— Tudo bem, eu realmente sinto algo pela Jules.
— Sério?! — Reggie virou atordoado me fazendo rir atrás da porta. — Eu sabia! Sempre soube! Os olhares obviamente significavam algo. E deixando claro que não tem nada rolando entre eu e a Valen tá? Era só um jeito de você confessar.
Luke riu e pude vê-lo concordar com a cabeça.
Bati levemente na porta assustando os dois por pensarem que parte da conversa eu poderia ter escutado mas fingi que havia acabado de chegar.
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𝚂𝙴𝙲𝚁𝙴𝚃𝚂 𝙰𝙽𝙳 𝙶𝙷𝙾𝚂𝚃𝚂| 𝙹𝙰𝚃𝙿
Fanfiction𝚂𝙴𝙶𝚁𝙴𝙳𝙾𝚂 𝙴 𝙵𝙰𝙽𝚃𝙰𝚂𝙼𝙰𝚂| Valentina não está nada animada com o ensino médio, festas ou qualquer coisa do tipo desde que seu irmão desapareceu, ela nunca se sentiu tão só e perdida quanto se sentia naquele momento mas o que poderia faz...