02. a ponte

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Os raios de sol da manhã banhavam o quarto único da casa, escorrendo pelos lençóis brancos com sua cor dourada enquanto Jeongguk abria os olhos. Ele encarou a janela coberta pela cortina semi-transparente de linho e bocejou, com sono. "Parou de chover", pensou e abriu um leve sorriso.

Depois de ver a tatuagem de Vante e elogiá-la, surpreso, o colega decidiu dormir. Como ficaria na sala, Jeongguk teve que sair para dar a ele um pouco de privacidade, então logo foi ao quarto. Saiu para escovar os dentes e, assim que voltou, demorou um pouco para adormecer.

Por mais que ele estivesse incomodado com a presença do estranho ali, não conseguia negar que era, sim, uma boa companhia. Jeongguk sempre foi um homem fechado com a maioria das pessoas, escondendo sua personalidade verdadeira e descontraída de quase todos, então era difícil se abrir com qualquer um - principalmente estranhos. Entretanto, sentiu-se razoavelmente confortável conversando com o fotógrafo no dia anterior. Era conversa fiada, simples, mas fora menos difícil do que lhe era costume. Pensou, antes de adormecer, na gentileza, simpatia e mistério que o fotógrafo exalava sem ao menos perceber.

Levantou-se da cama e checou o horário. 8:30. Seu relógio biológico atrasou algumas horas devido ao cansaço, mas sentia-se disposto. Trocou de roupa, colocando calças jeans, uma camiseta preta larga e chinelos, saindo do cômodo.

Ao pisar o pé para fora, sentiu o cheiro de café vindo da cozinha. Não se atreveu a ir olhar. Primeiro, foi até o banheiro e fez sua higiene, seguindo então o cheiro impregnado na casa.

Sentado na mesa de jantar, estava Vante. Notou que já usava outras roupas e tinha os cabelos penteados. Andando devagar, Jeongguk se aproximou da mesa, chamando a atenção da visita.

- Bom dia. - ele disse, colocando a xícara na mesa depois de tomar um gole. - Não sei se te incomoda, mas fiz café.

- Tudo bem. - Jeongguk respondeu, sentando-se e servindo a xícara que já estava na mesa. - Bom dia.

- Parou de chover. - o homem à sua frente disse o óbvio, olhando para a janela. Jeongguk assentiu enquanto tomava um gole do líquido quente e escuro. Estava amargo.

- Você não colocou açúcar? - perguntou, franzindo o cenho. Vante negou.

- Não achei - respondeu casualmente. O empresário se levantou e abriu um armário, tirando dali um pequeno pote de vidro com o conteúdo esbranquiçado dentro. Trouxe no dia anterior.

Pegou duas colheres de chá e levou até a mesa, sentando-se novamente e colocando um pouco em sua xícara. Vante não se moveu.

- Não vai querer?

- Não. Eu gosto amargo - respondeu, tomando outro gole enquanto olhava para o ecrã do celular. Jeongguk arqueou as sobrancelhas, mas não disse nada. Talvez ele nem tenha mesmo procurado.

O clima entre eles era ameno. O anfitrião já não se sentia desconfortável como antes, mas ainda se mantinha meio alerta. A visita, por outro lado, parecia ter acordado de bom humor, como num resort em um dia de férias.

- Bom, já me troquei e coloquei suas roupas no banheiro. Obrigado por elas. - Vante disse, levantando-se e deixando Jeongguk meio confuso. - Muito obrigada por me deixar ficar aqui. Você foi um anjo. Quanto quer que eu te pague?

Ele enfiou a mão no bolso de trás da calça social larga que usava, pegando sua carteira e a abrindo. Jeongguk negou.

- Não precisa. - disse, terminando seu café. - Fico feliz em ter ajudado.

- Tem certeza? Não tem problema, eu pago - ele disse, certificando-o de que tudo bem caso o dono da casa quisesse cobrar, mas Jeongguk assentiu. Não queria o dinheiro.

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