31 + it's gonna be alright.

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Y U N A

Por todo o caminho de volta pra casa eu quis chorar. Eu sempre fui bastante chorona, eu sempre choro por tudo, tudo mesmo. Mas naquele momento eu decidi chorar apenas quando chegasse em casa, sozinha.

Quando cheguei, tateei meu bolso procurando a chave da porta, mas não achei. Toquei o interfone na intenção de que minha irmã não tivesse saído, ou se não eu ficaria para fora de casa. Eu esperei, impacientemente, por alguns minutos depois de ter tocado de novo, então dei a volta pelos fundos e percebi o porquê dela não estar ouvindo, a música estava altíssima.

— Yuju! — gritei o mais alto que pude, e então ela não demorou para aparecer na sacada de vidro do seu quarto.

— Yuna? — gritou de volta, sua voz quase inaudível por conta do som alto, me olhando lá de cima. Cruzei os braços a encarando com tédio — O que foi?

— Esqueci a chave, vem abrir pra mim.

Retornei a frente da casa quando a vi sumir, ela foi rápida em abrir a porta, mas pela metade. Seu corpo estava entre a fresta da madeira com tintura branca.

— O que está fazendo?

— Esperando você me deixar entrar — respondi, a empurrando para dentro e finalmente podendo entrar. Fechei a porta e depois a encarei, ela parecia assustada — Parece que você viu um fantasma.

— Na verdade, só vi você — respondeu, seus olhos fixos em mim enquanto eu subia as escadas, e ela subia na minha frente, de frente pra mim — Pensei que ia passar o dia com o Jungkook...

— Eu também pensei. Mas rolou umas coisas e eu preferi voltar, eu nem deveria ter ido — parei no último degrau, ela continuava com uma cara de assustada — Qual foi dessa cara, Yuju?

— Nada, ué — deu de ombros, nós ficamos nos encarando por alguns segundos até ela continuar caminhando de costas — Vou pro meu quarto, se puder não me incomodar durante umas três horas, eu agradeço.

— É você que vai incomodar com essa música alta — falei, já na porta do meu quarto enquanto a via seguir até o final do corredor — Abaixa isso ou eu digo pra mamãe que os vizinhos reclamaram.

— Você não faria isso, sua mal amada — disse se virando de frente pra mim e me fuzilando com o olhar, apostei com ela.

— O recado está dado — ouvi ela me xingar enquanto fechava a porta do meu quarto. Mesmo que meu quarto fosse no começo do corredor e o dela no final, eu ainda ouviria toda a discografia do The Neighbourhood em alto e bom tom.

A questão é que eu já estava estressada demais. Eu sempre fui de sentir muito, ou não sentir nada.

Nesses últimos dias, eu passei tanto tempo seguindo uma rotina chata e exaustiva que eu não tive tempo pros meus sentimentos, logo eu que nem era muito boa em lidar com eles.

Todo o estresse e a tensão por causa das minhas provas na universidade, toda a culpa que eu sentia por pensar que eu devia ter dado mais um pouco de mim para me sair melhor e todo o peso de tentar ser uma pessoa melhor para o Jungkook e para os outros, tudo isso foi o fator que me fez ficar tão ruim, tão sobrecarregada.

Quando eu deitei na minha cama, abracei a grande pelúcia de coelhinho que o Jungkook tinha me dado no primeiro natal do ano que nos conhecemos, e quando eu senti o conforto dela, eu desabei.

Eu comecei a chorar. A cada lágrima que eu deixava cair, era como se um pedaço do mundo estivesse saindo de cima de mim. Era isso que eu estava sentindo, um peso nos meus ombros, um peso terrível no qual eu passei tanto tempo acumulando que eu nem percebi o quão grande estava, o quão terrível era ter que carregá-lo.

FRIENDS + jjk [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora