FRIENDS + jjk [REVISANDO]

19 + feelings still here.

J U N G K O O K

Dois meses haviam se passado desde que meu namoro com Hyejin foi descoberto por todos. Eu tentava ao máximo evitar meus amigos mesmo sabendo que essa não era a opção mais correta e madura, mesmo sabendo que qualquer hora eu precisaria me render a uma conversa com ela ou eles, apenas agir como alguém da minha idade provavelmente faria.

Era um final de tarde de um domingo, o ponteiro do relógio marcava exatamente as dezessete horas e quarenta minutos quando resolvi vestir um casaco e sair de casa andando, por incrível que pareça, com um rumo: a praia. Era pra lá que eu sempre ia quando as coisas começavam a pesar demais e eu precisava colocar a cabeça no lugar. Afinal, nada era mais prazeroso e relaxante do que escutar o ir e vir da maré baixa, sentir o cheiro da maresia ou sentir a textura da areia em meus pés.

Cheguei me sentando debaixo de uma árvore. Em tempos mais quentes aquela seria minha melhor sombra, mas hoje era só meu apoio. Me encostei no tronco colocando as mãos dentro do bolso, a brisa fresca não era incomodo mas minhas mãos teimavam sempre de qualquer forma pra ficarem gélidas. Soltei o ar de meus pulmões mas parei na metade, prendendo, quando olhei pra frente e a avistei em minha frente. Voluntariamente, soltei o ar voltando a respirar normalmente, tentando fazer com que as batidas do meu coração fizessem o mesmo. Era só a Yuna. E eu não podia a evitar pra sempre.

A garota olhou pra trás me avistando, se ela estava surpresa eu não saberia, pois não esboçou nenhuma reação, continuei andando até estar ali, há pouco menos de um metro da garota, aquela que eu costumava chamar de melhor amiga. Lábios secos, o cabelo solto meio bagunçado e roupas largas. Ela me encarou por um tempo e eu nunca tinha visto seus olhos tão mortos, mas pensando bem, eu talvez nunca tenha visto verdadeiramente seus olhos, de fato.

Tomei coragem de me sentar ao seu lado, mas ali ficamos por bastante tempo sem dizer nada, até alguém ter coragem de falar:

— Oi.

— Oi. — respondi.

E ali ficamos calados por mais algum tempo. A mesma pessoa, eu diria, se não fosse pelo seu olhar caído e sua expressão triste, coisa que eu nunca fui acostumado a ver.

— Bom te ver — disse, quebrando o silêncio instalado entre nós.

— É... — digo vagamente, sem realmente dar uma resposta.

Nunca me imaginei numa situação tão mórbida, não ao lado dela, da garota que sempre me tirava do tédio, que me acompanhava em qualquer coisa, que tinha a risada gostosa, a garota na qual eu era apaixonado.

Por um momento, senti raiva, apesar de qualquer sentimento que um dia eu tivesse nutrido por ela. Existia raiva ali, porque eu sabia que eu tinha feito, sim, de tudo pra poder ficar ao seu lado, feito tudo que eu consegui só pra tirar um sorriso do seu rosto para que eu pudesse sorrir também, então, como se eu não pudesse controlar, as palavras de ódio subiram com tudo até minha garganta, palavras que eu queria mais que tudo que saíssem. Queria que Yuna soubesse o quanto eu odeio o fato dela nunca ter sido clara comigo, sincera e verdadeira, queria machuca-la fazendo com que minhas palavras a atingissem no peito como balas de um revólver. Queria, mas não fiz. Eu empurrei tudo que pudesse magoar a garota de volta, seja lá de qual lugar elas vieram, mesmo que a raiva não tivesse totalmente passado. Eu sabia que mesmo fazendo doer nela não iria parar de doer em mim.

— Eu tinha quase certeza que você tinha um bom motivo pra não querer falar comigo — sorriu encarando o mar, um sorriso amargo — Mas agora eu sei... Você parece bem melhor sem mim.

— Não é que eu esteja melhor sem você — estiquei as pernas encarando meus próprios pés — Mas eu estou bem, de qualquer forma.

— Fico feliz.