3. Olhares

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Shikamaru é pego de surpresa, pois não imaginava que aquela mulher fosse tão audaciosa. Kiba, visivelmente embaraçado, se dirige a moça pedindo para que ela aguarde lá fora, mas ela se recusa e diz que quer ouvir pessoalmente a negação do responsável pelo estúdio. Shikamaru não ouvia nada. Seus olhos estavam vidrados naquela mulher e não fazia nenhuma questão de disfarçar. Sentiu um calafrio percorrer seu corpo e não entendia o que estava acontecendo, nem ao menos tentou entender, olhar para aquela mulher o fez sentir algo que para ele não era familiar.

Shikamaru estava longe de ser um santo. Era dono de um charme incontestável que atraia muito interesse, teve suas amantes porém nunca foi do tipo que gostava de namorar. Em seus pensamentos relacionamentos eram complicados e ele não queria ter que lidar com nenhum tipo de problema que poderia ser evitado.

Kiba quebra o silêncio chamando por ele: — Shikamaru! Ei, Shikamaru! — Diz Kiba balançando a mão em frente ao rosto de seu amigo enquanto a loira, de braços cruzados, o encarava impaciente. Shikamaru volta pra realidade, sente o rosto corar por tamanho descuido. — É, me... me desculpe. Eu estava distraído. — Disse ele desviando o olhar das pessoas que estavam a sua volta.
— Eu percebi, haha. Então — disse Kiba — Explica pra essa moça que não temos como aceitar o trabalho dela e...
— Eu assumo esse trabalho. — Respondeu Shikamaru, evitando qualquer tipo de contato visual com a moça que ali estava.
— Mas você não disse que... — Kiba tentou questionar mas foi interrompido: — Eu assumo, Inuzuka. Pode ir.
— Tá, tá. Que seja! — Respondeu Kiba, que virou as costas e saiu dando de ombros. Desde que não sobrasse pra ele, estava tudo certo.

A moça esbanjou um sorriso satisfeito por ter conseguido o que queria, logo foi se sentando na cadeira a frente da mesa de Shikamaru, sem nem mesmo um convite. Estar sozinho com aquela mulher naquele espaço pequeno o fazia suar, mas não queria demonstrar nenhum nervosismo, pois já havia dado o seu vexame daquele dia. Pegou uma ficha na gaveta de sua mesa para preencher a ordem de serviço. — Bom, qual... qual é o seu nome? — Perguntou.
— Sabaku no Temari. — Respondeu a loira.
— Qual sua ordem de serviço, Sabaku no Temari?
— Primeiro, eu preciso de um logotipo para meu novo negócio, depois, cartões de visita. E... pode me chamar só de Temari, dispenso cordialidades, mas não fique achando que isso nos torna amigos ou algo do tipo. — Disse ela o encarando séria, o que o deixou um pouco desconfortável, mas mal sabia ele que naquele momento ela sentia seu sangue borbulhar.

Temari era uma mulher independente, ficou orfã ainda criança com dois irmãos mais novos, situação que acabou fazendo com que ela amadurecesse mais cedo. Ela procurava não se envolver, já teve seu coração partido uma vez e desde aquele dia ela vestiu uma armadura que escondia a Temari doce que existia por trás de tanta rispidez e teimosia. Temari conhecia aquela sensação que estava sentindo, tentara ao máximo reprimi-la para evitar novas decepções. Sentia um nervosismo ao estar ali que de certa forma a incomodava, mas que no fundo, não era de todo ruim.

Não se preocupe. — Respondeu o Nara tentando não demonstrar qualquer tipo de frustração. — Qual seu negócio, sua ideia? — Perguntou.
— Eu trabalho com doces típicos de minha terra natal, até recentemente eu trabalhava apenas com delivery, meu irmão mais novo faz as entregas enquanto eu preparo tudo, mas agora estou prestes a abrir um espaço físico, uma doceria. — Respondeu ela.
— Certo. Você pode vir avaliar a sua arte daqui três dias e...
— Preciso para hoje. — Ela o interrompeu.
— Impossível, eu tenho muito trabalho pra fazer e...
— Eu sei que você consegue. — Ela dá um breve sorriso, se levanta e vai em direção a porta. Shikamaru se levanta espantado e a chama: — Espera, Temari, eu... — Bam! Ela fecha a porta e vai embora, ignorando completamente o seu chamado.

— Droga! Que problemão, tsc. — Shikamaru sai da sala desnorteado apontando o dedo para Naruto enquanto diz:
— Isso tudo é culpa sua!
— Mas o que eu fiz pra você ficar tão irri...
— Você atendeu o telefone errado na hora errada, agora vou ter que ficar até mais tarde pra resolver um problema que você criou. — Naruto olha pra Kiba com um sorriso perverso, Kiba retribui o olhar e os dois se encaram entre buchichos e risadinhas. — Será que eu posso saber qual é a graça? — Perguntou Shikamaru, visivelmente irritado.
— Alguém está irritado porque não soube dizer não para aquela moça pois ficou babando descaradamente por ela. — Naruto respondeu e começou a gargalhar enquanto Kiba seguia no embalo e ria na mesma frequência.
— Do que vocês estão falando? Ora, seus... querem saber de uma coisa? Eu vou almoçar fora hoje, não sei que horas eu volto, se virem com o trabalho de vocês. Fui. — Shikamaru disse bufando de raiva, pegou todas as suas coisas, deu as costas e saiu enquanto seus amigos se divertiam ao vê-lo tão desconfortável. Eles achavam engraçado, mas no fundo estavam felizes, afinal nunca tinham visto o Nara tão desconcertado diante de uma presença feminina. Eles sabiam que dali em diante Shikamaru se tornaria um novo homem.

 Eles sabiam que dali em diante Shikamaru se tornaria um novo homem

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Demasiadamente FracoOnde histórias criam vida. Descubra agora