02 | you and me in the sky of 5:53

1.2K 173 93
                                    

Na noite do dia 14 de agosto, eu voltei para casa radiante.

Me lembro bem de como minha mãe ficou surpresa com tamanha animação, eu costumava ser bem agitado, mas minha mãe me conhecia muito bem para saber diferenciar a agitação costumeira e perguntou se o aniversário tinha sido tão bom assim.

E então eu disse a ela que conheci um garoto. 

Sempre tive minha mãe como uma melhor amiga, não gosto de esconder nada dela. Por isso, ela sabe de praticamente todos os garotos que eu tive uma paixãozinha e com Taehyun não foi diferente, imediatamente comecei a contar sobre ele para ela e mostrei alguns vídeos e fotos que todos nós tiramos na festa.

Quando ela saiu do meu quarto, não perdi tempo em pegar meu celular e procurar pelo número recém salvo ali.

Eu: hey :)
(22:14)
Eu: sou eu, beomgyu
(22:14)

Conversei com Taehyun pelo resto da noite e me perguntava se ele também estava da mesma forma que eu estava.

Sentia um frio na barriga quando lia "digitando"  e, quando me dava conta, já tinha um sorrisinho no rosto.

Com o passar do tempo, fui percebendo que sim, ele se sentia da mesma maneira que eu. Eu podia sentir que Taehyun me correspondia, não conversamos muito sobre isso no começo, na verdade, eu não senti que precisava, porque ele me dizia tudo com suas ações.

Os olhares, os sorrisos, os toques sutis, tudo.

Huening Kai me contava que Taehyun nunca foi uma pessoa de muito contato físico, ao contrário de mim, não tinha costume de abraçar, ou demonstrar muito afeto em geral, mas Kai sabia que o amigo o amava muito, com o seu próprio jeitinho.

Só que, quando estávamos juntos, Taehyun não era arredio, nunca foi. Na maioria das vezes, não conseguia me conter de abraçá-lo, ou deixar que nossas mãos se tocassem "acidentalmente", e ele nunca se afastava.

Uma das minhas lembranças favoritas com ele é a de quando segurei a mão dele pela primeira vez, não como no dia do aniversário do Kai, que estava segurando porque queria ensiná-lo a dançar e sim de um jeito diferente.

Eu queria segurá-la e sentir o quanto ela se encaixava perfeitamente na minha.

Taehyun é como a única peça de quebra-cabeça que se encaixa na minha, que foi feita para mim.

E é uma peça singular, podem existir várias outras semelhantes, mas nunca realmente certas.

Nesse dia, estávamos no cinema, dividíamos a sala com mais ou menos uma dúzia de pessoas, já que era uma das últimas sessões da noite.

Eu tentei prestar atenção no filme, juro que tentei. No entanto, tudo o que havia na minha mente era sobre o garoto ruivo sentado ao meu lado, que tinha a mão esquerda terrivelmente próxima à minha direita.

As cenas passavam diante de meus olhos, porém a minha mente me cegava com pensamentos relacionados a ele. Era como se um filme diferente estivesse passando em minha cabeça.

A primeira vez que liguei para Taehyun, eu estava com tanta saudade dele e precisava ouvir a sua voz doce. A primeira vez que saímos juntos e ficamos a tarde toda passeando pela cidade, jogando no fliperama e ainda compramos nossos colares que combinam...

Acordei do meu transe quando senti o dedo mindinho de Taehyun encostar no meu.

Seria uma tortura se eu não segurasse a mão dele ali mesmo.

Eu estava com um pouco de medo da reação dele, me perguntava se ele acharia aquilo estranho ou talvez não gostasse.

Mas ele não se afastou, muito pelo contrário, ele permaneceu ali. Olhei para ele, que ainda tinha os olhos vidrados na tela enorme a alguns metros de nós, como se o contato mínimo entre nós tivesse passado despercebido por si.

Pressionei meus lábios em uma linha reta, antes de perguntar o que tanto queria:

"Taehyun-ah..."

Ele me olhou, prossegui, ainda bem baixinho para não incomodar ninguém.

"Eu quero segurar a sua mão... eu posso?"

Me lembro de sua breve demora, tal como quando pedi o seu número. Até que ele virou a palma de sua mão para cima devagar, como um convite silencioso.

Não evitei de sorrir quando minha mão tocou propriamente a sua e eu pude entrelaçar nossos dedos.

Taehyun permaneceu assim comigo até o término do filme.

E se tornou um hábito nosso, quando fomos outras vezes ao cinema, quando estávamos assistindo algo no seu ou no meu quarto, sozinhos ou não, no fim, nossas mãos sempre procuravam uma pela outra.

Outra lembrança, que me parece quase mágica de tão perfeita, foi a vez em que fomos a um parque de diversões que havia inaugurado em Outubro daquele ano de 2018, Taehyun aceitou na hora o meu convite.

Taehyun era bem mais corajoso do que eu e tive que pagar pelas minhas brincadeiras de que o medroso seria ele.

Fomos em vários brinquedos, alguns eram tão altos que você podia ver boa parte da cidade e a vista era incrível. Haviam também várias daquelas barracas em que você jogava e podia ganhar um prêmio, mais uma vez Taehyun se mostrando estupidamente bom em todos os jogos, ele não perdia uma! eu nem sei por que ainda fiquei surpreso.

Decidimos fazer uma pausa para comer antes de ir em outras barracas para conseguir mais prêmios e, por fim, ir na roda gigante.

Enquanto comíamos, nós também ficamos admirando as luzes que piscavam do carrossel começando a se destacar por contra do horário.

Quando entramos na fila para a roda gigante, já era praticamente fim da tarde e quase início da noite.

A hora azul, como podemos chamar.

Não demorou muito para que chegasse a nossa vez de entrar na cabine, nos posicionamos no assento e logo a roda começou a se mover.

Ao atingirmos o topo da roda, não só ela pareceu parar, como o mundo todo em minha volta.

Eu queria ficar ali para sempre.

Lá de cima, a vista era linda, peguei meu celular para tirar uma foto e pude ver que o relógio marcava exatamente 05:53 da tarde. Tirei também algumas fotos com Taehyun, as quais guardo em meu celular até hoje e olho quando sinto saudades.

Quando pus meu celular novamente no bolso, ambas as minhas mãos descansavam sobre minhas pernas. Um arrepio passou pelo meu corpo quando senti a mão de Taehyun tocar uma delas, mesmo que fosse um costume nosso, o efeito que tinha parecia sempre o da primeira vez.

Eu olhei para ele e esse momento pareceu o mais mágico de todos, foi inevitável curvar meus lábios em um sorriso pequeno, Tae também sorria para mim enquanto seu polegar acariciava a minha mão.

Sabe quando você se dá conta do quanto você é ou está apaixonado por alguém?

Naquele momento, eu tive mais que certeza de que estava apaixonado pelo Taehyun. Tudo o que podia sentir dentro de mim era amor e foi uma das melhores coisas que já senti na vida.

O céu se misturava nas cores azul, rosa e laranja. Os raios solares refletiam sutilmente no rosto do ruivo e o vento fazia seus fios vermelhos se movimentarem um pouco.

Me senti em um sonho.

Eu realmente não estava mentindo quando disse a ele no dia do fliperama que queria que durássemos para sempre, que o que nós tínhamos devia ser eterno. Sempre foi o meu maior desejo.

Hoje, completam 5 meses desde que Taehyun e eu terminamos. 5 meses que ele se mudou para o outro lado do mundo. 5 meses que não tenho notícias suas ou qualquer contato.

5 meses que mais parecem anos.

Eu ainda não compreendo, não devia ter tido fim, eu sei que não.

O primeiro mês foi o pior de todos, além de ter tido que aguentar as perguntas de meus pais e também de meus amigos, ainda era muito para que eu mesmo processasse.

Em um dia eu tinha certeza de que ele queria isso tanto quanto eu e no dia seguinte ele simplesmente acabou com tudo.

Meu coração dói. Eu sinto tanta falta dele.

dream boy | taegyuOnde histórias criam vida. Descubra agora