Capítulo 23

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De todas as coisas que Sabina já havia feito em sua vida, essa definitivamente era uma das mais corretas, julgada por ela. Seu dedo voltou a pressionar a campainha e no segundo seguinte Johanna abriu a porta.

-- Olá! -- Johanna recepcionou com um enorme sorriso. -- Por favor, entrem. -- Ela disse para Sabina e seus amigos. Todos haviam sido convidados para o Natal, afinal quanto mais gente melhor para Johanna. Este seria o primeiro natal que passaria em sua casa desde que se acidentaram anos atrás. O primeiro natal que passaria longe do hospital.

-- Eu gostaria de agradecer por ter convidado meus amigos. -- Sabina disse, entrando na casa. Sabina apresentou Heyoon à Johanna e todos retiraram seus casacos, dando uma boa olhada pela casa. Os olhos de Sabina se prenderam em Joalin, mas ela os desviou rapidamente. Primeiro tinha algo que fazer. -- Podemos conversar um minuto a sós, Johanna?

-- Bem... -- Johanna disse arqueando uma sobrancelha. -- Claro, me acompanhe até a cozinha. -- Pediu. -- Vocês fiquem à vontade. Já voltamos.

Sabina acompanhou Johanna até o cômodo, sentindo o delicioso cheiro de algumas coisas que já estavam sendo preparadas. A empregada estava cozinhando, porém Sabina não se importou com sua presença, afinal a mulher usava fones de ouvido e dançava feito louca enquanto cortava algumas batatas.

-- Pois não? -- Johanna perguntou e Sabina suspirou, vendo a mais velha se debruçar sobre o balcão.

-- É sobre Joalin. -- Disse, vendo Johanna piscar ainda calada, esperando por algo a mais.

-- O que tem ela? -- Perguntou naturalmente.

-- Hm, ontem ela... Digo, isso já veio de antes, desde o assunto das flores. -- Johanna franziu o cenho, segurando o riso pelo aparente nervosismo de Sabina. -- A massagem também foi um sinal, mas talvez ela nem saiba o que esteja passando.

-- Compreendo. -- Johanna disse, balançando a cabeça, fazendo Sabina gargalhar no momento seguinte.

-- Desculpe. Não falei nada coerente, é que estou muito nervosa. -- Disse, enxugando o suor das mãos na calça jeans.

-- Tudo bem, querida. Não se preocupe. -- Johanna disse com gentileza.

-- Eu não sei bem como isso aconteceu, mas eu gosto da sua filha de um jeito mais intenso do que eu creio que deveria. Eu peço perdão por isso, eu realmente não sei como controlar e eu não quero que a senhora pense que eu estou me aproveitando dela, porque eu não estou.

-- Gosta dela romanticamente, você quer dizer? -- Johanna perguntou e Sabina assentiu um pouco hesitante.

-- Ontem ela meio que, hm, me beijou. -- Confessou temerosa. -- Não foi um beijão, foi um simples esbarrar de lábios, mas eu definitivamente não queria te esconder isso. Se a senhora achar que devo me afastar eu entenderei, apesar de realmente querer ficar por perto.

-- Eu já sabia sobre o beijo. -- Johanna disse, vendo Sabina a olhar surpresa. -- E não quero que se afaste de Joalin, Sabina. De onde tirou isso?

-- Não sei. Só entendo que ela tem coisas para lidar: A fisioterapia, as aulas, a readaptação com tudo.

-- E você faz tudo isso ser mais fácil para ela. -- Johanna disse. -- Olhe, criança, se você for paciente e não for machucar a minha menina, estou mais do que de acordo com isso. -- Confessou. -- Conversei com Joalin ontem, ela está confusa e acha que você está brava com ela. -- Compartilhou. -- Isso não será fácil, ela ainda é, na maioria das vezes, a Joalin ingênua.

-- Eu sei. -- Sabina disse, ligeiramente mais aliviada. -- Eu não pretendo acelerar as coisas. Eu sequer sei como agir, para ser sincera. -- Confessou envergonhada.

-- Que tal agir como sempre, hm? -- Johanna propôs. -- Isso realmente soa agradável para todos.

Após a conversa com Johanna, ambas voltaram à sala. Todos estavam sentados no sofá devorando algumas jujubas que Joalin havia oferecido. Os olhos de Sabina focaram em Joalin, ela usava um vestido rosa com as bordas pretas rendadas.

-- Oi. -- Sabina disse docemente assim que se aproximou de Joalin. A loira estava ao lado da árvore de natal com Leo sobre as pernas, na cadeira de rodas.

-- O Leo sentiu saudades, Bina. -- Joalin disse, vendo Sabina sorrir e se abaixar diante dela.

-- Só o Leo? -- Joalin olhou para os pisca-piscas da árvores de natal um pouco hesitante.

-- A mamãe também. -- Sabina não resistiu em rir.

-- Eu também senti saudade deles. -- Disse, apesar de ter passado apenas vinte e quatro horas. -- E de você mais ainda. -- Os olhos azuis encontraram os castanhos e Joalin sentiu seu coração saltar em seu peito.

-- Você não ficou brava? -- Ela perguntou e Sabina negou com a cabeça.

-- Não fiquei. -- Confessou. -- Acho que te devo um pedido de desculpas.

-- Por quê?

-- Por ter saído daquele jeito ontem e, provavelmente, ter te deixado confusa. Não foi a minha intenção. -- Joalin piscou algumas vezes antes de dizer algo.

-- Você caiu na neve? -- Sabina riu e mordeu seu lábio inferior.

-- Sim. -- Disse, vendo os olhos de Joalin percorrerem seu corpo em busca de algum hematoma. -- Não se preocupe, a blusa amorteceu a queda.

-- Bina... -- Joalin chamou com o dedo indicador, fazendo Sabina se inclinar para que ela pudesse dizer algo em seu ouvido. -- Me desculpa?

-- Por quê? -- Sabina perguntou confusa.

-- Por ontem. -- Confessou acariciando o ursinho em seu colo. -- Por tudo. Eu não quero que você vá embora porque eu sou uma boba.

-- Você não é uma boba, Joalin. Eu que fui. -- Sabina disse.

-- Você não, Bina. -- Joalin disse com veemência. -- Eu prometo não fazer de novo. -- Os olhos de Sabina foram atraídos pela alta risada de Noah, que comia um cachorro quente que uma das empregadas estava servindo enquanto conversava com Johanna e seus amigos.

-- Eu gostei do que você fez, Joalin. Eu só... Não estava preparada. -- Sabina informou, vendo Joalin começar a acariciar sua mão, que estava sobre sua perna.

-- Não ficou brava mesmo? Jura de dedinho?

-- Juro, princesinha, mas me diz, por que fez aquilo? -- Joalin pareceu pensar por alguns milésimos de segundos.

-- Não sei, parecia certo. -- Disse brincando com os dedos da menor. -- Eu gostei, mas você foi embora.

-- Prometo nunca mais ir embora assim, tudo bem? -- Sabina disse, se levantando e deixando um demorado beijo na testa de Joalin.

-- Tudo bem. -- Disse, tendo o início de um sorriso nascendo em seus lábios. -- Bina, adivinha quantos dedos tem aqui? -- Disse, tampando os olhos de Sabina com uma mão e estendendo outra com três dedos esticados.

-- Hmm, deixa eu ver... cinco. -- Sabina chutou e Joalin retirou sua mão da frente do olho de Sabina para que ela pudesse ver.

-- Errou! -- Disse rindo.

-- Não errei não. Tem cinco dedos, dois abaixados e três esticados. Você não especificou. -- Joalin entortou a boca e franziu o cenho, parecendo verdadeiramente pensativa.

-- Tem razão. Não valeu! -- Disse, repetindo a situação enquanto Sabina ria. Ah! Como ela adorava estar por perto de Joalin.

Em um piscar de olhos | Versão Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora