5. CEO

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Spencer


Parece que minha boca adormeceu.

Está formigando desde que Tatiana me beijou.

Montada no meu colo daquele jeito, eu só queria arrancar as roupas dela com meus dentes e lavar ela inteira de língua. Só isso que eu queria. É pedir muito?

Aquele perfume doce, aqueles peitos pesados. Meu Deus, que beijo bom.

Curioso é que pra mim, beijo sempre tinha sido aquela coisa que você faz pra chegar no sexo. Tipo a escada que leva pro restaurante... ninguém vai pra uma churrascaria pra ficar sentado no degrau. Mas a porra da Tatiana fazia o degrau ser erótico pra cacete e eu tinha esquecido que a churrascaria existia.

Esfrego meus cabelos.

Trabalhar é difícil hoje.

É bem difícil, porque ela não me ligou e eu estou desesperado pra descobrir se acabou.

Caralho de mulher boa.

Queria morder ela inteira. Queria chupar aquela bocetinha até ela chorar, implorando por mais.

Seis anos.

E puta merda, eu queria ser o primeiro.

Preparo a massa bem devagar antes de começar a cortar as cenouras.

Ela disse que o Marcus era charmoso. Nunca tinha percebido antes, mas não importa, não é? Porque agora ela já percebeu. O Marcus charmoso, em uma idade apropriada, com seu emprego de adulto e promovido por mérito. Devia ter dinheiro suficiente para se mudar para o outro lado do país sem precisar contar os centavos, como eu fiz.

Eu sou bonito - não tanto quanto eu imaginava, como descobri recentemente - mas e o que mais? Preso em um emprego que eu não gosto, sem quaisquer perspectivas, mais de dez anos mais novo e com uma gloriosa conta bancária com dois mil e quinhentos dólares e nada mais.

Não sou inteligente, não sou interessante. Conhecer os filmes que ela gosta foi um golpe de sorte porque não gostei muito de nenhum deles.

Eu, com meus romances baratos, ela com seu wagyu fino.

Não existe ponto de intersecção entre nós dois e é uma pena mesmo que eu esteja interessado porque se ela decidiu que acabou, perdi minha chance.

- Spence? Você legal? - Lala me pergunta enquanto espera um prato na cozinha.

- Hm? To, to ótimo. - aceno.

Um beijo.

Um só.

Mas que beijo.

Se eu fechasse os olhos eu conseguia vê-la no meu colo.

Aquele decote bem apetitoso a alcance da minha língua, aquele rabo de cavalo bem apertado de mulher certinha, aquela boca entreaberta com a respiração desesperada.

- Spencer! - Rodolfo precisa de alguma coisa e eu não faço a menor ideia do que é.

Eu quero pegar meu celular. Quero ver se tem alguma ligação dela.

Alguma mensagem.

Nova York, você já me recusou e maltratou demais, está na hora de minha sorte mudar, certo? Por favor? Nova York?

Eu perdia oportunidades em agências para outros mais bonitos e mais preparados do que eu.

Perdia oportunidades em restaurantes para outros cozinheiros mais experientes.

Ponto Com (Degustacão)Onde histórias criam vida. Descubra agora