Hell night

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Ao fugir do inferno que era aquele salão, fiquei perambulando por aí atrás de um lugarzinho legal para ficar, e acabei no que parecia ser o centro de toda essa área, já que era mais aberto em comparação aos outros lados e tinha vários caminhos ligados. Um grande canteiro com uma árvore se localizava no meio. Era o que mais chamava atenção, e era onde eu estava sentado agora, sendo coberto pela sombra de suas folhas.

Meu olhar sem ânimo era mantido em minhas mãos, que brincavam com os dedos umas das outras conforme minha cabeça se enchia de mais e mais pensamentos indesejados. Alguns desses pensamentos me davam ódio, já outros, me entristeciam. Era uma merda, mas não era algo que podia evitar, afinal, eu estava inquieto, e isso influenciava demais neles, que foram interrompidos quando ouvi meu nome ser chamado, me fazendo erguer a cabeça na mesma hora.

- Sal? Mas... o que cê tá fazendo aqui? - Pergunto abobado, vendo quem eu não esperava ser vir em minha direção após ter passado pela porta deslizante que havia logo à frente. Só queria ter notado ela aí antes de ter dado meia volta para chegar aqui...

- Qual é, vai dizer que não gostaria que eu estivesse? - O mesmo impulsiona para se sentar ao meu lado no canteiro, que por ser meio alto, não deixava nossos pés alcançarem o chão com tanta facilidade, mas pelo menos eu conseguia, e agora estava feliz por isso.

- Não, não é isso, é que... você não deveria estar lá bancando o namorado maravilha da Ashley para as amigas da mãe dela? - Pergunto o mais debochado possível, enquanto forçava a voz e fazia gestos exagerados, como colocar as mãos na cintura e estufar o peito, dando aquele ar de maioral. Não demorou muito para Sal logo começar a rir disso, como se tivesse sido a coisa mais hilária do mundo, e só talvez do jardim.

- Cara, mas isso eu já fiz faz tempo! Não foi uma conversa muito longa, se quer saber. Puro papo-furado. Tanto que já até estamos de volta na mesa. - Respondeu de bom humor, cessando os risos. Um ponto a mais por ter dado corda à brincadeira.- Ficar tanto aqui fora pelo visto te fez perder a noção do tempo, não é mesmo?

- Hm, é.

Desinteressado e sem ter mais o que falar, desvio meu olhar de volta para os dedos, enquanto Sal, por sua vez, preferiu ficar me encarando. Às vezes eu dava algumas olhadas de canto para checar se o baixinho continuava com toda essa admiração com minha pessoa, mas não passava disso. Pelo menos agora posso ter certeza de que estou realmente boa-pinta, e que não era o espelho de seu quarto me enganando.

...

- Ei, cara. Você tá de boa com tudo isso que tá rolando, né? - De repente ele pergunta, e com esse tom tão sereno que usou, quase não percebi quando de uma hora pra outra se sentou em uma de minhas pernas, deixando as suas de lado e apoiando um braço no joelho. A rapidez disso pode ter feito eu estranhar, mas não posso dizer o mesmo de incomodar.

- Olha, é difícil, mas... eu tô tentando. - Fui direto. Não adiantaria muita coisa falar que estou bem e que estou totalmente de acordo com o que estão fazendo. Eu estaria mentindo se falasse, e Sal não morderia essa isca fácil assim.

- Eu prometi te contar tudo depois, não prometi? - O mesmo tira a mão do joelho para segurar meu queixo, inclinando um pouco sua cabeça para o lado.

- Se você diz... - Resmungo com irrelevância, ao mesmo tempo revirando os olhos.

- Então me prova.

- Quê?

- Me prova! Me prova então que está realmente confiando em mim! Se estiver, não vai ser algo muito difícil pra você, eu imagino. - Quando eu menos esperava, Sal me vem com uma dessas, aproveitando para, da minha perna, partir direto pro meu colo. Dava pra ver que a coisa tinha ficado séria daí.

Mama, I'm in love with a criminal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora