• CAPÍTULO 03 (Degustação)

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CAPÍTULO 03

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CAPÍTULO 03

ELENA

QUANDO VIKTOR APARECEU na minha empresa, há alguns meses, enviado pela companhia de segurança de um antigo conhecido meu de São Petersburgo, para coordenar toda a minha equipe de segurança e ser meu guarda-costas pessoal, eu sabia que não era uma simples coincidência.

Todos os jornais do país anunciaram a prisão do meu avô, é claro que o retorno egoísta de Viktor era porque, assim como o resto do mundo, ele também tinha ficado sabendo da verdade.

Egoísta, sim! Como ele tinha coragem de aparecer, depois de tantos anos, como se tivesse algum direito de voltar para a minha vida?

Foi isso o que eu pensei no primeiro momento.

Senti raiva dele, e quis puni-lo por vários motivos diferentes: por ter ido embora no pior ano da minha vida, por ter ignorado todas as minhas tentativas de contato ao longo dos anos antes de eu finalmente entender que era uma perda de tempo, por ter se apaixonado e se casado, mas, principalmente, por ter voltado e me feito perceber que, apesar de tudo, ainda existia uma parte de mim que esperava ansiosamente pelo seu retorno.

Conforme o tempo foi passando, menos eu entendia o seu propósito. Ele manteve-se por perto profissionalmente, mas colocou uma barreira entre nós. Às vezes, sinto vontade de jogar a minha dignidade para o alto e pular sobre a muralha que nos separa.

Viktor Yashkin foi a minha paixão de infância.

Agora, é o meu tormento na vida adulta.

Pouco a pouco, devagar, rastejante, ele está se esgueirando por caminhos bloqueados em meu coração há muito tempo. Não sei como ele consegue, mas sei que preciso tomar cuidado.

Durante toda a reunião na empresa matriz da Corporação Volkiov, na companhia de Vladimir Volkiov e outros quinze investidores, obrigo-me a parecer minimamente concentrada. Não é difícil manter um grupo de homens distraídos o suficiente em benefício dos meus negócios, afinal, o único com um cérebro que funciona dentre eles é o presidente — e, felizmente, nossos objetivos são os mesmos dessa vez, já que ele está tentando aumentar a infraestrutura da comunidade local que vive em uma pequena ilha na Grécia que pertence à sua família.

Ao final das negociações, guardo os contratos assinados com um imenso orgulho de mim mesma. Tornar-me presidente da empresa dos meus pais jamais esteve nos meus planos, a cadeira que hoje eu ocupo sempre foi destinada ao meu irmão, então o mínimo que posso fazer é ser tão boa quanto ele seria e honrar a memória de todos os que eu perdi.

— Você é uma ótima atriz — Vladimir diz assim que os homens saem da sala.

Dizer que ele é um homem bonito seria um insulto. Aliás, se há uma coisa em excesso na linhagem Volkiov, essa coisa é a beleza. No auge de seus trinta e poucos anos, Vladimir ostenta um corpo robusto, ombros largos, um cabelo preto sempre impecável e olhos azuis tão intensos e profundos quanto os meus.

Um Presente Entre as Cinzas | CONTO 2.5 | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora