Os laços que nos unem as vezes são impossíveis de explicar. Eles nos conectam até mesmo depois de parecer que os laços foram rompidos. Alguns laços desafiam a distância, o tempo, e a lógica. Porque alguns laços simplesmente devem existir.
Minha mãe costuma dizer que nada se realiza, sem antes sonhar. O que é contraditório pois se casar e ter filhos nunca estiveram escritos nos planos de Meredith Grey.
Meu sonho é ser uma grande neurocirurgiã, como o meu pai. Já li todos os livros que pertenciam a ele e mesmo não entendendo algumas coisas, eu continuei. Talvez de todos da sua prateleira, um ou dois eu tenha ignorado, levando em conta que um falava sobre pesca e outro sobre barcas.
Hoje, leio artigos avançados sobre descobertas da medicina e prontuários da minha mãe, perguntando sempre sobre cada sintoma, tirando dúvidas e tentando achar a mais provável solução. Tudo é muito complexo, aprendi que devo levar em consideração até o que não se vê. Tio Alex disse que as soluções se escondem, e que nós médicos devemos prestar atenção nisso, nem sempre o que parece ser, é.
Bailey por incrível que pareça está começando a demonstrar gosto pela medicina, ele ainda é muito pequeno mais acho que por estar vinculado a uma família de cirurgiões foi inevitável. Tia Maggie acha fofinho, diz que está no nosso sangue. Ellis é tão pequena, acho que no momento a única coisa que lhe importa, é sobre qual desenho irá passar na tv.
Gostaria que meu pai estivesse aqui para ver meu esforço. Ele sempre foi muito dedicado à sua carreira, certamente ficaria feliz por eu ter aprendido isso com ele. Às vezes, quase sempre, me pego pensando nele, em como ele estaria agora e quantas novas descobertas da neurociência levariam o nome dele. Às vezes tenho a impressão que ele está no mesmo lugar que eu. Às vezes acho que o vejo. Encostado na minha porta, sentado na varanda ou até mesmo observando Bailey brincar. Eu me desconecto da realidade e quando me conecto de novo parece que tudo está deslocado.
Eu o perdi muito jovem, queria tê-lo aqui para me ver indo bem na escola, para mostrá-lo que agora consigo fazer aquele passo do ballet com o qual eu tinha dificuldade, para que ele visse e conhecesse Ellis, que nos ajudasse ensinar a Bay que meninos podem sim chorar. E que acima de tudo, estivesse aqui para estar com a mamãe, para fazê-la sorrir.
Ela não superou, apenas aprendeu a viver com a saudade... E é estranho desejar que, ela seja feliz com outro. Volta e meia, eu lembro de tudo o que meus pais passaram juntos. O que eles foram. Parecia ser eterno, mas volta e meia, eu também lembro que a vida segue, que pessoas marcam nossas vidas e quando elas se vão, nunca vão completamente. Há um lugar em nosso coração para elas. E então já não é mais estranho desejar que ela seja feliz com outro, porque mesmo amando meu pai com todo o meu coração, não importa se mamãe será feliz conosco ou com outro alguém; e sim se ela será feliz.
Lembro exatamente de quando vi papai pela última vez, quando seus olhos brilharam para mim. Ele viajaria para Washington para resolver as pontas soltas do seu antigo trabalho e então voltaria definitivamente para Seattle. Papai beijou a testa de Bailey e ele chorou quando o viu saindo. Lembro de ouvir mamãe dizer a Bay que papai já voltava, me pergunto se ele ainda o espera.
Tirando tudo isso tenho a impressão de que estamos bem, ou pelo menos é o que todos tentam demonstrar. Tia Amelia e Tia Maggie moram conosco, no início foi para ficar de olho na mamãe pois era tudo muito recente e as emoções estavam à tona, mas com a chegada de Ellis a ajuda delas foi essencial.
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