O começo do fim.

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O começo e o fim, ambos incompreendidos, não é claro onde o fim começa e não se sabe onde o começo termina, o que se sabe apenas é que tudo uma hora vai acabar.

Ano um após a Era dos homens, embaixo da árvore mais velha da campina dos ventos, um juramento era feito. Um homem e uma mulher que se amavam em segredo, desde muito cedo, juraram amor eterno um ao outro. Talvez fosse o único homem que já tenha amado alguém um dia e não só a cobiça.

O carvalho velho, rachado da sua copa até a sua base próxima ao solo por um raio, mas ainda havia vida. Como testemunha deste juramento de amor, havia apenas um corvo cuja sua casa era nas entranhas da árvore velha e abatida pelas intempéries do tempo. Viveram juntos por tempos sem fim, até que os Sete reis do tempo e da escuridão o separaram.

O jovem era um ferreiro brilhante, recomendado por muitos e cobiçado pelos Reis para a forja das espadas e das coroas. Por isso foi arrancado do lar pacifico com quem vivia alegremente em sua companheira.

Erasmo era o homem mais incomum dentre os homens, vivia com seus olhos voltados para o céu admirando as estrelas e a vestidão desconhecida onde as estrelas habitam, talvez tenha sido isso que encantou Gamiuza e a fez amá-lo.

Erasmo dizia que os olhos de Gamiuza eram os mais belos e intrigantes, tanto quanto o reflexo das estrelas nas águas de um lago e mais encantadores que o nascer de um novo dia. Em todos os aspectos, Erasmo se destacava dos demais homens, ainda que seu serviço fosse algo pesado e árduo, restava-lhe muita delicadeza e compreensão com quem quer que fosse. Sua generosidade e simplicidade deixava-o mais belo. De cabelos negros olhos claros e voz rouca, robusto com cerca de um metro e setenta centímetros e uma pele reluzente. Um ferreiro inteligente e muito astuto, este é Erasmo, o homem que fez Gamiuza se apaixonar ao ponto de dar sua vida por ele se necessário.

Diziam os antigos sobre um homem que iria nascer para amar o amor das mulheres e não os desejos mundanos que habitam os corpos masculinos. E uma mulher que travaria uma batalha mortal em busca de reaver a companhia deste homem.

"Se os céus unirem uma mulher a um homem, nada entre a terra e a água poderá desfazer este laço criado pelas estrelas."

Essas escrituras podiam ser encontradas nas Catacumbas da escuridão e luz, uma galeria de cavernas que se estendia por toda a região oeste da cidade ainda sem nome ou forma. Alguns que entraram lá, jamais voltaram. Outros, no entanto, nunca deveriam ter retornado.

Os sete reis que foram atraídos pelo poder do eco das cavernas, uma voz os chamava para dentro. Os sete adentraram na pouco conhecida caverna, coberta de galhos e ramos crescente sob a passagem, deixando-a quase invisível. O velho mundo, infindável de caminhos labirínticos de odor asqueroso e repugnante. Todos os caminhos levavam até aquele lugar sem luz e repugnante, coberto de excremento de morcego e um eco ensurdecedor que corria por todas as passagens. A morte habitava o local e sem demora se fez presente diante dos olhos gananciosos dos homens.

Uma sombra obscura e mortífera que apodrecia tudo que tocava e decompunha a matéria transfigurando-a em poder puro. Esgueirava-se pelas galerias, escondendo-se de outros corações não corrompidos. 

Chegou diante dos homens e sem que seus lábios se movessem, falou.

- "Vejo que a ganância tomou conta dos corações amaldiçoados e os olhos já não reluzem mais brilho, somente cobiça e ambição."

A morte do tempo dos homens.Onde histórias criam vida. Descubra agora