Quando o amor começa

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Passaram-se alguns segundos até que eu sai do torpor em que me encontrava, minhas bochechas esquentaram novamente sobre o olhar inquisitivo da Chaeyoung.

- Acho que não entendi bem a pergunta. Olhei para ela com olhos perspicazes enquanto respondia.

- Desculpa, as vezes falo coisas e faço perguntas sem contexto. Sorriu e continuou encarando meu rosto avermelhado.

- Não tem problema. Sorri timidamente e abaixei a cabeça para não fazer contato visual, estava envergonhada.

- Eu gosto de ficar olhando para as árvores e ver a passagem do tempo. Falei lentamente.

- Por quê? Insistiu ainda me encarando.

Eu entendi naquele momento que ela era o tipo de pessoa que não se contentava com respostas vagas. O professor virou o rosto na nossa direção e não parecia muito contente com a nossa conversa atrapalhando o final da aula, por isso virei rapidamente para ela e respondi a contra gosto.

- Me faz esquecer por um segundo dos meus problemas, não é algo que eu consiga explicar com palavras, pense nisso como um tipo de meditação.

A resposta pareceu ser suficiente para a Chaeyoung porque logo depois disso começou a prestar atenção a aula pela primeira vez desde que chegou, fiquei aliviada com isso, não me sentia bem em falar sobre meus sentimentos.

Quinze minutos depois a aula acabou e eu levantei apressada para ir embora, caminhei quase correndo pelo corredor para voltar pra casa, se chegasse muito tarde iria ficar com fome, seria seu segundo dia sem comer, quando sua mãe estava mais zangada do que o normal Jisoo era sempre a pessoa que sofria.

Continuei andando, só de pensar em voltar pra casa meus olhos já se enchiam de lágrimas, se eu pudesse eu sumiria para sempre.

Não consegui terminar o raciocínio quando fiquei tonta e me encostei em uma parede, estava quase desmaiando quando senti uma mão delicada e forte em minha cintura.

- Ei bela adormecida, aqui não é lugar pra dormir, você está bem?

Quando olhei em direção a voz vi a Chaeyoung me encarando preocupada, levantou uma de suas mãos e com o polegar enxugou uma lágrima que insistiu em deslizar por meu rosto em um momento tão embaraçoso.

- Sim, estou bem, o-obrigada por ter me segurado. Falei trêmula.

- Aonde você mora? Perguntou ainda segurando minha cintura, mas agora com um aperto maior.

- É pertinho daqui, acho que já vou indo. Falei olhando pra ela.

Tentei me afastar de seu abraço mas sem sucesso, como ela era tão forte?

- Acho que já estou bem... Pode me soltar agora, sorri tímida.

- Vou te levar pra casa. Falou decidida enquanto pousava sua mão livre em minha cabeça como se eu fosse uma criança.

- Chaeyoung não precisa, é sério, eu tô bem.

- Jisoo, sei que não nos conhecemos faz muito tempo mas eu não vou deixar você voltar sozinha nesse estado. Falou séria.

- Não tem problema Chaeyoung, juro. Falei quase emplorando.

- Jisoo, olha pra mim. Falou enquanto segurava meu rosto de forma terna.

- Eu tô assustada, e não vou ficar em paz se não ver você chegar segura em casa. Chaeyoung olhou pra mim com olhos preocupados.

Eu sabia que estava encurralada, ela não me deixaria ir embora sem ela, eu também chegaria atrasada se não corresse agora, o pensamento me deixava trêmula.

- Entendi, muito obrigada. Você é muito gentil. Sorri timidamente.

Deixei que ela me levasse até minha casa, estava grata por ter alguém preocupado comigo.

Senti uma sensação de conforto e segurança por ter alguém como a Chaeyoung na minha vida, mesmo que fôssemos apenas colegas de classe. Seria agradável ter alguém com quem pudesse contar quando precisasse, alguém que se preocupasse comigo.

Mas mesmo assim, eu sabia que precisava ser forte e enfrentar meus problemas sozinha, não podia sempre depender de outras pessoas. Seria melhor para mim e para elas. Mas por hoje, agradeceria a ajuda da Chaeyoung.

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