Eu? Julieta?

129 17 12
                                    

Depois de ficar o que pareceu-me horas no chão frio do meu quarto resolvi tentar levantar, minha cabeça doia muito e me senti tonta quando fiquei em pé.

Caminhei lentamente até o banheiro e olhei em direção ao espelho para ver meu reflexo. Não foi uma boa idéia, meu rosto tinha ematomas roxos em diversas partes, o maior estava no meu olho esquerdo, e novamente não consegui segurar e meus olhos se encheram de lágrimas, só que desta vez eu não as deixei cair. Meu couro cabeludo também doia muito mas eu não conseguia enxergar se tinha algum ferimento.

Com uma mão abri a torneira e a água quente começou a cair na pia. Aproximei minha cabeça lentamente para perto e com as duas mãos juntas lavei meu rosto o mais delicadamente possível para não doer.

Voltei pro quarto divagar e deitei na cama, apaguei o abajur, fechei meus olhos e tentei dormir.

Fiquei horas acordada, não conseguia pegar no sono, a memória do que aconteceu mais cedo me atormentava.  Depois do que pareceu mais meia hora eu ouvi um barulho vindo de minha janela.

Toc toc

Levantei da cama e fui até a janela, derrepente vi uma pedra batendo no vidro.

Cheguei mais perto e abri a janela, quando olhei pra baixo fiquei surpresa, a Chaeyoung estava lá no gramado jogando pedrinhas em minha janela. A cena era bem fofa, parecia aqueles filmes antigos de romance.

- Chaeyoung, o que você tá fazendo aqui a essa hora? Perguntei com medo de minha mãe ouvir.

– Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza. Disse a Chaeyoung com pose no gramado da minha casa.

Eu olhei incrédula enquanto ela recitava Romeu e Julieta embaixo da minha janela, dez horas da noite. Do nada surgiu uma crise de riso e quanto mais eu tentava ficar séria mais eu ria.

– Eu amei Chaeyoung, que fofo. Falei com lágrimas nos olhos.

– Vou subir. Disse enquanto escalava a grade que crescia a minha árvore glicínia do lada da janela.

– Chaeyoung, minha mãe pode nos encontrar. Falei com medo.

– Não se preocupe, eu vi ela saindo com o carro faz 10 minutos.

– Chaeyoung talv...

– Espera, não precisa ficar com medo. Falou me interrompendo.

Eu olhei pra ela de forma complicada enquanto escalava a grade, estava pensando no porque dela não me pedir pra abrir a porta.

Depois de alcançar a janela eu ajudei ela a entrar no meu quarto, estava tudo escuro e quando ela se equilibrou segurou meu braço e me puxou para seu peito em uma abraço apertado. Eu podia sentir seu coração batendo loucamente e sabia que ela estava com raiva da minha mãe e de si mesma pelo que tinha acontecido, estava se culpando por não ter conseguido me proteger.

– Chaeyoung, vou acender a luz. Falei depois de sair do seu aperto.

– Certo. Respondeu

Caminhei até a tomada e a acendi rapidamente, logo o quarto ficou iluminado.

Quando eu me virei e a Chaeyoung olhou pra mim seus olhos se encheram de lágrimas, ela caminhou até mim e com a mão direita acariciou o lado do meu rosto.

Derrepente ela me abraçou de novo e ficamos assim por muito tempo.

– Eu não vou deixar nada assim nunca mais acontecer com você. Disse baixo no meu ouvido.

– Chaeyoung, não se preocupa, eu estou bem. Tentei deixar ela mais calma.

Senti ela tremendo enquanto a abraçava e com minha mão esquerda acariciei sua cabeça, tentando confortala.

– Não se culpe, estou bem. Falei pra ela com a voz trêmula.

E enquanto eu falava ela me encarou e leu facilmente minha expressão, lágrimas caíram dos seus olhos e eu não consegui mais aguentar, choramos juntas e uma confortou a outra.

--------------------

Gente, acho que a história tá um pouco pesada. Talvez eu resolva os problemas com a mãe da Jisoo e faça a história ficar mais fofinha.

O que vocês acham?

Estações : Penso em você quando chega o outonoOnde histórias criam vida. Descubra agora