Acho que todo mundo já passou por isso, aquele momento em que você se pergunta o porquê de fazer o que faz. Eu estava sentada em uma carteira no fundo da sala de aula, observava aquela multidão de pessoas a minha frente e me perguntava se a vida se resumia a isso, me perguntava se a vida se resumia a estudar durante mais de dez anos para arrumar um emprego que você odeia, para continuar escravo do consumismo e comprar coisas que você não precisa.
Acho que no fundo no fundo ninguém se importa, a gente faz o que mandam a gente fazer, e depois quando tivermos filhos vamos fazer com que eles façam o mesmo, faremos deles escravos iguais a gente.
Todos os dias eu ia para o colégio pela manhã, e todos os dias eu me sentia sem propósito. Considero a falta de um objetivo ou sonhos um problema grave na minha vida, quando não temos nenhum dos dois aceitamos qualquer "oportunidade" que aparecer, por pior que ela seja.
4 anos se passaram e eu comecei a me sentir incomodada em meu interior, sentia que estava caminhando em uma estrada linear até o abismo. Comecei a me perguntar se existia algum sentido para a minha existência, e quando você começa a ter esse tipo de pensamento e se perguntar esse tipo de coisa, não é exatamente um bom indicativo de saúde mental.
Cada dia mais eu me sentia pra baixo, a única coisa que distraia minha mente era ficar olhando para uma árvore Glicínia no jardim da minha casa, sua cor violeta e suas flores balançando com o vento acaumavam meu coração, mas uma pessoa não vive só em uma estação, e a Glicínia só floresce na primavera.
Os dias passavam e eu tinha um interesse cada vez maior pela passagem do tempo, o inverno tinha chegado e meu coração ansiava pela primavera.
— Jisoo, o que você tanto olha lá fora?Lisa me perguntou enquanto me observava com seus olhos curiosos.
— A guerra das estações. Respondi lentamente a sua pergunta, meus olhos não deixaram em nenhum momento de olhar para o tempo através da enorme janela de vidro da sala de aula.
— Você é estranha. Disse ela sorrindo.
Quando abri minha boca para responder o diretor entrou pela porta da sala e sussurrou alguma coisa no ouvido do professor, que assentiu lentamente. Ele voltou para porta e eu abaixei minha cabeça e a apoiei em minha mão para continuar a divagar olhando para fora.
— Pessoal, temos uma nova aluna transferida para nossa turma, sejam gentis com ela. Disse o professor enquanto fazia sinal para que ela entrasse na sala e se apresentasse a todos.
— Olá, meu nome é Chaeyoung, espero que sejamos amigos. Disse ela parada na frente da sala.
Foi um choque para mim, no momento em que virei meu rosto em direção a voz e fixei meus olhos nela o tempo pareceu parar, encarei trêmula a existência mais bonita que eu já tinha posto os olhos. Ela era alta e seus cabelos eram o violeta mais lindo que já vi, me fez lembrar das árvores do meu jardim, as árvores em que eu sempre religiosamente passava horas e mais horas admirando. Ela não era linda porque ela estava além dessa palavra, ela transcendia.
— Jisoo
— Jisoo, está me ouvindo!?
Me assustei quando a Lisa tocou em meu ombro, quando olhei ao redor todos estavam olhando pra mim. Meu rosto ficou vermelho.
— Sim professor, estou ouvindo.
— A Chaeyoung vai ser sua colega de mesa, você pode explicar a ela o que não entender?
— Ce-certo, posso sim.
Quando acabei de falar o professor mandou ela se sentar na cadeira ao meu lado, e tirar qualquer dúvida comigo.
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Estações : Penso em você quando chega o outono
Hayran KurguJisoo não vê sentido para sua existência, Chaeyoung promete ajudá-la a encontrá-lo.