Mãe

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Ficamos por um longo tempo abraçadas até eu lembrar de repente da minha mãe, tinha esquecido completamente dela.

Me afastei um pouco do abraço da Chaeyoung e olhei em seus olhos.

– Chaeyoung, desculpa mas acho que você tem que ir. Falei triste

– Aaah não, agora que tá quentinho do seu lado. Falou me apertando contra seu peito.

– Desculpa, minha mãe pode chegar a qualquer momento e eu não quero que te veja e tente nos separar. Falei encarando seus olhos de cachorrinho.

– Tá bom. Falou a contragosto se levantando para ir embora.

– Eu te levo até a porta. Disse observando ela se levantar.

– Tá bela adormecida. Falou divertida.

Seguimos pelo corredor e descemos as escadas até a sala de estar, quando estava prestes a tocar na maçaneta da porta ela se abriu sozinha, minha mãe estava na entrada olhando pra mim e a Chaeyoung fixamente.

Quando seus olhos pousaram em mim novamente eu percebi o ódio no olhar, ela largou as bolsas que estava carregando, levantou o braço direito com a mão aberta e bateu com força no meu rosto.

Cai no chão com força e meu sangue manchou o piso de vermelho. Minha visão ficou embaçada e meus olhos se encheram de lágrimas.

A Chaeyoung ficou paralisada durante um segundo até entender o que tinha acontecido, seu rosto ficou severo e ela deu um passo em direção a minha mãe.

– Eu vou acab...

Quando ela estava prestes a avançar em cima da minha mãe eu a segurei pela perna ainda caida no chão.

– Chaeyoung vá pra casa, eu estou bem, juro. Olhei pra ela com um olhar suplicante.

– Jisoo, eu não vou deixar você sozinha. Falou trêmula.

– Por favor Chaeyoung, eu vou ficar bem, por favor faça isso por mim. Implorei.

– Jisoo...

A Chaeyoung olhou pra mim fixamente e eu senti a dor nos seus olhos, dor de me ver ser tratada assim pela pessoa que deveria me amar.

Olhou fixamente pra minha mãe como se a ameaçasse com os olhos e foi embora em silêncio.

Fiquei aliviada quando ela foi, não queria que ela visse do quê minha mãe era capaz de fazer comigo.

– Quem te deu permissão pra trazer essa garota pra minha casa? Falou com ódio.

– Desculpa mãe, sinto muito, não vai acontecer de novo eu juro. Falei enquanto tentava me levantar com dificuldades.

Quando fiquei em pé senti outro tapa no meu rosto, mais sangue caiu no piso e eu estava novamente no chão. Dessa vez não consegui segurar e minhas lágrimas cortaram meu rosto com rios de água salgada.

– Sim, com certeza não vai acontecer de novo. Falou perto do meu ouvido.

A maior dor que estava sentindo não era física, meu coração estava quebrado. Eu daria tudo pra ter um beijo de boa noite da minha mãe, um abraço apertado. Apesar de tudo que ela fez eu ainda a amo, com todo meu coração.

Ela segurou meus meus cabelos e me arrastou por toda sala de estar até a escada. Eu não soltei nenhum som, sabia que se gritasse só pioraria as coisas.

– Você vai subir a escada, vai entrar no seu quarto e não vai sair de lá até eu mandar, entendeu? Disse ainda com a mão puxando meus cabelos.

– Sim mamãe. Falei tremendo.

– Agora vá, não quero ver mais seu rosto na minha frente.

Subi as escadas devagar, não conseguia andar direito, minha cabeça e todo meu corpo doia.

Andei até a porta do meu quarto e a abri, entrei lentamente e a fechei atrás de mim.

Tinha guardado tudo dentro de mim a tanto tempo e não aguentei mais segurar, entrei em prantos caída no meio do quarto. Só consegui dormir depois de muito tempo.

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